Dica – Formação intercultural
Matéria publicada na edição 107 | Abril de 2015- ver na edição online
Por Natalia Melo
O ato de ensinar e construir uma formação cultural não depende somente da rasa relação professor-aluno. Depende de uma significativa construção de um convívio direto entre ambos e de uma ferramenta acessível. Dessa forma, a formação cultural do aluno pode e deve estar no alcance das mãos de qualquer ambiente estudantil. Por meio do livro, o aluno consegue contato direto com diversas culturas, aprende de um jeito prazeroso e diferenciado de uma sala de aula, constrói sua própria cultura e forma uma tolerância com o outro.
Ivani Nacked, diretora do Instituto Brasil Leitor, afirma que a partir do momento que o aluno tem seu primeiro contato com o livro e o mundo da leitura, a criança já começa a construir a sua própria cultura: “O livro é uma entre outras leituras que temos desde antes de nascer. Sua presença é tão importante quanto o brinquedo e, como tal, quanto à linguagem que vamos construindo com a criança, permitindo sua leitura e compreensão do mundo que a rodeia. Dessa forma a criança já se torna construtora de sua cultura.”
Além disso, Nacked comenta que a intolerância não tem espaço nos ambientes nos quais os livros estão presentes, como uma biblioteca: “Quando ela convive em ambientes em que os livros possam estar naturalmente nesse espaço e este espaço seja construído e planejado para que possa trazer uma diversidade cultural, estas serão apreendidas com liberdade e a intolerância não terá espaço para ser cultivada.”
No Instituto Brasil Leitor se aprende que o espaço de convívio entre os alunos e os livros é determinante para a leitura se tornar parte do ambiente escolar e consequentemente da vivência diária do jovem. Para Ivani Nacked, as bibliotecas se tornam importantes nesse processo por propiciar um espaço de convivência saudável com a literatura e arte em geral, além de servir como um espaço de livre pensamento crítico: “Para nós, o espaço da biblioteca deve ser um espaço de convivência, de fruição literária e também artística em geral, para que assim o aluno sinta vontade e se empenhe para frequentá-lo. Quando o professor tem esse olhar, as vivências acontecidas dentro da biblioteca têm maiores chances de serem mais completas e mais complexas.”
Com isso, o contato com os livros se trona mais prazeroso e o aluno consegue desfrutar desse fato. O professor pode então utilizar isso como uma ferramenta dentro e fora da sala de aula: “A partir de um planejamento sobre algum tema, a aula, por exemplo, pode ser trabalhada por meio de várias linguagens e com a participação construtiva dos alunos, tendo a leitura como uma das principais linguagens exercidas.”
Dessa forma, os ambientes construídos como a biblioteca e o contato direto com os livros leva ao aluno leitor diferentes culturas e conhecimentos contidos na leitura: “Ressignificando o espaço da biblioteca, propiciando a vivência em diversas linguagens, com uma curadoria literária que dialogue entre essas linguagens e disponibilizando um acervo bem construído e que, acima de tudo, o aluno possa ser partícipe nessa construção trazendo assim significado para ele. Dessa forma a leitura se torna prazerosa e uma porta aberta ao autoconhecimento do aluno na medida em que se torna uma ação natural dentre muitas em sua vida. Sua cultura será naturalmente alimentada pelas novas culturas que serão descobertas.”
O pensamento crítico e cultural pode ser construído pelo meio da leitura. A escola obtém então o papel de ser responsável por produzir um diálogo que traga ao aluno reflexões que o levem a instigar ir em busca de outras culturas. A formação cultural se forma a partir não se esgota com a leitura ela perpetua na sociedade e no histórico social do aluno.