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Guia para Gestores de Escolas

Empreendedorismo na escola: preparando os estudantes para as necessidades contemporâneas

Por Rafael Pinheiro / Fotos Divulgação

Protagonismo, proatividade, desenvolvimento (pessoal e coletivo), resolução de problemas e autonomia – essas características ganham centralidade na atualidade, sobretudo a partir das mudanças que despontam no sistema educacional. Dessa forma, novas dinâmicas adentram as salas de aula, como por exemplo a educação empreendedora, com o intuito de expandir os conhecimentos e as competências dos estudantes para um mundo em constante transformação

Na contemporaneidade, observamos, cada vez mais, alterações significativas ganhando forma no sistema educacional. Nos últimos anos, em especial, as discussões acerca da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – e seus respectivos conhecimentos, competências e habilidades – bem como o Novo Ensino Médio, que adentra gradativamente as salas de aulas, ressaltam a urgência em (re)formular a educação e, consequentemente, preparar os alunos e as alunas para os desafios e as dinâmicas que emergem no século 21.

Nesse sentido, trazemos, neste especial da Conversa com o Gestor, a temática do empreendedorismo e as suas reverberações no contexto escolar. Para ampliar o leque de discussões, consultamos especialistas, diretores/as e profissionais que atuam em diversas áreas da educação, e questionamos: Qual a importância de trabalhar aspectos do empreendedorismo no contexto escolar e como inserir a temática do empreendedorismo no cotidiano das instituições de ensino?

Ceciliany Alves Feitosa

“Inserir o empreendedorismo no currículo escolar, numa perspectiva transversal e multidisciplinar, contribui com o desenvolvimento humano e integral para a construção de valores éticos e comprometidos com o bem comum. Na escola, o empreendedorismo ganha camadas que ampliam as suas dimensões para além do foco no sucesso profissional, com fins meramente lucrativos ou associados apenas ao desempenho individual. A escola é o lugar do coletivo. Complementa e amplia o espaço familiar, oferecendo a riqueza da diversidade e a oportunidade do exercício da cidadania de forma colaborativa e integradora.

Quando abordamos o mundo do trabalho na escola devemos considerar que, de acordo com estudos recentes, mais de 80% das profissões que estarão em voga nos próximos 10 anos ainda não existem. Todavia, essa informação não pode ser transmitida aos nossos alunos de uma forma descontextualizada ou ameaçadora e, sim, como uma grande oportunidade para o desenvolvimento do seu Projeto de Vida, como resposta aos anseios pessoais e coletivos. Para tanto, é necessário que o currículo assegure o desenvolvimento das competências socioemocionais como ‘criatividade e pensamento crítico’, fundamentais no processo de amadurecimento das ideias e elaboração de respostas aos problemas da atualidade.”

Ceciliany Alves Feitosa – Diretora Educacional da FTD Educação

José Carlos Barbieri

“Abordar o empreendedorismo desde cedo é fundamental para a formação de futuros profissionais. Nas escolas, o empreendedorismo nada mais é que estimular a proatividade do aluno. Sempre que ele enfrenta um problema, é preciso incentivá-lo a buscar as soluções possíveis. A escola tem que proporcionar atividades baseadas em projetos, como feirinhas que proporcionem a oportunidade de administrar um negócio, ainda que fictício. Outra forma de plantar a semente do empreendedorismo é trazendo empreendedores que contem aos estudantes suas histórias e apresentem detalhes sobre esse outro lado em que, um dia, o aluno estará inserido. Isso ajuda a modelar o pensamento crítico das crianças e adolescentes e serve como estímulo para que eles busquem aproveitar as oportunidades.

Algumas das características mais importantes para um empreendedor que a escola pode ajudar a desenvolver de diversas formas são: motivação, otimismo, excelência, criatividade, comunicação, resolução de problemas, disciplina, autoconfiança, capacidade de trabalhar em equipe, persistência e respeito.”

José Carlos Barbieri – Conselheiro do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR) e reitor do Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV)

Susan Clemesha

“O ensino do empreendedorismo vai além do tema ‘empresas e criação de empregos’ e estimula o jovem a desenvolver uma atitude e consciência empreendedora ao participar e realizar projetos educacionais disciplinares e interdisciplinares, bem como na organização e rotina de estudos para ingresso em universidades. O tema possibilita reflexão, autonomia, protagonismo juvenil e capacidade de escolha diante do cenário de um mundo real exigente e com muitas variáveis que precisam ser analisadas para tomadas de decisões. Isso exige trabalho em equipe, diálogo assertivo e capacidade de realizar projetos dentro de um orçamento com prazo de entrega.

