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Guia para Gestores de Escolas

Educar para um mundo novo ou para um novo mundo?

Por Fernanda King

Um dos desafios dos educadores na atualidade é como orientar e como lidar com a tecnologia. Ao mesmo tempo que a Inteligência Artificial (IA) pode facilitar nossas vidas, ela traz inúmeras questões – inclusive o aumento da desigualdade no mundo. E cabe a quem educa fazer pensar, refletir e entender como podemos fazer um uso consciente dos recursos que a modernidade nos traz.

Recentemente, um caso marcante teve destaque na mídia: um colégio da Zona Oeste de São Paulo decidiu suspender 34 alunos que estariam envolvidos na administração de um grupo de WhatsApp usado para fazer apologia ao racismo, à homofobia, à misoginia e perseguição contra calouros. Posteriormente, 4 deles foram expulsos. No ano passado, em uma escola tradicional do Rio de Janeiro, adolescentes utilizaram IA para criar imagens íntimas de meninas – caso que também veio à tona e trouxe esta ampla discussão para a pauta dos gestores escolares.

De forma conceitual, a IA refere-se à capacidade de uma máquina ou sistema computacional de realizar tarefas que normalmente exigiriam inteligência humana, como aprendizado, raciocínio e solução de problemas. Daí já surge um outro questionamento: até que ponto isso nos ajuda ou torna nossos cérebros mais preguiçosos? Haja sabedoria para achar a medida certa da utilização destes recursos!

A IA tem o potencial de revolucionar muitas áreas da vida, mas também levanta questões éticas e sociais importantes, como a privacidade, a segurança e o impacto nos empregos. Preparar os alunos para o uso consciente da tecnologia é fundamental para garantir que eles usem as ferramentas digitais de forma segura, responsável e eficaz. Por isso, separei sete dicas para ajudar a preparar os alunos, as famílias e os professores:

Conscientização sobre os riscos: Inclua a educação digital no currículo escolar, discuta os riscos associados ao uso da tecnologia, como cyberbullying, vírus e fake news. Ensine os alunos a usarem as redes sociais de forma responsável, respeitando a privacidade dos outros e evitando a disseminação de informações falsas.

Use linguagem simples: Explique a IA de forma clara e objetiva, evitando termos técnicos complexos; utilize recursos visuais como imagens, vídeos e diagramas para ajudar as crianças a entender melhor, especialmente se forem pequenas.

Foque nos benefícios: Destaque a parte boa da tecnologia e como ela pode ajudar a resolver problemas do cotidiano. Na maioria das vezes quem assusta as crianças são os adultos.

Habilidades de pensamento crítico: Desenvolva habilidades de pensamento crítico com os alunos, para que eles possam avaliar a credibilidade das fontes online e identificar informações falsas ou enganosas.

Prática, aplicação e avaliação: Forneça oportunidades para os alunos praticarem e aplicarem suas habilidades digitais de forma consciente e responsável. Acompanhe e avalie o progresso dos alunos em relação ao uso consciente da tecnologia, fornecendo feedback e orientação quando necessário.

Colaboração e engajamento familiar: Colabore com os pais para garantir que os alunos estejam usando a tecnologia de forma consciente e responsável em casa e no ambiente escolar. É dever da escola oferecer momentos de capacitação não só para os educadores, mas também fomentar rodas de conversa com as famílias – afinal, elas são a base da formação dos alunos.

Atualização contínua: Atualize-se regularmente sobre as últimas tendências para garantir que os alunos estejam preparados para o uso consciente da tecnologia. Além disso, tenha um bom departamento jurídico ou um bom consultor desta área que possa orientar a instituição sobre as mudanças na legislação e sobre as providências a serem tomadas em caso de contratempos.

Aliás, contar com a ajuda de especialistas para que sua instituição esteja sempre atualizada, seus professores motivados e as famílias engajadas é o investimento mais inteligente que um gestor pode fazer. Ninguém é especialista em tudo e ninguém tem que dar conta de tudo sozinho. Então lembre-se que muitas vezes o “santo de casa não faz milagre”. Chame profissionais que te auxiliem nessa jornada!

Estes investimentos em formação e em eventos podem ajudar – e muito – a prevenir situações como as que citamos no início do texto, que aconteceram em escolas conceituadas, mas que, apesar disso, talvez não tenham investido de forma correta na prevenção. Lembrando que isso não é garantia de evitar totalmente os problemas, mas é uma forma de mostrar o quanto a escola se preocupa com estas questões e valoriza os profissionais, os alunos e os familiares.

Para finalizar, vale lembrar que a IA é o futuro, mas o futuro já está aqui. Resta saber se estamos prontos para ele. A IA está mudando o jogo, mas os humanos precisam ditar as regras. Se queremos ter um mundo melhor, temos que participar ativamente desta mudança, usando a tecnologia como aliada e não fazendo dela uma vilã. E, como sempre, tudo começa pela EDUCAÇÃO!

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