Educação Digital 4.0
Colunas e Opiniões
Ao longo de todo o decurso da evolução de nossa espécie, desafios foram os motores de propulsão para o nosso desenvolvimento humano e, entenda-se aí, a capacidade de mobilizar competências que criam valores, habilidades e conhecimento teórico, além de sermos capazes de compartilhar informações por diferentes formas de comunicação. Isso tudo se resume em um termo: conhecimento.
Neste momento não é diferente. Temos consciência de que se trata de um desafio intenso cujo impacto em todas as esferas da sociedade será sentido. No entanto, o tamanho da oportunidade é diretamente proporcional ao tamanho do problema! De fato, não existe um problema ‘a priori’, e sim como cada um de nós interpreta uma situação e lhe dá os contornos de um problema.
A palavra problema tem origem no grego, com o prefixo pró, que significa ‘diante, à frente’, seguido do sufixo ‘bállein’ que quer dizer ‘pôr, colocar, lançar’. Daí o sentido de algo que precisa ser transposto e, ao resolvermos um problema, construímos novos conhecimentos.
Afirmo que a educação enquanto campo de aplicação de conhecimentos e as escolas não serão mais as mesmas depois da superação da crise gerada pelo novo coronavírus, e os gestores e educadores também não.
Diante da impossibilidade de atividades educacionais ocorrerem presencialmente em milhares de escolas brasileiras, inúmeras competências estão sendo desenvolvidas pelos docentes, tanto os que já têm domínio sobre gestão remota digital de ensino-aprendizagem, quanto para todos aqueles que em um período curtíssimo de tempo estão aprendendo novas formas de serem autores tecnológicas, mediadores remotos e auto-pesquisadores, já que o aprimoramento em cada passo se faz indispensável. A isso se pode chamar de uma revolução por inovação disruptiva, que alcançará praticamente todas as escolas da Educação Básica (para não tratar aqui da Educação Superior presencial, que também não ficará fora disso).
Nesses tempos é preciso recorrer a bases científicas de conhecimento derivado de pesquisas e aplicações estudadas e é neste contexto que a Educação Digital se fará definitivamente presente em nosso cotidiano, trazendo uma nova e grandiosa oportunidade para os profissionais da educação aprimorarem seus conhecimentos teóricos e práticos e para as escolas finalmente se posicionarem no ‘presente do futuro’ (esta conjugação de verbo é de minha autoria e me responsabilizo por isso).
Se a escola, o gestor, o especialista e o educador não despertarem para este novo tempo, serão deixados para trás, e não vai ser culpa de ninguém, coisa dos tempos. Se é duro ouvir isso, mais difícil ainda será usar de franqueza onde com certa facilidade se pode ser criticado. No entanto, corre-se este risco aqui, afinal se houver engano, ao menos um alerta bem-intencionado não representa um mal em si, mas gesto de cuidado sincero. Foi-se há muito o tempo em que a escola se sustentava unicamente em sua credibilidade e singularidade como templo do saber. O saber não está mais somente na escola, mas no mundo, e este novo mundo adentra a escola todos os dias, pelos pezinhos de nossas crianças. A escola precisa urgentemente se reinventar, sem máscaras, sem fachadas, sem arrogância. A transparência é coisa desses tempos e sem um projeto honesto, voltado no presente para o futuro, uma escola não se sustentará por muito tempo. Se isso é assustador é também a oportunidade que a conjuntura atual, duradoura em sua constante inovação, apresenta à renovação institucional e de cada profissional sério que se dedica à educação.
O texto acima foi escrito em maio de 2012. Algo profético ou apenas uma visão de fronteira que se descortinava há oito anos?
Independentemente da resposta estamos diante de uma nova e grandiosa oportunidade para rever o papel e o posicionamento de cada escola brasileira, pois daqui para a frente os séculos XIX, XX e XXI finalmente se encontrarão na Educação Digital 4.0.