Educação, que bicho é esse?
Às vezes dócil, outros selvagem.
Às vezes tímido, outros extravagante.
Às vezes despretensioso, outros presunçoso.
Às vezes agradável, outros descortês.
A Educação é um “bicho” misterioso, que por mais metodologias e pesquisas, ainda caminha a passos lentos para uma única equação, nos sinalizando que por inúmeros caminhos podemos alcançarmos os mesmos propósitos.
Avançamos?
Claro que sim!
A amorosidade, a particularidade, o protagonismo e tantos outros adjetivos não estão mais em discussão. É fato verídico e necessário que estejam inseridos em todos os processos de ensino-aprendizagem de todas as faixas etárias, no ensino público ou privado, e independente da metodologia, sistema ou recursos que temos para oferecer.
E nos últimos tempos, este pensar pulsante e afetuoso, entrou dentro de nós de forma avassaladora, rasgando nossas entranhas e nos fazendo pensar: afinal de contas, que bicho é esse chamado Educação?
Percebemos o quão estamos atrasados em enxergar a necessidade desta transformação que já vinha sido sinalizada, mas que neste momento se faz presente para que possamos continuar.
Uma educação inerte que praticamente não teve avanço significativo nas últimas décadas se viu fora do eixo, totalmente vulnerável, se fez presente no cotidiano, entrou sem pedir licença na casa das famílias e se viu obrigada a exercitar sua adaptabilidade.
O que parecia ser algo inusitado, uma valorização repentina da escola como instituição e do educador como elemento essencial para o processo, com o passar do tempo encontrou a insatisfação, a intolerância, o senso de imediatismo e uma porção de discussões fúteis sobre o que perdemos ou deixamos de aprender.
As falas foram ficando ríspidas, os pais “entendedores”, e novamente saímos do foco do aluno e nos direcionamos para o negócio educação.
Vamos concedendo aqui, ora acolá e nos perdendo do essencial para o processo que envolve perdas e ganhos, erros e acertos, e hoje, mais do que nunca, se faz um pensar necessário para o processo.
Ele, o processo, é tão ou mais importante para o despertar de um ser criativo, inspirado e adaptável.Reconhecer que erramos, aprender com os erros, analisarmos o caminho, respeitarmos o percurso e todas as suas implicações é fundamental para seguirmos em frente.
Nunca se valorizou tanto o processo desta construção remota, híbrida, ativa, fluida e criativa como nos últimos tempos.
E ele, o processo, é justamente o que mais importa.
E neste percurso nos deparamos com tantas surpresas, nos deparamos com nossas fragilidades, e nosso mais profundo desejo de alcançarmos o modelo ideal, que respeite 100% as individualidades.A busca desta Educação transformadora está nas pessoas, e enquanto não entendermos que somos seres completamente misteriosos, com particularidades surpreendentes e passíveis a todos os tipos de inquietações, estaremos apenas divagando na ideia de um progresso.
Falar dos processos de forma eficaz significa nos desnudarmos dos julgamentos e trazermos as crianças para uma educação de afeto, relacional e integral. Pensando em todas as vertentes, linguagens e infinitas possibilidades, só consigo chegar a conclusão de que, realmente, a Educação é um “bicho” estranho.