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Guia para Gestores de Escolas

Dica – Playground – Tipos e Modelos

Matéria publicada na edição 106 | Março de 2015- ver na edição online

Playground: Brincadeira em várias formas

Por Rafael Pinheiro

A rotina de uma instituição escolar – seja ela especializada em pré-escola, ensino fundamental ou médio, possui, em seu currículo, um cotidiano denso, repleto de atividades em sala de aula, tarefas, compreensões de aprendizado, lições para casa, leitura, avaliações, trabalhos e uma dose exata (e extrema) de atenção no educador.

Diante de compromissos diários, os olhos dos alunos brilham quando encontram a área de lazer, a brinquedoteca, o playground externo e o principal: a oportunidade de se divertir de forma livre e espontânea, transmitindo uma alegria imediata, além do desenvolvimento de habilidades cognitivas, afetivas e sociais, exercitando a imaginação e a aprendizagem.

Antigamente, antes do século XX, era comum crianças brincarem em espaços abertos ou até mesmo nas ruas. O movimento para a criação de áreas abertas dedicadas exclusivamente à recreação infantil, deu início em Boston, na década de 1880. Já em 1889, uma área aberta equipada com uma pista de corrida e espaços para jogos foi aberta e dedicada para garotos. Dois anos depois, esta área foi expandida, onde foi adicionado uma seção exclusiva para garotas. Na virada do século, a cidade tinha cerca de 21 áreas abertas especialmente para crianças, e logo outras cidades dos Estados Unidos e do Canadá seguiram o exemplo de Boston.

Atualmente, encontramos facilmente áreas de recreação em parques, clubes, condomínios e escolas. Além do bem estar e de todo aspecto positivo e gratificante que os brinquedos instalados nas escolas – externo como indoor – podem proporcionar, é preciso ressaltar a importância de alguns requisitos para os momentos de lazer.

Os modelos variam de acordo com faixa etária, tamanho e cores. Os modelos encontrados no mercado podem variar em modulados, escorregadores, casinhas, gangorras, balanço, trapézios e uma lista gigantesca de brinquedos projetados para playground com o intuito de promover o entretenimento saudável e descomplicado. Os playgrounds podem ser confeccionados em ferro, madeira ou plástico:


Ferro ou aço

Resistentes, possuem a desvantagem de aquecimento se expostos ao sol. Podem apresentar aquecimento excessivo colocando a criança em risco de queimadura. Não devem apresentar sinais de ferrugem.

 

Madeira
Confeccionados em madeira tratada, obtido através de um processo industrial, onde é utilizada a autoclave, cilindro de alta pressão, por onde a madeira passa e são fixados produtos químicos preservantes em ciclos de vácuo e pressão, esses agentes químicos penetram nas fibras da madeira aumentando a vida útil da madeira e agregando proteção contra fungos, insetos e limo. As madeiras devem ser adquiridas dentro do PEFC – Programme for the Endorsement of Forest Certification Schemes, programa de reflorestamento sustentável. Deve-se observar se o tratamento está dentro das Normas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O tratamento com CCA leva arsênio em sua composição, um produto altamente agressivo ao meio ambiente, podendo causar doenças graves. Já o CCB é o tratamento ideal por proporcionar a proteção à madeira sem agredir o meio ambiente, nem colocar a saúde em risco. As superfícies devem ter acabamento liso, livre de lascas, rebarbas ou farpas.

 

Plástico
Fabricados em polietileno retomoldado, plástico atóxico, possuem a vantagem de serem leves e de fácil locomoção. Resistentes, coloridos e de fácil limpeza, possuem tratamento UV para resistir ao desbotamento provocado pelas ações do sol. Deve-se atestar a qualidade de resina aplicada, pois uma de má qualidade pode soltar farpas com as ações do tempo e devem atender aos requisitos de toxicidade e acabamento das Normas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Sirlândia Reis de Oliveira, psicopedagoga e membro diretor da Associação Brasileira de Brinquedotecas, afirma que é muito comum as escolas utilizarem brinquedos multifuncionais. “As escolas aderem a este tipo de brinquedo porque desta forma eles agrupam as crianças, facilitando a supervisão na hora da brincadeira. Neste tipo de brinquedo multifuncional varia de acordo com a necessidade da escola. Geralmente já vem junto a casinha, o balanço, o escorregador, a gangorra e outras partes com interações educativas”.

