fbpx
Guia para Gestores de Escolas

Desafiando raízes históricas: A importância da Lei 10.639 e o papel da sociedade na educação antirracista

Em 2023, a Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira, completa 20 anos. Promulgada em um esforço para combater a marginalização histórica da contribuição afro-brasileira à sociedade, essa lei desempenha um papel fundamental na promoção da educação antirracista. No entanto, apesar de suas duas décadas, a relevância e necessidade dessa lei permanecem tão presentes quanto em sua concepção.

O Todos Pela Educação e a Mahin Consultoria Antirracista promoveram, nos dias 27 e 28 de junho, em Brasília, o encontro “Equidade Étnico-Racial na Educação Básica: Desafios e Oportunidades para 2023-2026”, e duas importantes falas foram apresentadas. A primeira, do Diretor Executivo do Fundo Baobá, Giovanni Harvey: “falar do combate ao racismo na educação é falar de desenvolvimento do Brasil. É falar da possibilidade de a gente romper com as amarras históricas e finalmente chegar no país desenvolvido que a gente tanto almeja ser.” E a segunda, da Cofundadora da Mahin Consultoria Antirracista, Ellen da Silva: “a gente precisa entender que a disputa por equidade racial é uma disputa de todo o Brasil. É uma disputa que atende a todos os brasileiros e não deixa ninguém para trás.”

A educação antirracista abrange práticas que buscam combater o racismo nas escolas, ajudando os alunos a identificar e desafiar comportamentos, valores e estruturas racistas. Em um país diversificado como o Brasil, onde o racismo está, infelizmente, enraizado em muitos aspectos da sociedade, essa educação é essencial para formar cidadãos informados, conscientes e empáticos.

Implementar a Lei 10.639 não se trata apenas de ensinar a história africana, ela serve para reconhecer e valorizar a cultura afro-brasileira, desafiando as narrativas eurocêntricas da história brasileira e proporcionando aos alunos uma visão mais completa e inclusiva do passado do país. Além disso, a lei destaca a importância de se ensinar sobre os afro-brasileiros, não apenas como escravizados, mas como agentes ativos e fundamentais na construção cultural, social e econômica do Brasil. Ela permite que os estudantes vejam exemplos positivos e se identifiquem com figuras históricas e contemporâneas de origem africana.

A educação antirracista e a implementação da Lei 10.639 trazem vários benefícios significativos. Primeiramente, promovem o desenvolvimento da empatia e compreensão, à medida que os alunos aprendem a valorizar diferentes culturas e a entender as experiências dos outros. Além disso, capacitam os estudantes para identificar e desafiar o racismo estrutural, uma tarefa essencial para o progresso contínuo rumo a uma sociedade mais justa.

Para aqueles que buscam aprofundar-se no conhecimento da educação antirracista, indico algumas obras importantes:

  1. “Entre o Mundo e Eu”, de Ta-Nehisi Coates: Este livro é uma carta aberta do autor a seu filho adolescente sobre as realidades de ser negro nos Estados Unidos. Ele oferece uma análise profunda sobre como o racismo molda a vida cotidiana e a importância de conscientização e resistência.
  2. “O que é lugar de fala?”, de Djamila Ribeiro: Esta obra destaca a importância da representatividade e das perspectivas dos grupos marginalizados no discurso público e na educação.
  3. “Mulheres, raça e classe”, de Angela Davis: Este livro explora as interseções do racismo, sexismo e classismo, e como essas opressões estão interligadas.

As autoridades, em todas as esferas, têm a obrigação de assegurar que a legislação seja cumprida e de prover os recursos necessários para sua implementação efetiva.

No entanto, é imperativo reconhecer que a responsabilidade não se limita apenas às autoridades. A sociedade como um todo tem um papel crucial nesse processo. Famílias, educadores, mídia, e cidadãos em geral, precisam estar envolvidos e comprometidos em promover uma cultura de inclusão, respeito e igualdade. Cada indivíduo tem o poder de fazer a diferença, seja através de educação contínua, conscientização ou apoio a políticas que promovam a equidade.

Em suma, a Lei 10.639 é mais do que um decreto: é um compromisso com a justiça, igualdade e reconhecimento das contribuições inestimáveis da cultura afro-brasileira ao tecido da nação. A verdadeira mudança virá quando toda a sociedade se unir para assegurar que a educação antirracista seja uma realidade nas escolas e além.

Receba nossas matérias no seu e-mail


    Relacionados