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Guia para Gestores de Escolas

Especial – Ensino a Distância (EAD)

Matéria publicada na edição 56 | Março 2010 – ver na edição online

Produtos devem garantir construção de autoria e aprendizagem cognitiva.

Uma grande variedade de softwares educacionais amplia hoje as opções que as escolas têm para colocar em funcionamento a sala de informática e promover atividades didáticas em consonância com o seu projeto pedagógico. Quais devem ser então os critérios para a escolha do produto mais apropriado? Segundo especialistas e professores da área de informática educativa, recomendam-se aos educadores programas que possibilitem aos estudantes desempenhar um papel de autoria. Ou seja, “exercer a criatividade e ser o próprio pesquisador e criador de seu trabalho”, defende Edson Alves de Souza, coordenador de um portal na web sobre informática educativa, professor da área na rede municipal de São Paulo há oito anos e docente em sistemas de informação em cursos superiores.

A concepção pressupõe também uma mudança de postura dos educadores, que precisam sair da “era do mimeógrafo e aprender a usar as ferramentas para estimular um aprendizado cognitivo entre os alunos”. Em outras palavras, independente do recurso a ser empregado – vídeo maker, editores de texto e imagem, construção de páginas na internet, etc. -, é preciso proporcionar um tipo de uso do software em que o estudante articule esses recursos em uma criação própria, totalmente autoral. “Nesse sentido, o professor passa a ser o mediador da aprendizagem”, observa Edson.

Feita a ressalva, as salas de informática podem ser dotadas por recursos desde os básicos (editor de texto, imagem, acesso a internet, entre outros) aos softwares pedagógicos de autoria, entre eles o Clic, bastante utilizado na rede municipal em São Paulo. “O método de ensino é que tem que ser diferente. É necessária a presença maciça do professor na interação com o aluno neste ambiente”, diz. Já a professora Léa da Cruz Fagundes, do Programa de Pós-Graduação de Informática na Educação da Universidade Federal do Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora de pesquisa no Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC/UFRGS), defende que os softwares trabalhem a imaginação, “quebrando o atual modelo cartesiano de organização do ensino”. Nesta perspectiva estaria vetado, por exemplo, conforme ressalva o professor Edson, simplesmente transportar um livro para a tela do computador.

Pois as tecnologias de informação e comunicação inovaram justamente pelas possibilidades abertas de “interdependência, interatividade e interoperatividade” das diferentes linguagens e áreas do conhecimento, observa, por sua vez, Léa Fagundes. Segundo a pesquisadora, provém desse caráter de se operar em rede e com hipertexto a oportunidade de o aluno construir a própria a aprendizagem. Uma infinidade de ferramentas oferece esta possibilidade, especialmente os chamados softwares livres (open sources), comenta Léa Fagundes.

Para a jornalista Bianca Maria Santana, co-autora de um estudo realizado no ano passado para a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa sobre a apropriação das tecnologias digitais em centros de inclusão no Brasil, os softwares livres favorecem o processo de autoria. “Há liberdade de se executar o programa para qualquer propósito, de estudar como funciona, adaptar às necessidades de cada um, redistribuir cópias de modo que se possa ajudar os outros, além de aperfeiçoá-lo e liberar esse aperfeiçoamento.”

(R.F.)

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