Cultura Organizacional em Instituições de Ensino
Por André Guadalupe
Na primeira semana de outubro deste ano tive a oportunidade de visitar a cidade de Seattle, em Washington (USA). Uma cidade que de certa forma fica fora do radar dos brasileiros quando se fala de turismo e até mesmo de grupos de educadores que buscam visitar pelo mundo boas práticas educacionais, empresarias e de inovação.
Seattle é uma cidade encantadora e moderna. Fica situada no Noroeste Pacífico dos EUA, é cercada de água, montanhas e florestas perenes e contém milhares de acres de parques. O futurista Space Needle, um legado da Expo Mundial de 1962, é o monumento mais famoso da cidade.
Quem já assistiu minhas palestras sabe que pelo menos uma vez por ano, há mais de 10 anos, passo uma semana pelo Brasil e uma semana fora do Brasil para visitar três tipos de empresas:
Tipo 1: Escolas de Educação Infantil. Já fui, por exemplo, até a Fuji-Kindergarten, em Tokio, no Japão, considerada pela OCDE a melhor escola de Educação Infantil do Mundo, pois busco observar e aprender critérios lúdicos da operação e da cultura dessas instituições.
Tipo 2: Universidades de Referência Mundial. Já fui, por exemplo, a seis das oito universidades que compõem a Ivy League nos EUA, pois busco trazer um pouco do perfil dos alunos que acabaram de ingressar nestas universidades para meus projetos do Ensino Médio, além de estudar suas ações com a rede de Alumni e de como edificam suas culturas organizacionais.
Tipo 3: Empresas Inovadoras e Globais que não necessariamente são do setor educacional, mas que podem servir de inspiração para governança, inovação, operação, liderança, gestão, comunicação e cultura organizacional.
Mas o que me levou a Seattle? Esta última viagem teve por finalidade observar e me inspirar nas boas práticas de incríveis companhias de pensamento global, atuações locais e culturas muito bem identificadas e consolidadas.
Além de visitar a Universidade de Washington, hoje com aproximadamente 60 mil alunos, uma universidade pública de pesquisa fundada em 1861, que além de ser a maior universidade do noroeste americano e uma das mais antigas da costa oeste americana, é a uma das mais prestigiadas do mundo no que se refere ao ensino e a pesquisa, foi visitar os headquarters (sedes mundiais) de cinco das maiores e mais prestigiadas empresas mundialmente conhecidas e reconhecidas pela sua atuação estratégica, presença global, constante inovação e cultura organizacional. São elas: Boeing, Microsoft, Starbucks, Amazon e Nike. As quatro primeiras sediadas na região metroplolitana de Seattle e a Nike sediada em Portland, a 3h de trem de Seattle.
Mas quais são as funções que a cultura exerce em uma organização de ensino? Por que visitar empresas para aprender como eles cuidam deste aspecto? Como uma visita pode trazer insights para o meu colégio?
Pois bem, sempre que volto, volto com a cabeça fervendo de novas, pequenas e grandes ideias, pois além de sair um pouco da operação do colégio, ver ambientes diferentes e inspiradores, conversar com dezenas de pessoas diferentes, ver e ouvir diferentes discursos, aprender com práticas validadas, estudar novas possibilidades, consigo identificar muitos pontos de melhoria e de reforço na operação do Colégio Planck. Tanto em aspectos técnicos, filosóficos, atitudinais e culturais.
Focando na cultura, é ela que define os limites e a coerência nos atos do time. Dá aos membros do time uma sensação de identidade, de pertencer a algo grande, amplo e sério, trazendo motivação e ainda fazendo-os se comprometerem com interesses coletivos. Ela reduz a ambiguidade, determinando exatamente como os trabalhos devem ser executados.
A construção da cultura correta tem a ver com a consistência como geramos e atendemos as expectativas criadas; os exemplos que criamos; as decisões que tomamos; as histórias que recorrentemente contamos; as pessoas que celebramos e promovemos. Pouco a pouco, as pessoas passam a compreender, espelhar e multiplicar o que valorizamos.
A cultura organizacional é baseda em alguns pontos fundamentais para o sucesso: clareza de propósitos, liberdade assistida e alinhada, comunicação sem burocracia, interdependência, e, por fim, generosidade de espírito – que é a “cola” que fortalece as relações e a disposição de todos para treinar, inspirar, incentivar, encorajar, elogiar e respeitar uns aos outros.
Nos próximos artigos vou me dedicar a uma reflexão sobre técnicas de liderança para a construção de uma cultura organizacional de alto desempenho e de inovação.