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Entrevista — Bianca dos Santos Torres: A experiência do professor tutor em uma escola da rede estadual

A educadora Bianca dos Santos Torres, coordenadora de uma escola estadual no município de Embu, na Grande São Paulo, afirma, em entrevista abaixo, que a tutoria ou orientação educacional pretende estabelecer um vínculo maior entre professor e aluno, de forma a que este possa ser acompanhado de maneira integral, em suas atitudes, valores, autoestima e organização da vida escolar. Bianca é membro do Grupo de Pesquisa de Formação de Professores, do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP), e acompanha in loco uma experiência de tutoria implantada na escola em que trabalha. A pesquisadora produziu ainda o artigo “Tutoria: uma prática educativa para a inclusão social”, com vistas a contribuir um pouco mais para os debates em torno do assunto.

Revista Direcional Escolas
 – Qual o papel que um professor tutor ou mesmo o orientador educacional (a nomenclatura muda em cada escola) deve exercer hoje?

Bianca Torres – Os professores tutores inseridos no projeto de Embu, por exemplo, têm como função apoiar, orientar e acompanhar alunos em seu processo de aprendizagem, em relação ao comportamento (atitudes, valores e compromissos), elevar a autoestima do educando (demonstrando a importância desse aluno para a escola), orientar em relação à organização de estudos e agenda escolar. Principalmente, ouvir os alunos, estabelecendo um vínculo maior entre professor e aluno.


Revista Direcional Escolas
 – O que levou a escola a desenvolver o projeto?

Bianca Torres – As principais razões para o desenvolvimento desse trabalho foram a ausência dos pais em sua rotina escolar, tentar a diminuir os índices de evasão e retenção dos alunos e ampliação do vínculo aluno e professor.


Revista Direcional Escolas
 –  Foi uma iniciativa própria da escola?

Bianca Torres – Conforme a Lei Complementar 836/97, do magistério público paulista, o professor que tem jornada de trabalho (carga horária) igual ou superior a 25 horas em atividade com alunos, deve cumprir cinco horas de trabalho pedagógico, sendo duas coletivas (as quais constituem o HTPC: Horas de Trabalho Coletivo Pedagógico) e três livres. Porém, uma hora desta atividade livre tem que ser cumprida na unidade escolar, a qual é chamada de 3ª hora de HTPC. A partir dessa determinação legal, utilizamos essa hora para implantar na escola o projeto de tutoria, a partir do segundo semestre de 2009.


Revista Direcional Escolas
 – A adesão dos professores é voluntária?

Bianca Torres – Não. A partir do momento que o professores têm a carga horária igual ou superior a 25 horas de atividades com aluno, ele já sabe que desenvolverá o projeto, com orientação da equipe gestora.


Revista Direcional Escolas
 – Qual o seu perfil e o tipo de abordagem feita com alunos?

Bianca Torres – O projeto é constituído de cinco fases:  1) apresentação do professor tutor e primeira abordagem de relacionamento interpessoal entre professor e aluno; 2) de intervenção sobre a frequência escolar dos tutelados; 3) análise do rendimento escolar dos alunos envolvidos no projeto; 4) avaliação sobre a postura social dos educandos; 5) interação com as famílias.


Revista Direcional Escolas
 –  Qual o objetivo da medida?

Bianca Torres – O objetivo maior é promover uma escola e uma educação de qualidade para esse aluno, garantindo sua permanência, respeitando a diversidade e as especificidades desse educando, possibilitando ao mesmo um processo de aprendizagem capaz de incluí-lo socialmente.


Revista Direcional Escolas
 –  Quais os resultados já apurados?

Bianca Torres – Conforme relato dos professores tutores, houve mudanças no comportamento de muitos alunos tutelados e, principalmente, uma diminuição da evasão escolar.

Por Rosali Figueiredo

 

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Bianca Torres  – [email protected]

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