Inclusão Escolar: um caminho para tornar esse processo melhor para todos
Por Roberta Bento e Taís Bento

Quantas vezes você já ouvir que promover a inclusão escolar vai muito além de abrir as portas da escola para alunos com deficiência ou necessidades específicas? Temos certeza de que já perdeu a conta. E quantas vezes você tentou fazer o que, pela visão da escola, é melhor para aquele aluno, mas encontrou resistência e desconfiança por parte da família? Talvez também já não consiga mais contar o número de vezes em que isso aconteceu. Ainda assim, você continua firme, buscando maneiras para tornar a inclusão um processo mais leve para os envolvidos: família, escola e, em especial, para as crianças ou adolescentes envolvidos.
Não é só você. E nem é só na sua escola. O desafio realmente se torna maior, quanto mais a mídia e as redes sociais insistem em buscar audiência, curtidas e engajamento a partir do compartilhamento de casos, não tão frequentes assim, em que de fato alguém falhou. Enquanto muitos aproveitam as atitudes desumanas de algumas pessoas a quem não podemos sequer chamar de “professor” para gerar conteúdo, dentro das escolas espalhadas por esse Brasil há um número enorme de casos que poderiam, e deveriam, ser divulgados como exemplo de superação. Superação não somente do estudante, mas de todos aqueles que, apesar de tantos desafios e obstáculos, não desistem de acreditar que é possível, desde que exista a parceria entre família e escola.
Como membros da Associação Americana para Inclusão, tivemos, recentemente, acesso a pesquisas cujos resultados trazem luz para mudar para melhor o contexto atual. Nesse cenário, mais do que em qualquer outra época, a parceria entre escola e família é determinante: quando fortalecida, ela não só apoia o aluno, como também dá sustentação emocional para todos os envolvidos.
Vamos seguir enfrentando questões que, embora sejam praticamente ignoradas por quem nunca vivenciou o ambiente de trabalho dentro de uma escola, continuarão a exigir muita paciência e estratégia da parte da gestão escolar.
Como eu, Roberta, sempre digo – e se você já assistiu uma palestra nossa ou participa do nosso grupo de apoio à gestão escolar, provavelmente já ouviu: “dentro da escola, vamos sempre precisar trocar o pneu com o carro andando.” Vamos seguir fazendo os ajustes, enquanto o turbilhão de acontecimentos e demandas diárias chega de todos os lados. Eis o porquê é preciso ter bons parceiros e manter a formação continuada como pressupostos. A escola não tem botão de pausa, assim como seus alunos. Este é o retrato fiel da realidade escolar: mesmo em meio a desafios, é preciso avançar.
Modelos de parceria entre família e escola: diferentes caminhos, um mesmo objetivo
Pesquisas internacionais revelam que os modelos de parceria variam conforme o perfil das famílias.
Joyce Epstein propôs seis pontos que precisam ser abordados pela escola para chegar à parceria com as famílias: parentalidade, comunicação, voluntariado, aprendizagem em casa, tomada de decisão e colaboração comunitária.
Em 2017, porém, um grupo de pesquisadores publicou uma pesquisa que revelou uma diferença nos fatores que precisam ser abordados para que se estabeleça uma parceria entre escola e família dos alunos de inclusão.
O trabalho liderado por Ann P. Turnbull tornou-se referência internacional e vem se firmando como fator de altíssimo impacto positivo na inclusão de crianças e adolescentes em escolas ao redor do mundo. Segundo Ann e sua equipe, são sete os pontos que levam ao sucesso na relação entre famílias de inclusão e a instituição escolar: comunicação, comprometimento, igualdade, competência, respeito, apoio à causa e, como alicerce para que esses elementos se sustentem, a confiança entra como base fundamental.
E aqui fica nossa sugestão para que sua escola possa agir de forma a estreitar a relação com as famílias e tornar mais leve o dia a dia dos profissionais, assim como melhorar o envolvimento e desenvolvimento de todos os estudantes: comece pelo único ponto em comum entre as duas pesquisas, pois assim vai atingir de forma positiva todas as famílias: a comunicação.
Um processo de comunicação eficaz começa com um alinhamento sobre como nosso interlocutor recebe e interpreta a informação recebida. O sucesso nessa empreitada passa por conhecer os diferentes perfis de famílias e entender suas dores e necessidades é o ponto de partida. Para ajudar sua escola, nós oferecemos encontros mensais com as equipes de gestão e será um grande prazer ter você conosco, no programa SOS Gestor Escolar!