A adoção do empreendedorismo no cotidiano das instituições de ensino reflete uma nova forma de educar, mais alinhada com um mundo em constante transformação e onde a tecnologia e a resolução de problemas com ações mais participativas têm um papel cada vez mais fundamental no dia a dia. Abordagens de aprendizagem como Design Thinking, Gamificação, PBL – Aprendizagem Baseada em Projetos e Aprendizagem Invertida podem ser utilizadas como ferramentas para inserir o empreendedorismo na rotina escolar.”

Susan Clemesha – Diretora Acadêmica da Sphere International School 

André Cardoso

“O universo da educação mais do que converge com o cenário do empreendedorismo, ele se mistura. A temática do empreendedorismo sempre esteve presente, pois a escola é o espaço do reconhecimento de si, da reflexão, da observação dos fenômenos, das questões sociais e da busca por um entendimento que leve à solução de problemas. Portanto, a escola com o olhar no século XXI tem o desafio de identificar os lapsos nessa estrada que conduz o jovem à essência empreendedora e criar estratégias concretas e alinhadas a um mundo em que o devir é constante e, muitas vezes, intimidador.

Detectar situações do cotidiano e propor aos alunos que as problematizem e resolvam os desafios, criando soluções, não só em âmbito político, social, cultural, ambiental, mas também no mundo dos negócios, é a vivência que consideramos útil aos estudantes. Sob essa perspectiva, projetamos o Novo Ensino Médio. Teremos, além de empreendedores convidados dividindo suas histórias, espaços de aula que proporcionam essas experiências, com simulação do processo de criação de startups, considerando todas as etapas, para os alunos utilizarem o conhecimento acadêmico na criação de soluções aplicáveis no mundo real.”

André Cardoso – Diretor de Operações da Rede Evolua – Colégio Palmares

Teresa Daltro

“A prática do empreendedorismo é importante, pois propicia o desenvolvimento de habilidades empreendedoras, como a capacidade de enxergar oportunidades, propor soluções, proatividade, confiança, entre outras. Por isso, inserimos o empreendedorismo na grade escolar. Uma vez por semana, o aluno tem aulas com uma docente especializada em empreendedorismo e, ao término do ano, há a escolha do melhor projeto empreendedor, com direito a premiação. Trata-se da Feira do Empreendedorismo, uma parceria que a instituição tem com o Sebrae onde os alunos expõem e vendem as suas ideias e os produtos desenvolvidos por eles.

No ano de 2020, os projetos campeões foram os dos alunos Rafael Pietro, do sétimo ano, com o projeto AnimeSe, com vendas remotas de camisetas personalizadas com o anime preferido do cliente; e a dupla Alana Alves Cabral e Ynaya Alves Pereira, também do sétimo ano, que criaram o Projeto YAviagens, uma agência de turismo com pacotes temáticos personalizados.”

Teresa Daltro – CEO e OWNER da Rede Daltro Educacional 

Marília Teofilo Lima Pessoa

“Nesse novo mundo em que vivemos, novas habilidades precisam ser desenvolvidas desde cedo nas crianças. A criatividade, a inovação, a capacidade de lidar e resolver problemas, o autoconhecimento e a responsabilidade social são algumas dessas habilidades indispensáveis para a geração do futuro. Mas como ensinar tudo isso? Sou mãe de cinco e sinto o peso da responsabilidade de preparar verdadeiramente eles para o futuro. Acredito que o empreendedorismo é a chave para preparar nossas crianças para o que vem por aí. Mas não do jeito que muita gente pensa que é, ou seja, só ligado a abrir empresas e negócios. É muito mais do que isso! Empreender é a capacidade de identificar problemas, propor soluções e, assim, gerar impacto social mudando a vida das pessoas.

Nunca é cedo demais quando o assunto é PREPARAR a geração do futuro! O empreendedorismo não nasce necessariamente com a criança, mas é possível ensinar. O desenvolvimento de uma atitude empreendedora desperta a criatividade, incentiva a organização, a coragem, a autonomia, a tomada de decisões e muito mais. É também uma ferramenta poderosa que possibilita aprender fazendo. Através de programas orientados a projetos, com muita vivência prática, como são os da Eduqhub, é possível fazer com que as crianças verdadeiramente aprendam pela experiência coisas que lhe serão úteis para o hoje e o amanhã.”

