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Guia para Gestores de Escolas

Dica — Primeiros Socorros

Matéria publicada na edição 48 | Maio 2009 – ver na matéria online

Contra emergências, conhecimento.

Treinamento pode diminuir danos e evitar comprometimentos futuros em casos de acidentes.

 Por Rosali Figueiredo

O que fazer quando uma criança cai na escola e fratura um braço, quando engasga com alimento ou algum objeto ou sofre uma crise respiratória? Diferentes situações ou acidentes podem comprometer a saúde do estudante nas escolas, exigindo habilidade e preparo dos funcionários. “É importante oferecer um treinamento de primeiros socorros, para que haja pessoas com conhecimento e tranquilidade suficiente para organizar o atendimento e evitar procedimentos que possam causar mais dano”, afirma a médica Glaura César Pedroso, pediatra da Unifesp, presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo e coordenadora do Programa Escola Promotora de Saúde do município de Embu.

A médica observa que “mesmo as crianças podem aprender as técnicas e transmiti-las a outras pessoas”. Os acidentes mais comuns observados pela pediatra referem-se às quedas, na faixa etária entre cinco e nove anos.  “Mas isso pode variar, de acordo com as características de cada local.” O Departamento de Saúde Escolar do SIEEESP (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo) aponta que cerca de 40% das ocorrências observadas nas escolas estão relacionadas a acidentes traumatológicos, e entre 25% e 30% a problemas respiratórios (como asma, bronquite, pneumonia e resfriados). As demais atingem perturbações gastrointestinais (diarréia e vômito) e dores em geral.

O especialista Marcos José de Campos Verde, instrutor de Resgate e Emergências Médicas do Centro de Formação de Soldados da Polícia Militar de São Paulo, recomenda que as escolas promovam “treinamentos periódicos e simulações de acidentes para capacitar os funcionários para o acionamento eficiente e um transporte rápido se necessário”. Pós-graduado em Fisiologia do Exercício e mestre em Ciências pela Unifesp, o instrutor pondera que determinadas situações demandam todo um protocolo adequado de ação, como as paradas cardiorrespiratórias. “O curso de reanimação cardiopulmonar dura cerca de 6 horas/aula”, diz. Quando uma criança engasga, por exemplo, “existe uma manobra específica para desobstruir as vias aéreas”. Nos acidentes com traumatismos, é preciso saber imobilizar as articulações e providenciar o imediato transporte ao hospital. Durante um curso de primeiros socorros organizado recentemente pelo SIEEESP em Santos, Marcos José identificou uma preocupação maior das escolas pelos incidentes envolvendo engasgamento, convulsão e fraturas.

O Colégio São Domingos, localizado no bairro de Perdizes, em São Paulo, realizou no começo deste mês seu “II Curso Viver de Primeiros Socorros”, junto a professores, funcionários e alunos. “Voltamos a oferecer o treinamento pela necessidade que as escolas têm de que a primeira intervenção não prejudique o acidentado”, afirma Sílvio Barini Pinto, diretor do colégio, que possui 650 alunos, da Educação Infantil ao Ensino Médio. O curso foi ministrado pela enfermeira Vanessa Grandin, especializada em urgências e emergências, funcionária do São Domingos. Segundo ela, acostumadas “a lidar com crianças saudáveis”, as escolas são “um ambiente leigo em primeiros socorros”. “Assim precisamos de um processo de educação em saúde para qualificar nossos profissionais para atender em uma situação de emergência”, afirma.

A médica Glaura Pedroso lembra que há procedimentos complexos dependendo do caso e sugere às instituições o estudo de obras de referência na área, como o Manual de Prevenção de Acidentes e Primeiros Socorros nas Escolas, editado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. O material está disponível no endereço eletrônico http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/saude/crianca/0005/Manual_Prev_Acid_PrimSocorro.pdf . O próprio SIEEESP disponibiliza dois vídeos com orientações em casos de acidentes e de doenças infectocontagiosas, também disponíveis na internet (respectivamente nos endereços

http://www.sabertv.net/portal/mediacenter/view/333/primeiros-socorros-na-escola/ e

http://www.sabertv.net/portal/mediacenter/view/157/doenas-na-escola/). Os vídeos foram produzidos com o médico Marun David Cury, responsável pelo departamento médico do SIEEESP e que atua com saúde escolar há 26 anos.

 

O que fazer?

A seguir, a pediatra Glaura Pedroso recomenda algumas ações de primeiro atendimento em casos de acidentes:

Picadas de insetos: se o ferrão estiver presente, remova-o imediatamente. Lave bem o local da picada com água e sabão, aplique compressas frias e úmidas no local da picada. Se houver qualquer reação, leve a criança ao serviço médico. Em caso de picada de carrapato, retirá-lo delicadamente. Se ele não se desprender com facilidade, não se deve puxá-lo. Se necessário, cubra-o com vaselina ou éter para depois puxá-lo.
Traumatismos motivados por quedas: é preciso avaliar a intensidade e o mecanismo do trauma. Quedas com altura maior que 1,50 m, ou que levem a criança a bater com violência, principalmente quando atingem a cabeça e a coluna, requerem atendimento por serviço de emergência, com imobilização apropriada. Não se deve movimentar a criança, apenas acalmá-la e esperar o serviço médico.

Quadros alérgicos: devem ser tratados pelo serviço de saúde ou, se a criança já for acompanhada, segundo orientação de seu médico. Em caso de inchaço ou falta de ar, deve-se chamar o serviço médico de emergência. E somente desligar o telefone quando autorizado, após as orientações necessárias.

O instrutor Marcos José de Campos Verde observa que nas situações de paradas cardiorrespiratórias, o correto é também acionar o Serviço Médico de Emergência e aguardar as orientações. Contatos com o especialista podem ser feitos por meio do endereço [email protected].

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