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Guia para Gestores de Escolas

Inclusão escolar vai além de cumprir as leis! Incluir deve ser por amor!

Sabemos que existem muitas leis que protegem a pessoa com deficiência. As crianças com deficiência têm vários direitos quando se trata de educação, como por exemplo: não pode ter a matrícula negada; ter à disposição uma profissional de apoio, se necessário; ter conteúdo e avaliações adaptadas; direito a acessibilidade e tecnologia assistiva etc. Mas a inclusão não deveria ser porque é lei e sim porque são pessoas! São crianças, adolescentes e adultos que deveriam estar em todos os lugares, pois são seres humanos.

Nós crescemos em uma sociedade excludente, poucos de nós da geração X (nascidos entre 1960 e 1979) e Millennials (nascidos entre 1980 e 1994) cresceram com pessoas com deficiência nas salas de aula! Pessoas com deficiência sempre existiram, mas há 20 ou 30 anos a maioria estavam em casa, escondidas ou institucionalizadas, sem acesso a educação!

Nós não crescemos com colegas de classe com deficiência, mas hoje nós somos pais de crianças com deficiência que não aceitam a exclusão. Felizmente a sociedade evoluiu e nossos filhos são pessoas, a educação faz parte da dignidade humana e possibilita todo ser humano a ter uma vida digna.

Negar educação a qualquer pessoa é tirar a dignidade dela!

O desafio da inclusão ainda é muito grande, fazemos parte da geração que começou a entender que as pessoas são diversas e tem direito de serem quem elas são. Nossa geração é a que precisa aprender muito, que precisa voltar para as salas de aula como aluno, e aprender o básico sobre inclusão, que não aprendemos porque não vivenciamos, porque não crescemos brincando, interagindo, estudando junto com pessoas com deficiência. INCLUSÃO SE APRENDE COM CONVIVÊNCIA.

Os nossos filhos não vão precisar parar para aprender, como lidar, como brincar, como atender uma pessoa com deficiência, porque eles já estão convivendo – nos últimos anos muitos já tiveram ou tem algum contato com outras crianças com deficiência em sala de aula. Mas ainda falta muito, o acesso ainda é muito difícil, sofrido, desgastante, famílias de crianças com deficiência passam todos os dias por discriminação, principalmente com escolas que dizem não estar preparadas para receber e sugerir que procurem escolas especializadas.

Crianças com deficiência precisam estar em escolas regulares, a maioria das crianças têm condições de estar em uma escola regular, são pouquíssimas crianças que precisam de escolas especializadas e são pouquíssimas as escolas especializadas no Brasil, a segregação não é a solução.

E se fosse o seu filho?
Se coloca no lugar de uma mãe, ou de uma família que tem uma criança com deficiência, o que você sentiria se dissessem que seu filho não é bem-vindo em uma escola porque ele é diferente, porque ele tem limitações que são impossíveis de serem mudadas, limitações que em nenhum momento ele escolheu, ou você como mãe, pai, escolheu ter um filho com deficiência. A deficiência não sai da pessoa! Quem precisa se adaptar é o ambiente. Quem precisa aprender a lidar, aprender a ensinar, aprender a atender, são os professores e educadores. Quem precisa se adaptar, ter rampas, elevador, ter intérpretes, são as escolas.

Criança com deficiência na escola, o que ter em mente neste 2022?

1 – Não existe limite de crianças com deficiência por turma. O que precisamos ter são classes sem superlotação;

2 – Nem toda criança precisa de professor de apoio. Quando a família ou a escola impõe um profissional de apoio, sem antes fazer uma avaliação, cria-se uma barreira de relacionamento;

3 – Exigir laudo para efetuar a matrícula é discriminatório e irregular. É papel da escola garantir o atendimento pedagógico e não clínico. Por isso o laudo é um documento complementar e não obrigatório;

4 – Cobrar taxa extra porque a criança tem deficiência é ilegal. É considerado discriminação e discriminação contra a pessoa com deficiência é crime;

5 – Nenhuma escola pode sugerir segregar um estudante. “A escola não tem o que oferecer ao seu filho”. “Seria melhor procurar uma escola especializada”;

6 – Não existe criança com deficiência grave ineducável. Grave é a falta de recursos e investimentos para que a escola possa ser um ambiente para todos;

7 – O decreto 10.502 está suspenso, não tem validade. Nenhuma secretaria de educação ou escola pode se basear neste decreto para justificar sua conduta.

Eu sei que a inclusão não é um processo simples, não é barato, não é rápido, mas precisamos começar. Capacitar os professores para entender e atender é o primeiro passo! Incluir é um ato de amor.

#QueAInclusãoVireRotina #NãoExisteInclusãoSemCapacitação

Por Amanda Ribeiro
Tem 38 anos, administradora, mãe do Arthur, hoje com 5 anos de idade, autista, resolveu estudar sobre autismo para ajudar o filho. Formada em Administração de Empresas, se especializou em Intervenção Precoce do Autismo pelo CBI of Miami (Child Behavior Institute) além de ser a 1ª brasileira a receber a certificação Certified Autism Travel Professional (CATP) pelo IBCCES (International Board of Credentialing and Continuing Education Standards. Consultora de acessibilidade e inclusão para inclusão de autistas e pessoas com deficiência na sociedade.

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