Segundo a especialista, é preciso que todas as qualidades sejam avaliadas pela escola, “pois muitas vezes encontramos brinquedos resistentes, fáceis de instalar e até seguros, mas não atendem as necessidades do local, do espaço e tempo que as crianças dispõem para brincar. Preciso destacar aqui, a importância de se pensar em um brinquedo que realmente atenda as necessidades da faixa destinada”.
A verificação da faixa etária, citado por Sirlândia, é um dos requisitos relevantes na hora de comprar brinquedos para o parque. É preciso observar a faixa etária de cada brinquedo, embora esta informação seja obrigatória na embalagem e no manual do brinquedo. As pessoas precisam observar esta questão em todos os tipos e tamanhos para a composição do playground.

Outro fator importante é a avaliação e adequação do material que atende as necessidades da escola. “Um brinquedo de plástico, por exemplo, que fica exposto ao sol por muito tempo, pode esquentar muito e incomodar quando a criança for utilizar. O material do brinquedo precisa ser adequado à situação de uso. Embora hoje o mercado disponha de brinquedos de plásticos mais sofisticados e com durabilidade grande, a maioria dos brinquedos tem uma vida útil de aproximadamente 3 ou 4 anos, depois eles começam a desbotar ou apresentar desgastes que podem comprometer a segurança das crianças”, destaca a psicopedagoga.

DIVERSÃO SEGURA

Além dos tipos e modelos, a segurança é fator primordial, seguindo criteriosamente as normas exigidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas. De acordo com a ABNT, a norma NBR 16071-1:2012, define os termos utilizados para playgrounds e aplica-se aos equipamentos para uso em escolas, creches, áreas de lazer públicas (praças, parques e áreas verdes), restaurantes, buffets infantis, shopping centers, condomínios, hotéis e outros espaços coletivos similares: balanços, escorregadores, gangorras, carrosséis, paredes de escalada, playgrounds, plataformas multifuncionais, “brinquedão” (kid play) e redes espaciais.

Baseada em normas inglesas, uma das mais rígidas do mundo, a cartilha das normas indica como deve ser um playground : ângulos dos brinquedos, fixação, tipos de piso e materiais adequados como plástico, aço ou ferro galvanizado e com pintura atóxica e madeira tratada. Pelas normas, todo playground deverá ter um livro de inspeção e um especialista que deverá emitir um laudo técnico a cada ano e o fabricante dos brinquedos terá que colocar uma placa de identificação no local.

Dentre os destaques da norma regulamentada pela ABNT, a área de circulação ao redor do parquinho deve ter, no mínimo, 1,5 metros; parafusos e roscas salientes devem ter acabamentos de proteção; o playground deve ser dividido em áreas, conforme faixa etária das crianças; os cantos dos brinquedos devem ser arredondados; parquinhos de madeira devem ter acabamento liso, livre de lascas ou farpas; é necessário instalar barreiras de segurança ao redor dos brinquedos, para desencorajar as crianças a correr dentro da área do trajeto dos balanços.

O espaço multicolorido que acomoda o entretenimento e a diversão nas escolas propicia um momento único de interligação social, livre de qualquer preocupação ou tarefa pré-estabelecida, garantindo uma boa prática do brincar em toda a sua essência, esquecendo qualquer situação temorosa que possa atrapalhar o brilho de felicidade no olhar de uma criança que se diverte e, consequentemente, aprende de forma sutil, segura e despojada.

Estreitar esse laço entre a brincadeira e a sala de aula é uma forma de fortalecer as engrenagens humanas, acreditar em novas formações dos cidadãos e despertar a emoção da descoberta, da brincadeira e da risada solta. Diversão é a palavra-chave para o futuro! (RP)

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