Gestão na educação e na saúde
Nos anos 90, recém-formada, jovem idealista, ingressei na carreira pública na área de saúde de uma prefeitura no Estado de Minas Gerais, cujo número de habitantes não ultrapassava 80 mil vidas.
Ingressei em uma empresa corporativa no mesmo ano. Deveria atender como dentista crianças de uma população carente e, no outro, uma população de abastados.
Meu interesse pela interlocução saúde/educação começou aí. Como eu poderia ensinar saúde bucal para essas crianças que não tinham ao menos chinelos para chegar à escola, infestadas de piolhos, com unhas enormes e sem banho? Crianças que iam à escola somente para merendar a sua única refeição do dia e que passavam metade dos horários fora das salas de aula por falta de condição psicofísica. O professor, além de inalar o pó de giz, continuava de costas para o nada.
Do outro lado, no convívio com as famílias abastadas, eu enxergava pais e crianças abusivos, cruéis em casa e em seu ambiente escolar. Nesse caos, os pais exigiam da escola limites que não conseguiam impor a seus filhos.
Os anos se passaram, começamos a falar de inclusão, conflitos, envolvimento dos pais, qualidade na educação, família e comunidade, e as duas escolas se igualaram em relação a falta de aprendizado e a saúde mental dos “stakeholders”.
Nesse contexto cruel do momento no Brasil, é impossível não falarmos em reformas, em um processo de inovação! Faz-se necessário uma comunicação horizontal, com a participação ativa dos professores, pais e comunidade.
E como podemos trazer tantas responsabilidades, inovações e colaboração?
Aqui, começo a introduzir os termos compliance e governança. Sim, também para as áreas de saúde e educação, até então intocadas, porque vender saúde e educação causa melindres.
Compliance e governança são metodologias utilizadas para qualquer empresa.
Governança pode ser definida como um sistema usado pelas organizações para gerir, monitorar e motivá-las a atingir seus objetivos.
Compliance, em sentido mais objetivo, é o dever que toda empresa tem de cumprir as leis, determinações da fiscalização, órgãos regulatórios, agências governamentais e, principalmente, diretrizes internas determinadas pela governança.
Podemos falar, então, da gestão escolar, cujo objetivo é introduzir fluxos e estratégias para ampliar a eficácia dos processos obtendo, assim, resultados exemplares. Aqui se faz necessário uma conceituação entre gestão pedagógica e administrativa da escola que necessitam, nesse processo de governança, de lideranças por competências.
Podemos, atualmente, identificar metacompetências que definem os atributos de liderança. São elas: Capacidade mental, inteligência emocional, conhecimentos técnicos e do negócio, crescimento (desenvolvimento pessoal), ego saudável, dar a direção, influenciar pessoas e fazer com que as coisas aconteçam.
Um ótimo líder, com todas essas características acima, faz com que minha empresa decole? Tenha credibilidade? A resposta é não. É preciso mais.
Alguns podem dizer que medir credibilidade na venda de serviços é pessoal. Sem chance!
Ou a empresa tem e demonstra credibilidade – ou não tem. Simples assim.
Em um momento em que todos nós, da área de saúde e educação, nos preocupamos em permanecer no mercado, é de se esperar que pessoas queiram comprar, portanto, precisamos ter o que ofertar.
Sim, criar modelos novos e inovadores? Sim, utilizar BNCC na íntegra? E os riscos? Riscos esses que existem há vários anos, mas só agora estão pesando.
O Banco Mundial afirma que o país gasta 62% a mais na educação e este excesso é explicado pela ineficiência! Precisamos resgatar a credibilidade das instituições. Precisamos resgatar a ética, a moral, os códigos de conduta, as normas, os projetos.
Necessitamos evitar e coibir sempre as práticas do triângulo de fraude de Donald Cressey.
Precisamos ter maturidade organizacional, integridade, caráter, identificação de riscos, implantação de políticas e procedimentos, comunicação, monitoramento e treinamento, treinamento e treinamento.
Mudar uma CULTURA exige presença, mãos de ferro e ambiente harmônico.
Vamos nessa?