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Guia para Gestores de Escolas

Dica — Brinquedos Educativos

Matéria publicada na edição 47 | Abril 2009 – ver na matéria online

Experiência sensorial mais rica para as crianças

Por Rosali Figueiredo

Brinquedos, jogos e livros costumam suscitar nas crianças inúmeras possibilidades de recriar as experiências do dia a dia de forma lúdica, simbólica e imaginária, por meio das quais elas “olham e entendem o mundo”, ensina a pedagoga Maria do Carmo Monteiro Kobayashi, mestre e doutora em Educação pela UNESP. O importante, ressalta, é que elas tenham “autonomia e livre arbítrio para escolher o brinquedo como jogo, pois o sentido do lúdico é brincar com o que se gosta e o que dá prazer”.

“Brincar é importante não apenas para desenvolver o raciocínio, a atenção e a memória, mas exerce uma função terapêutica”, observa, por sua vez, a psicopedagoga Lídia Lacava, especialista também em arte educação e orientadora em cursos promovidos pelo SIEEESP (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo). Lídia destaca que os brinquedos educativos, produzidos em geral com materiais como a madeira, o tecido e o arame, proporcionam uma experiência sensorial mais rica para a criança, pelo tipo de textura, temperatura ou maleabilidade (caso dos tecidos) que apresentam.

Seguindo a linha de desenvolvimento de Jean Piaget, Lídia explica que as crianças, de zero aos dois anos de idade, têm no aspecto sensorial “sua primeira porta de aprendizagem”. “Daí a importância de entrarem em contato com materiais que despertem os sentidos (tato, paladar, audição e visão) e os coloquem numa posição ativa durante o ato de brincar, estimulando a criatividade, a fantasia e o jogo simbólico.”

A psicóloga Roberta Ferrari Rodovalho, coordenadora assistente da Educação Infantil e 1os. anos do Colégio Oswald de Andrade, unidade da Vila Madalena, zona Oeste de São Paulo, tem observado, no dia a dia da escola, que “brinquedos mais artesanais proporcionam um manuseio diferenciado” junto das crianças. “É diferente pegar um carrinho de plástico e outro de madeira, uma boneca de plástico e outra de pano. Um brinquedo artesanal, até chegar à criança, já passou pelas mãos de um artesão, que também estabeleceu uma relação com esse brinquedo, em um outro trajeto, se comparado ao de um brinquedo industrializado, feito por máquinas, em série.”

Roberta Ferrari acrescenta ainda que os chamados brinquedos educativos, especialmente os de formato artesanal, são “mais resistentes” e apresentam “mais detalhes”. “Eu diria que são mais aconchegantes. Além disso, por não contar com tanto aparato tecnológico, estimulam a criatividade, a curiosidade e o raciocínio, portanto, educam”, complementa. Roberta compara uma boneca de pano àquela industrializada, dotada de fala por meio de aparato eletrônico. “Diante desta a criança não precisa criar nada, já com uma boneca de pano, ela cria a fala, a voz e a personalidade daquele ser imaginário.”

Segundo a coordenadora do Oswald de Andrade, os brinquedos educativos e, entre estes, os artesanais, dão um contraponto importante ao predomínio atual da tecnologia. “Essa possibilidade mais artesanal é fundamental para o desenvolvimento humano.” Especialmente entre as crianças, uma vez que “brincar é primordial para a formação da sua personalidade e caráter, da inteligência e sensibilidade”. De outro modo, a psicóloga ressalva que não existe idade para que se estabeleça uma relação de brincadeira com um objeto. Nesse sentido, a psicopedagoga Lídia Lacava destaca a importância da brincadeira em todas as fases da vida, incluindo a terceira idade. “Na verdade, o corpo é o nosso grande canal de aprendizagem, que começa pelo aspecto sensorial nos primeiros anos de vida,  mas brincar não é uma vivência exclusiva da criança”, finaliza Lídia.

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