Marília Teofilo Lima Pessoa – CEO e fundadora da Eduqhub

Rogéria Sprone

“O empreendedorismo no contexto escolar destaca a importância de preparar crianças e jovens aos novos desafios do século XXI, em um cenário em que o mercado de trabalho exige profissionais com competências múltiplas para promover transformações e situações novas.

Aqui no Colégio Joseense, os professores estão aptos a trabalharem a interdisciplinaridade, do Berçário ao Ensino Médio Técnico, e as tecnologias mais modernas em suas aulas, criando um ambiente colaborativo para desenvolver o empreendedorismo na escola. Os nossos alunos também têm aulas de Educação Financeira a partir do Segundo Ano do Ensino Fundamental e Inglês três vezes na semana.”

Rogéria Sprone – Diretora Pedagógica do Colégio Joseense

Alexandre Velilla Garcia

“Trabalhar aspectos do empreendedorismo no contexto escolar é fundamental e se alinha às metodologias ativas e a um dos princípios da BNCC, que prevê o aluno como protagonista de seu próprio processo de ensino-aprendizagem. A importância de se trabalhar esses aspectos está ligada principalmente a estimular os alunos a terem autonomia, autoconhecimento e empatia para tomar decisões, resolver problemas e viver experiências que possam impactar e transformar a vida das pessoas ao seu redor e também da comunidade. Estamos tratando aqui de investir no empreendedorismo escolar para preparar crianças e adolescentes aos desafios do século XXI, com habilidades e competências diversas diante de um mundo cada vez mais global e digital. No Cel.Lep, estamos focados em fazer com que nossos alunos adquiram fluência no segundo idioma (inglês e espanhol) e na linguagem computacional, por meio da programação ou coding, sendo estes conhecimentos habilidades essenciais. Neste sentido, cada experiência de aprendizagem no Cel.Lep é um passo na construção de uma identidade internacional que permitirá ao aluno e ao egresso de nossos cursos uma inequívoca inserção no mercado e na atividade humana como um todo.”

Alexandre Velilla Garcia – CEO do Cel.Lep escola de idiomas

Yan Navarro

“Para inserir essa temática no cotidiano das instituições de ensino é preciso que a comunidade escolar compreenda que esse tema vai ajudar os estudantes a desenvolverem habilidades para a resolução de problemas e, principalmente, sua capacidade de inovar em um mundo cada vez mais complexo. E isso não é feito em apenas uma disciplina, mas sim de forma transversal, na qual os alunos são estimulados a participar de eventos para aplicar o que aprenderam na escola. 

Na escola Luminova, por exemplo, o empreendedorismo se faz presente desde o desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos alunos, fundamentais para o desenvolvimento da criatividade e da autonomia, até o Ensino Médio, onde possuem uma disciplina específica chamada Empreendedorismo, na qual os alunos são estimulados a desenvolver em grupo com a mediação do professor um plano de ação para a criação de um novo negócio.”

Yan Navarro – Diretor acadêmico da escola Luminova

Wellington Machado

“Atualmente, o conceito de empreendedorismo é: ‘disposição para identificar problemas e oportunidades’. Desta forma, contamos com uma jornada incessante com esses desafios, por isso é importante desenvolver habilidades, como empatia, persistência, iniciativa, resiliência, pensamento crítico, entre outras. Habilidades estas que são citadas pelo Fórum Econômico Mundial como Habilidades do Século XXI, pois são as habilidades que as gerações Z e Alfa necessitam desenvolver não só para o mercado de trabalho do futuro, mas para que tenha equilíbrio em sua vida pessoal no cenário futuro.

A forma mais simples de inserção é usar os exemplos de startups que revolucionaram e democratizaram o acesso a uma série de serviços e produtos que até então não eram possíveis. Estudando a trajetória dos empreendedores e das suas startups e entendendo quais os problemas elas resolvem, pode-se incentivar a criatividade e o pensamento crítico para os alunos resolverem os mesmos problemas, mas de formas diferentes. Outro caminho é incentivar a multidisciplinaridade entres os conteúdos regulares com objetivo que os jovens possam usar metodologias como STEAM alinhada ao empreendedorismo para resolver problemas relacionando a aplicação dos conteúdos da sala de aula com o seu cotidiano.”

