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Guia para Gestores de Escolas

Dica – Robótica

Matéria publicada na edição 114 | Dezembro/Janeiro 2016 – ver na edição online

Ciência e Tecnologia na Escola

Por Rafael Pinheiro

O mundo contemporâneo absorve, diariamente, um leque gigantesco de possibilidades, desafios, resultados e expectativas. Vivemos, através da era digital, buscando mecanismos e progressos que possam, de fato, nos lançar a um patamar elevado, de destaque especial e de conhecimento amplo, específico e motivador.

No currículo pedagógico – tanto para o ensino fundamental como para o ensino médio – algumas alterações começam a trilhar novos horizontes, percebendo anseios diferenciados, métodos pedagógicos pautados pela prática e olhares atentos aos desdobramentos que ocorrem nas salas de aula.

A robótica inserida no plano educacional contempla alguns eixos, como: ferramenta multidisciplinar, desenvolvimento, tecnologia, integração e programação. “A prática da robótica contribui para o desenvolvimento cognitivo e emocional do aluno. Em termos cognitivos, por permitir que o aluno desenvolva o seu conhecimento empírico da realidade física e, concomitantemente, por sistematizar esse conhecimento em modelos mais elaborados e generalizantes até que possa comparar com as teorias estudadas na escola”, diz Luís Rogério da Silva, diretor da Comphaus Educacional, que responde por cursos de robótica em várias escolas tradicionais de médio e grande porte, através de seu programa Robótica Brasil.

Assim, conta Luís, através da experiência proposta pelos desafios da robótica, também fatos e conceitos não abordados no ensino básico, podem ser estudados: os alunos instigados pelo problema a ser resolvido pelo robô em sua arena de trabalho (cenário em que deve fazer a tarefa para o qual foi programado) buscam soluções e realizam aprendizagem significativa sobre os temas em que se debruçam, muitos desses temas pertinentes a estudos mais avançados.

Em termos emocionais, “a robótica contribui em duas direções do desenvolvimento da personalidade e do desempenho interpessoal, ambas direções por estimularem a criança e o jovem a buscarem estratégias para superarem restrições: a que se refere ao trabalho em grupo e a outra que se refere ao trabalho com recursos escassos”, afirma o diretor. A atividade de construção de um produto coletivo exige concessões e capacidade de cumprir diferentes papeis, da mesma maneira que faz o grupo compreender a noção do ótimo como função dos requisitos disponíveis para o projeto, que serão os recursos realmente a serem empregados.

A educação robótica tem por característica a existência de um ambiente de aprendizagem onde o aluno pode montar e programar um robô ou sistema robotizado. Essa aprendizagem acontece na sala de aula através da utilização de kits de robótica compostos por robôs ou conjuntos de peças, motores, sensores, software de programação e controle.

Por tratar-se de uma aula multidisciplinar, a robótica estimula os alunos a buscarem soluções que integram conceitos e aplicações de outras disciplinas envolvidas, como matemática, física, mecânica, eletrônica e informática. Além, é claro, do conhecimento de forma total e intensa, a partir de situações reais, utilizando ferramentas tecnológicas, deixando o aprendizado mais atrativo.

Para o professor Pedro Borges, do Colégio Marista de Brasília, a robótica trata diversos assuntos de uma maneira descontraída e inovadora. “Acredito que os alunos conseguem desenvolver suas habilidades muito mais naturalmente através da robótica”. A faixa etária para introduzir noções de robótica, segundo o professor, “seria a partir do sexto ano do ensino fundamental, mas pode ser inserida antes sem grandes impactos”.

Aliando a teoria e a prática, a robótica é capaz de desenvolver nos alunos alguns conceitos, como autodesenvolvimento, capacidade de solucionar problemas, senso crítico, integração de disciplinas, exposição de pensamentos, criatividade, autonomia e responsabilidade. Nesse contexto, a interação prática e a metodologia de ensino são dois fatores relevantes para a apreciação da aula – tanto para quem ministra como para quem assiste.

O diretor da Comphaus Educacional acredita em duas vias que podem ser adotadas nas escolas. Uma delas é chamada de robótica pedagógica e permite com que a prática da robótica sirva para exemplificar, esclarecer os conceitos apresentados no currículo tradicional (os que se costuma apresentar na matemática e na física) e motivar, portanto, os alunos.

Uma via mais recente, decorrente dos estudos mais atuais da robótica, “apresenta aos alunos, desde cedo, sem preocupação na divisão etária, os problemas típicos de um robô que tem de superar obstáculos do seu cenário de trabalho para conseguir realizar a sua missão. Essa é a robótica que inclui a gamificação, as competências típicas necessárias para a computação, para a eletrônica e para a mecânica. A via mais recente aproxima a escola dos novos ambientes de trabalho e introduz nesse ambiente escolar as bases de gerenciamento de projetos”, ressalta Luís.

EXPERIÊNCIA PROVEITOSA

Os alunos do 8º ano C, da EMEF Prof. Luiz Silvar do Prado, no bairro Casa Branca, em Caraguá, iniciaram suas aulas de robótica, que integram as oficinas sobre o assunto, ministradas na unidade escolar para alunos do 6º ao 9º ano, no mês de setembro deste ano. Na oficina, realizada graças a uma parceria entre a Prefeitura de Caraguá, por meio da Secretaria de Educação e o Instituto Federal, os adolescentes foram apresentados ao Lego Mindstorms, linha de montagem de robôs; ao programa Scratch, para desenvolvimento de games; e aos microscópios portáteis para exploração de materiais.

Na montagem do robô, os estudantes puderam ver, na prática, a aplicação da Matemática, pois depois de pronto, o aparelho automático em forma de veículo é capaz de detectar cor, forma e área de objetos. A introdução à lógica da programação e criação de jogos para computador foram vistos por meio do programa Scratch e os microscópios desvendaram as texturas e formações, além da visão a olho nu.

A secretária de Educação, Roseli Morilla, acompanhou as atividades e ressaltou a importância da tecnologia para complementar as ações da escola, como também instigar a criatividade e propor desafios às crianças e aos adolescentes. “Nessa fase, eles têm sede de conhecimento e de buscar novidades. A proposta é levar aos nossos alunos um leque de possibilidades”.

A robótica educacional estabelece um contato direto com componentes eletrônicos, desafios lógicos e tecnológicos, permitindo criar novas perspectivas e pensamentos, produzindo soluções que resolvam problemas na fronteira do desenvolvimento tecnológico e econômico. Além de promover e instigar o conhecimento sem limites e a descoberta de suas aptidões por ciência e tecnologia. (RP)

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