Dica – Brinquedos Educativos
Dicas para Diretores de Escolas
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Matéria publicada na edição 40 | Agosto 2008 – ver na edição online
Brincar e aprender
Por Márcia Correia
Em muitas escolas é comum a utilização de brinquedos no processo pedagógico das crianças. Para alguns professores o ato de brincar é coisa séria e pode ser uma ferramenta para ensinar números, noções de geometria, letras do alfabeto… Para outros, o brinquedo não deve ter a função de educar, mas sim divertir e trazer um momento lúdico para a criançada – fora isso, deixa de ser brinquedo.
De acordo com a psicóloga educacional e psicopedagoga Carmen Silvia Galluzzi, os brinquedos são importantes, desde que desenvolvam o imaginário das crianças. “Os brinquedos que não vêem ‘prontos’, estruturados, são os mais indicados para a criança porque a deixam construir o mundo do faz-de-conta. Contribuem para a formação da personalidade e ajudam a desenvolver algumas capacidades”, pondera.
A psicopedagoga explica que o brinquedo deve se adequar às faixas etárias. “De zero a nove meses, a criança pode brincar com móbiles, chocalhos, brinquedos para o banho. De nove a 12 meses, os brinquedos devem estimular a coordenação motora, além de texturas, formas e tamanhos variados. Já de um a três anos, a criança está mais curiosa, é adequado oferecer jogos com peças de montar e blocos de encaixe”, orienta. Carmen completa que dos três aos cinco anos, os pequenos querem testar a força física, imitam os adultos; por isso, os brinquedos podem ser massa de modelar, tintas, quadro negro, casinha, carrinho. Depois disso, dos cinco aos sete anos, é a fase criativa da criança, que gosta de artesanato, tintas. De sete a nove anos, os brinquedos devem estimular a memória e o raciocínio, os jogos de visualização, como quebra-cabeça, são indicados. “Já dos nove aos 12 anos, as crianças começam a usar a tecnologia, videogames e praticam esportes”, sustenta.
O diretor da escola Estilo de Aprender, Marcelo Cunha Bueno, acredita que os brinquedos não têm função de educar. “O brinquedo não deve ser algo sério. Nem sempre se aprende brincando. Quando ele é educativo, já estão determinadas as funções e como ele deve ser utilizado. Isso limita a criança, porque deixa de ser brinquedo e passa a ser uma atividade, uma obrigação”, diz. Para ele, melhor do que ter brinquedos, é estimular a criança a criar a própria forma de brincar. “Os brinquedos podem surgir com um lápis, uma canetinha, um pedaço de papel. Qualquer objeto pode se transformar na mão de uma criança, basta usar a criatividade”, analisa.
A presidente da Abrine (Associação Brasileira de Brinquedos Educativos), Marta Giardine, afirma que antes de comprar os brinquedos, é importante tomar alguns cuidados, tais como verificar se a criança é alérgica ao produto e se consta o selo obrigatório do Inmetro. “Mas, mesmo que o brinquedo tenha o selo, é preciso entender, principalmente, se o brinquedo é adequado para o momento daquela criança. Além disso, as escolas e os pais devem tomar cuidado com a manutenção do brinquedo. As crianças valorizam um objeto pela estética, se está bonito, colorido. Se não estiver, muitos podem ser reciclados, até mesmo pelas próprias crianças, para que se transforme em novos brinquedos”, aconselha. Ela aponta que a maior parte dos novos brinquedos disponíveis no mercado são imitações de modelos antigos: “Geralmente, são readaptações de outros modelos. Os brinquedos mais simples ainda cativam as crianças, por isso ainda fazem sucesso.”
