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Guia para Gestores de Escolas

Especial Capacitação – Cursos resgatam a prática de ensinar e atendem a novas demandas: tecnologia e inclusão.

Matéria publicada na edição 55 | Fevereiro 2010 – ver na edição online

Professores e escolas concordam que é preciso suprir algumas lacunas na didática do ensino e reafirmar seu papel na formação dos alunos, incorporando novos saberes.

Por Rosali Figueiredo

Os meses de fevereiro e março marcam o período de inscrição e início de muitos cursos voltados à atualização, reciclagem e aperfeiçoamento do educador no sentido de proporcionar-lhe os recursos necessários à melhoria de seu desempenho na formação dos alunos. Oferecidos por instituições de ensino superior, escolas privadas, entidades de classe, entre outros, visam a suprir desde lacunas graves deixadas na graduação pelos cursos de Pedagogia a introduzi-los no mundo da tecnologia da informação, passando ainda pela inclusão. São cursos de especialização em nível de pós-graduação Lato Sensu, de extensão ou ainda workshops com cargas horárias variadas. Abordam questões práticas, como a postura certa diante da lousa ou a organização de painéis informativos em salas de aula, entre outros, até  seu papel de educador em um mundo dominado pelas tecnologias de informação.

A coordenadora da área de cursos do SIEEESP (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), Regina Di Stéfano, diz que é preciso, sobretudo, valorizar o professor, oferecendo-lhe instrumentos para que a própria escola possa cobrar, depois, a qualidade do trabalho. Regina observa hoje uma grande lacuna na formação prática dos professores, algo que anteriormente o antigo Magistério proporcionava. “Este era superior a muitos cursos atuais de Pedagogia, que não dão a aplicação prática da teoria, como o letramento, a fonética, o planejamento e o plano de aula, por exemplo.” Os cursos regulares do Sindicato “procuram suprir a lacuna e qualificar o professor”. Seus temas englobam Artes, Geografia, História, Matemática, linguagem visual e verbal, psicomotricidade, avaliação e planejamento, entre outros.

Além desta programação, o Sindicato está com inscrições abertas para dois cursos de especialização Lato Sensu, um em Psicopedagogia (ver quadro), outro em Contação de Histórias (organizado e ministrado pelo professor Giuliano Tierno). Um terceiro curso, de carga horária de 428 horas, irá trabalhar a Didática da Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Segundo Regina, “as escolas devem cobrar os professores em termos de formação e postura” e, aquelas que assim procedem, “observam um grande crescimento deste profissional”.

Para a pedagoga Emília Cipriano Sanches, doutora em Educação e mestre em Psicologia da Educação, “não estamos conseguindo trazer a prática como grande exercício de reflexão da escola e, se isso continuar a acontecer, estaremos nos distanciando cada vez mais de nosso papel de formação”. Emília organizou um curso de especialização e aperfeiçoamento para professores da Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental (ver quadro), que será oferecido ainda neste ano pelo SINPRO (Sindicato dos Professores de São Paulo). “Ele propõe a intervenção na prática pedagógica, trabalha o tempo todo a problematização da ação”, diz, apontando para noções aparentemente simples, como a organização do espaço da sala de aula, por exemplo.

Isso não significa, porém, uma mera instrumentalização do profissional, mas um espaço que lhe permita “identificar suas opções de construir uma autoria”. Se atualmente há professores inseguros até mesmo para montar painéis em classe ou aplicar avaliações, o desafio está, conforme Emília sugere, em reconstruir sua identidade. É preciso, continua a pedagoga, reafirmar-se como referência diante dos alunos, mas se abrindo também ao aprendizado de “saberes diferenciados”, cientes de sua “intencionalidade” (sabendo o que e o porquê está ensinando) e “alimentando sonhos”.

O SINPRO promove ainda cursos periódicos de extensão cultural, iniciando-os nos meses de fevereiro e agosto. “Eles procuram atender a todas as áreas do conhecimento e faixas de escolaridade. Seu objetivo principal é atualizar o professor em relação às novas metodologias”, afirma a pedagoga Rita Fraga, responsável pela Escola do Professor do Sindicato.

Tecnologia –  Um valioso recurso didático

No mês de março, o Sindicato dos Professores iniciará também um workshop sobre o uso das tecnologias da informação em sala de aula. O tema é delicado, porque há uma resistência natural dos profissionais diante das novas ferramentas, avaliam os especialistas. “Mas o modelo giz, lousa e saliva está sumindo. A escola tem que investir nas novas tecnologias e surpreender os alunos com 3D, lousa digital, entre outros, para que o aprendizado ocorra com mais facilidade”, recomenda Wagner Sanchez, mestre em Tecnologia da Informação, especialista em Educação e diretor acadêmico do Colégio Módulo, localizado no bairro da Lapa, zona Oeste de São Paulo. “Como se prepara o professor para isso? As crianças já nascem com a mão no mouse do computador. Não tem outra forma senão promover cursos de capacitação e oficinas objetivas de reciclagem. Além da instrumentalização, é preciso fazê-lo entender como a tecnologia pode fazer a diferença”, acrescenta.