Wellington Machado – CEO e fundador da Quantum

Jean Rosier

“Não trabalhar a mentalidade empreendedora dentro do contexto escolar é o mesmo que negar que computadores e a própria internet são ferramentas indispensáveis para qualquer pessoa nos dias de hoje. Além disso, precisamos entender que empreender não significa, necessariamente, abrir uma empresa.

Costumo dizer que o que está por trás de todo modelo mental empreendedor é o não conformismo. Esse não conformismo faz as pessoas enfrentarem suas dificuldades, romper barreiras e resolver os seus desafios. Essa é uma atitude relacionada a ação e não a omissão. Não se conformar com os obstáculos é o que faz os/as empreendedores/as conseguirem obter sucesso, e quando isso é levado para o contexto de jovens estudantes, entender e internalizar isso é fundamental.”

Jean Rosier – Professor e co-fundador da Sputnik

Marcia Borriello

“O empreendedorismo no Colégio Caetano Álvares tem como proposta impulsionar o projeto de vida de cada aluno, alinhando seus objetivos profissionais e pessoais de acordo com as suas habilidades e expertises, em um processo constante de aprendizagem e autoconhecimento. Empreender, para nós, vem junto a uma proposta humanizada de despertar a criatividade, inovação e estratégias para a concretização de novas ideias.

A escola tem papel fundamental nesse estímulo, principalmente na forma de validar e avaliar os diversos conceitos relacionados pelos alunos, que demonstram de forma heterogênea, suas próprias vias de resolução de problemas. Nada mais relevante ao que vão enfrentar futuramente no mercado de trabalho, como a necessidade de tornar prático e útil os diversos nichos profissionais disponíveis.”

Marcia Borriello – Diretora Geral do Colégio Caetano Álvares

Ana Paula Citro Fujarra Rodrigues

“Trabalhar empreendedorismo no currículo da Educação Básica é extremamente importante, pois a formação do aluno deve ser completa. Nós, do Colégio ETEP, trabalhamos as habilidades e competências correlatas ao empreendedorismo desde o primeiro ano do Ensino Médio, por meio do desenvolvimento de projetos interdisciplinares e da disciplina de Gestão Empresarial. Os projetos interdisciplinares, em conjunto com a disciplina de Gestão Empresarial, desenvolvem nos alunos inúmeras habilidades. Por exemplo: trabalho em equipe, criatividade, planejamento de atividades, resiliência, planejamento empresarial, entre outras que contribuem para a formação completa do aluno, preparando-o para o mercado de trabalho e tornando-o um cidadão mais crítico e consciente. Nós também apoiamos as ideias de nossos alunos com apresentações em semanas acadêmicas com a participação de investidores.”

Ana Paula Citro Fujarra Rodrigues – Coordenadora Pedagógica do Colégio ETEP

Jhonatan Pache

“Quando pensamos em empreendedorismo, logo nossa mente é levada a imaginar e vislumbrar a abertura ou organização de uma nova empresa. Mas empreender, que vem do latim ‘imprehendo’ e que significa: tentar realizar uma tarefa, vai muito além de abrir uma empresa (não que este seja um processo simples), e está relacionado em realizar tarefas muitas vezes desafiadoras não só de forma assertiva e competente, mas também com eficiência e inovação.

O processo de empreendedorismo vem ganhando cada vez mais força e notoriedade e já aparece como uma das mais importantes habilidades que os profissionais do século XXI precisarão possuir para que tenham sucesso em quaisquer ramo que venham atuar, a final de contas, tanto abrindo sua própria empresa ou prestando serviço a uma companhia, faz-se necessária a consciência de que as tarefas realizadas com esmero e dedicação, ampliam de forma significativa as chances de obterem êxito em seus objetivos.

Desta forma, apresenta-se cada vez mais importante que os alunos tenham contato com essa e as demais habilidades que já são e cada vez mais serão necessárias no século XXI. Através de aulas expositivas, contato com cases de sucesso do mercado bem como a partir de projetos mão na massa em que os alunos tenham que, por exemplo, criar startups que precisam provas sua viabilidade e escalabilidade, podemos não só permitir aos alunos o contato com o empreendedorismo, mas também permitiremos o contato com: novas profissões, avanços tecnológicos, vivência de mercado, resolução de problemas complexos e trabalho colaborativo.”

Jhonatan Pache – CEO e Fundador do Grupo Força Máxima Educação

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