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Guia para Gestores de Escolas

Dicas importantes para a elaboração do cardápio escolar

Preceitos dietéticos judaicos, rendimento escolar e intolerâncias alimentares devem ser uma preocupação para a nutricionista

O cardápio mensal do Peretz é algo que demanda muito cuidado, sobretudo o do Ciclo Infantil. Afinal de contas, essas crianças passam, muitas vezes, mais tempo na escola do que em seu próprio lar.

Apesar de acreditar que a educação alimentar e os exemplos vêm de casa, penso que não podemos “deseducá-los”. Além disso, é nessa fase que se constroem os hábitos alimentares, então a responsabilidade da nutrição é enorme.

A elaboração dos lanches intermediários (manhã e tarde) precisa garantir o aporte de energia, proteína, vitaminas e minerais, além de hidratação, e precisamos levar em conta que existem crianças com gostos e necessidades distintas, por isso é importante avaliar o que será servido para não a diferenciar dentro do grupo.

Diante do exposto, a Nutrição busca encaixar, então, um carboidrato para garantir energia e atenção às aulas, uma proteína, que é de onde vêm os aminoácidos, as moléculas responsáveis pelo crescimento dos tecidos e recuperação de machucados, e uma fruta para fornecer vitaminas e minerais. Damos também o suco de fruta como opção, para quem não come a fruta ‘in natura’.

O carboidrato, na maior parte das vezes, vem no formato do pão, que varia entre o branco e o integral, pois tencionamos que os produtos integrais façam parte de sua dieta desde cedo. Eles são mais ricos em fibra, vitaminas e minerais, auxiliando também no bom funcionamento do intestino. O pão, em alguns momentos, é substituído por tapioca, pão de queijo, esfiha e biscoito integral.

A proteína também é variada, pode ser queijo ou requeijão, até porque o excesso de laticínios pode induzir a superprodução de muco, então, em épocas de resfriados e gripes, ele pode agravar a situação. Em seu lugar, coloca-se como alternativas o ovo e o atum.

Quanto à fruta, procura servir as da estação, pois, dessa maneira, elas estão frescas e não precisam de tanto agrotóxico para vingar.

Outra questão no planejamento do cardápio do Peretz é a cashrut (leis dietéticas judaicas) já que se trata de um colégio judaico. Dessa maneira, não se mistura na mesma refeição carne e frango com derivados de leite. Isso é benéfico no final das contas, já que cálcio e ferro competem no intestino pela absorção, e não é interessante “nutricionalmente” oferecermos alimentos fontes de ferro (carne e frango) junto com alimentos fontes de cálcio (leite e derivados).

Há de se ressaltar que, nas festas judaicas, pratos típicos das comemorações são incorporados ao lanche. Faz parte da tradição e não é difícil de ser feito! Assim, pela alimentação, os pequenos observam os costumes familiares, e as professoras podem ensinar o porquê daquele prato, o que torna o lanche um momento especial. Em Chanucá, Festa das Luzes, quando celebramos o milagre de o óleo do Templo ter durado mais que o esperado, e as receitas são à base de óleo, temos os sonhos. Em Shavuot, atentamos para o período em separar a carne do leite (um dos mais rigorosos da cashrut), e servimos sorvete, o que é muito apreciado!

Outro fator levado em conta pela área de Nutrição é o de respeitar as intolerâncias alimentares que alguns alunos possuem, não os discriminando. Isso é feito servindo uma opção próxima a do cardápio tradicional, como, por exemplo, no caso do pão de queijo tradicional, em que a lactose é substituída e não se nota a “falta” desse ingrediente.

Outro cuidado que a Escola tem é o de estimular os pequenos a incorporarem novos alimentos tidos por eles como desconhecidos ou, inicialmente, não tolerados. Esse trabalho é feito de diversos modos: pode ser por meio da observação — quando o pequeno vê os coleguinhas comendo ou comentando sobre algum alimento que não está acostumado ou não faz parte de sua prática alimentar, ele, naturalmente, fica intrigado e tenta provar. Assim, na maior parte das vezes, acaba somando esse alimento aos seus hábitos. Lançamos mão de outra técnica, que é a de colocar dois elementos em suas diferentes formas expostas em um cantinho, assim a professora convida a turma a ver como é tal alimento e os modos de ser degustado, como a beterraba, por exemplo.

Gostaria de compartilhar uma mudança no Colégio em relação ao almoço. Há um ano, durante essa refeição, servíamos suco. Segundo Daniela Cyrulin, nutricionista da Escola, as crianças se fartavam de suco e não comiam direito. “Há uma frase que uso muito e na qual acredito: Se tem sede, tome água. Se tem fome, coma fruta”.Ela conta: ” Assim, eliminamos o suco da hora do almoço, deixando somente a água mineral. Como resultado, as crianças estão comendo muito melhor e ingerindo bem menos açúcar na hora do almoço, o que é ótimo, pois o rendimento das aulas após essa refeição aumentou muito. Os alunos estão mais atentos! Essa foi uma transformação muito positiva e quis dividir com vocês!”

E, por último, deixa três dicas para os responsáveis pelo lanche dos pequenos:

1- Cuidado com os alimentos industrializados. Leia sempre o rótulo, se em um dos três primeiros elementos contiver açúcar ou um derivado, opte por outra coisa, por causa do efeito rebote;

2- Tente introduzir uma fibra, fruta, castanha, ou fruta seca. Isso faz com que a glicemia fique estável e, consequentemente, o rendimento melhor;

3Preste atenção ao suco industrializado. Dê preferência ao natural, água, ou água de coco.

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