Segundo o POIE Edson Alves de Souza, Professor Orientador de Informática Educativa da rede municipal de ensino em São Paulo, “tão importante quanto aprender a usar a tecnologia, é a mudança de postura. Caso o professor não a domine, há um grande risco de ficar desacreditado diante do aluno. Ele é um imigrante digital, sendo que o aluno é um nativo digital”. Edson Alves, docente em nível superior de sistemas de informação e bolsista do MEC na Universidade Aberta, atuando junto aos cursos de Educação a Distância da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), afirma que a capacitação “deve fazer a ponte entre a tecnologia e o currículo escolar”. “Deve ensiná-lo a usar retroprojetor, DVD, MP3, máquina e lousa digital, além dos próprios softwares do computador. Mas deve também torná-lo um tutor (fazê-lo usar o computador da forma como a um livro), desafiando o aluno a exercer a criatividade, usar recursos de pesquisa na internet, levantar história, contextualizar, comparar fontes, reunir os dados e expô-los por meio de ferramentas como vídeos e blogs.”

No Colégio Módulo, por exemplo, está sendo aplicado o conceito de webquest junto aos estudantes do Ensino Fundamental II, atividades de pesquisa que empregam os recursos da internet. A escola realizou oficinas sobre a metodologia entre os professores, que, em 2009, por exemplo, propuseram aos alunos investigar a história do vampirismo e, a partir daí, conteúdos programáticos como os tipos sanguíneos e doação de sangue.

Inclusão – Uma grande procura

A inclusão é outra área que tem propiciado uma grande demanda por capacitação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) determina, em seu artigo 58, que os “educandos portadores de necessidades especiais” sejam atendidos, “preferencialmente”, dentro do sistema regular de ensino. Segundo Márcia Icléa Bagnatori, pedagoga, mestre em Educação Especial e especialista em projetos pedagógicos na área, “a demanda pela capacitação tem crescido muito, mas é preciso mais qualidade na oferta”. A especialista destaca o predomínio hoje de abordagens isoladas entre os cursos oferecidos (como o ensino da língua dos sinais) ou focalizadas na legislação, em lugar de propiciar orientação e mobilidade para quem vai trabalhar com deficiência visual ou ensinar a atuar junto a crianças com dificuldades de leitura. Coautora do Livro “Projetos Especiais para Crianças Maravilhosas”, em parceria com Magali Bussab, a ser lançado neste mês pela editora Arte Ciência, Márcia sugere que a capacitação trabalhe o  diagnóstico (quem faz?),  a evolução do deficiente (até quando investir?), o próprio conceito de inclusão, a adaptação dos materiais, a integração da equipe, a avaliação (mitos e necessidades), a promoção e reprovação e a relação entre idade e série.

Confira dois cursos de especialização oferecidos pelas entidades de classe:

– CURSO  DE  PÓS-GRADUAÇÃO  LATO  SENSU  EM  PSICOPEDAGOGIA

Ementa: O trabalho educacional e terapêutico apoiado em fundamentos cognitivos, das neurociências e psicossociais

Organizador: SIEEESP (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo)

Coordenadoras: Lídia Lacava, Maria Irene Maluf e Vera Marcia Gonçalves Pina

Início: 04/03/2010

Carga horária: 400 h/aula (3 semestres consecutivos)

Local: SIEEESP/SP (Av. Dr. Altino Arantes, no. 225 – Vila Clementino / SP)

Parceria  com as Faculdades Integradas Claretianas

Mais informações: (11)5583-5555 / 5583-5500/5583-5523

E-mail: [email protected]

Estrutura Curricular – 400 h / aula – 3 semestres consecutivos.

– ESPECIALIZAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO PARA PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Ementa: rever o papel do professor em sala de aula, na escola ou na comunidade, incentivando-os a interiorizar o seu real valor em uma sociedade que tanto deles precisa; discutir, entre outros, os problemas de ordem filosófica, da psicologia e da didática, não só de ordem pessoal, como para instrumentalizá-lo para o aperfeiçoamento de sua ação educacional e profissional; novos e modernos aspectos da psicogênese da alfabetização e de seus inúmeros e importantes desdobramentos didáticos, pedagógicos e sociais durante todo o período infância.

Organizador: SINPRO (Sindicato dos Professores de São Paulo)

Coordenadora: Emília Cipriano

Início: a confirmar (início previsto no segundo semestre de 2010)

Carga horária: 420 h/aula (4 semestres consecutivos)

Local: Escola do Professor

Mais informações: (11) 5080-5988

E-mail: R Borges Lagoa, 170/208 Vila Clementino – São Paulo/SP

E-mail: [email protected]

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