Escola em Ação: Semeando Ideias e Valorizando Práticas
Por Rafael Pinheiro
A educação, inserida em um mecanismo complexo, denso e repleto de métodos e ferramentas, demonstram necessidades que transcendem a sala de aula. Observar e analisar todos esses caminhos, que representam uma pluralidade significativa, destaca uma preocupação crescente em preencher lacunas no sistema ensino-aprendizagem, na relação entre aluno-professor e no acompanhamento estudantil ao longo dos anos.
O crescimento – tanto pessoal como profissional – é revelado (e aguardado) nas instituições escolares como um marco de progresso dos alunos. Mas, para esse progresso ser, de fato, incluso na rotina escolar, é preciso pensar no crescimento dos educandos, gestores e mantenedores. Projetando, dessa forma, uma aliança segura em toda a rede escolar. O crescimento alimenta e transforma, constroi relacionamento interpessoal, garante estratégias administrativas e destaca habilidades e competências para um melhor entendimento e compreensão do educador e do aluno no século XXI.
Com o intuito de divulgar e compartilhar práticas bem sucedidas, bem como promover a troca de experiências entre educadores, a Diretoria de Ensino Região Centro-Oeste (DERCTO/SEE-SP), realizou, entre os dias 17 e 19 de novembro na Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores “Paulo Renato Costa Souza” – EFAP, localizada no bairro de Perdizes, o 4º Seminário dos Profissionais Educadores… Semeando Ideias… Valorizando Práticas.
Marco de referência para a disseminação de boas práticas educacionais, a quarta edição do evento teve como tema a “Gestão da Escola e o impacto da ação docente nos processos educacionais”. Neste ano, o simbolismo da Árvore Fondosa germinada de uma minúscula semente, a mostarda, onde em seus galhos acolhidos estão os ninhos de pássaros que, segundo a tradição do povo da época, somente as boas árvores são escolhidas pelos pássaros para sua pousada e reprodução.
Diversas escolas apresentaram, durante o seminário, práticas e projetos positivos que foram instalados no cronograma estudantil. Destacamos, abaixo, trechos de apresentações e ações promovidas por algumas escolas. Confira:
PAIS, ALUNOS E O FACEBOOK
O professor Josenildo Luiz Bezerra, vice-diretor da Escola Estadual Victor Oliva, apresentou o projeto “Redes Sociais: Acompanhamento Escolar”. O objetivo principal deste projeto, iniciado em 2014, é promover e intensificar a ligação entre escola e família, tendo a rede Facebook como ferramenta motivadora. “A partir desse trabalho percebemos uma melhor interação com a nossa comunidade e conseguimos, através da rede social, chegar mais perto das famílias. Como isso é feito? Promovendo uma socialização através dessa rede social, atividades e ações postadas (quase) em tempo real, contribuindo para o acompanhamento, participação e colaboração de toda a equipe. O [colégio] Victor Oliva, que é uma escola integral, onde o aluno entra 7h30 e sai 16h40, é importante ter essa relação com os pais que querem saber da vida estudantil dos seus filhos, suas rotinas e atividades nas escolas. Então, os pais assinam uma autorização para utilização das imagens das crianças e isso é feito na matrícula ou rematrícula e todas as postagens são feitas fora do horário das aulas”, diz o professor.
Essa ação, segundo ele, garante uma interação rápida, tendo, a cada postagem, comentários e questionamentos sobre o cotidiano escolar. “Informar, esclarecer e mostrar o que está acontecendo na escola… e com isso nós damos acesso às pessoas, instigando pais a participarem mais, curtindo, compartilhando, comentando e se aproximando cada vez mais da escola”, ressalta.
Com toda a equipe trabalhando diariamente para esse projeto acontecer, tendo cuidadores, professores regulares e de oficinas e agentes de organização envolvidos em todo o processo, o resultado “é mais que positivo e hoje conseguimos ultrapassar, literalmente, os muros da escola”, conclui.
MATEMÁTICA + ARTE
A professora de matemática Amanda Lopes Fernandes, da Escola Estadual Pereira Barreto, levantou o tema “Mathemarte: A arte de produzir conhecimento através da arte”. Nesse projeto, Amanda destacou a importância da apropriação de diversas linguagens artísticas (como arquitetura, cinema, poesia, escultura, música, dança e poesia) para integrar o aluno ao conhecimento.
“Observei, nesse período de três anos que ministro aulas, que é muito difícil conseguir uma aula com o aproveitamento total do aluno. E, além disso, que o aluno realize os exercícios de casa. Pensando nisso, criei uma forma para que o aluno se interesse pelos trabalhos e que tenha vontade de fazê-los. E como tenho uma ligação com arte, surgiu a ideia de pedir aos alunos um trabalho diferente, que ele mostrasse uma matemática através da arte”, explica Amanda.
Nessa experimentação em transpor a matemática e o seu conceito de maneira artística, a integração entre aluno e o conhecimento criou um vínculo proveitoso, principalmente pela construção coletiva dos alunos em sala interagindo de diversas formas e linguagens com o conhecimento.
O resultado foi positivo tanto para as aulas de matemática como para outras disciplinas. “A adesão dos trabalhos aumentou e depois de compartilhar com os outros professores, consegui outros colegas adeptos dessa metodologia e, assim, todos os alunos se divertindo e fazendo os trabalhos escolares com ótima qualidade”, ressalta.
MÚSICA NA ESCOLA
O período do nascimento até os 6 anos de idade é fundamental para aprender a decifrar as imagens sonoras da música e desenvolver representações mentais para organizar o aprendizado. Assim como todas as crianças nascem com o potencial para aprender a falar e compreender a sua língua nativa, todas nascem com a capacidade de executar e compreender a música. Tocar regularmente melhora as competências linguísticas, a memória e a percepção do mundo ao redor.
Pensando nisso e tendo o sonho de levar música para os alunos, a Escola Estadual Victor Oliva destacou o “Projeto Integração – Musicalização e Aprendizagem”, apresentado pela professora Karla Cantanhede Araujo e pelo vice-diretor Josenildo Luiz Bezerra. Nesse projeto, há uma preocupação no desenvolvimento de um novo pensamento e o despertar do senso crítico musical, além do desenvolvimento musical dos alunos. Esse projeto conta com a parceria da Faculdade e Conservatório Souza Lima, que doou guitarra, violão, piano e flauta, além da colaboração de diversos professores especializados em música que ministram as oficinas.
“O sonho da nossa diretora era ter música na escola, mas não tínhamos espaço físico para montar essa oficina. Reunimos todos os colaboradores e pensamos nas necessidades e anseios dos alunos. Retiramos, então, nossa sala de vídeo e graças à parceria com o Souza Lima, conseguimos equipar toda a sala com os instrumentos e todos os alunos têm interesse em participar das aulas”, diz o vice-diretor. O projeto está em fase de ampliação para atender maior demanda das turmas, mas muitas atividades já foram realizadas através da música, como uma apresentação especial do coral realizada aos pais – que pode ser visualizada na página do Facebook do Victor Oliva.
Foto: Divulgação.