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Guia para Gestores de Escolas

Gestão Escolar — Infraestrutura de Tecnologia de Informação

Do disquete à integração em rede, da sala de informática ao ambiente virtual

Quanto maior a capacidade de conexão e velocidade da internet, mais amplas tornam-se as possibilidades de se incrementar os projetos pedagógicos com os alunos. Entretanto, o volume de troca de informações cresce “exponencialmente” e obriga a uma renovação cada vez mais rápida de hardwares, sistemas e demais equipamentos. É preciso também cuidados com a rede de cabos, entre muitos outros suportes.

Há 15 anos, a presença das Tecnologias de Informação nas escolas se restringia a alguns sistemas na área administrativa e a salas de informática para alunos, em que a principal atividade era ensiná-los “a ligar e a operar o computador”. “Era muito primário”, assim como a informatização da folha de pagamento dos funcionários dependia do chamado “data Kombi”, meio de transporte que o consultor na área utilizava para se deslocar às escolas e prestar in loco todo o suporte necessário. Desde então, as transformações foram tão profundas que um aparelho celular comporta hoje dez vezes mais informação em relação ao disquete que se utilizava para levar as informações de um local ao outro, observa o gerente de informática do Colégio I. L. Peretz, Raul Muñoz.

Graduado em Administração e profissional da área de sistemas, Raul acompanhou todo o processo de mudança e ajudou a instituição a se estruturar física e tecnologicamente para atender às necessidades da área pedagógica e administrativa ao longo deste período. Contando com uma equipe de três funcionários, o gerente responde hoje pela operação de três servidores somente na unidade maior (de Ensino Fundamental II e Médio), de 150 computadores em duas sedes (a do EFII e EM e a do Fundamental I), de um servidor externo de backup, de seis contratos de acesso a internet por banda larga, além de toda a infraestrutura de cabos, roteadores e switches de rede, recursos indispensáveis à integração dos equipamentos.

Segundo estima Raul, que está fechando a previsão de investimentos e manutenção para 2011, a área absorve em torno de 15% do orçamento do Peretz. Neste ano, a instituição implantou os três servidores, “com os quais conseguiremos um fôlego para os próximos oito a nove meses”. Ou seja, como “o volume de informação cresce exponencialmente”, nunca se sabe, na verdade, até quando eles darão conta de processar a demanda. Quanto mais rápida a internet, maior o volume de dados processados, observa. Raul destaca que até há pouco tempo a necessidade de atualização dos servidores acontecia a cada dois anos. E que o custo também se eleva conforme amplia a capacidade de processamento. “Cada disco de alta performance custa em torno de R$ 3 mil”, diz, exemplificando que seria possível comprar um carro somente com o que a escola investiu com esse recurso em 2010.

No ano passado, o colégio dispunha de um único servidor que armazenava 700 gigabytes de informações, relata o gerente. Neste ano, a capacidade foi duplicada, utilizando-se os discos de alta performance. Um dos servidores, de 400 giga, opera a parte administrativa, como folha de pagamentos, compras, recebimentos etc. O mais potente, de mil giga ou um terabyte, atende a parte pedagógica, enquanto que um pequeno, de 40 gigabytes, é exclusivo da midiateca, já que os estudantes consultam o acervo e fazem reservas via rede, mesmo de seus computadores pessoais. “Neste caso, demos prioridade à agilidade e ao acesso, não ao volume de informação.”

De forma geral, o Brasil apresenta uma taxa de investimento médio em tecnologia de informação em torno de 8% do faturamento bruto das empresas, afirma o consultor Makoto Shimizu, ressalvando, entretanto, que esta pode variar de 2% a 20% “dependendo do ramo de atividade da organização”. “O setor bancário é o que mais investe em TI no Brasil”, diz Makoto, que desconhece, entretanto, o padrão de investimento das instituições de ensino. O custo com a área envolve, segundo o consultor, a aquisição de hardwares, softwares e “humanware”, “serviços e mão de obra, própria ou terceirizada”.

PREPARANDO A ESTRUTURA FÍSICA

Mas não só. A expansão desses recursos no segmento administrativo e pedagógico demanda a implantação desde uma rede independente de cabos ao sistema de ar condicionado. “Este é indispensável nos ambientes que abrigam os discos de alta performance, que trabalham a uma temperatura em torno de 50º centígrados”, comenta Raul Muñoz. Por outro lado, o Peretz instalou uma tubulação externa para todo o cabeamento da rede, independente da fiação elétrica. Para o coordenador executivo de tecnologia da área de Gestão de Tecnologias Aplicadas à Educação da Fundação Vanzolini, Luiz Carlos Gonzalez, é importante providenciar conduites independentes “para esta rede lógica”, ou, no mínimo, com canaletas que a separe da parte elétrica. “Uma oscilação de energia pode gerar um curto circuito e atingir o cabeamento lógico, com riscos de queima de placas e perda de informação”, observa. “Existem normas que definem a distância entre as redes, tipos de calhas e dutos”, complementa Luiz.

Outro aspecto importante a ser considerado é a carga elétrica contratada junto à concessionária de energia. “É imprescindível uma análise da atual capacidade, principalmente da infraestrutura existente (como quadros elétricos, distribuição e circuitos) para evitar sobrecargas.” Quanto ao ar condicionado, Luiz Carlos observa que sua presença é fundamental nos ambientes que concentram servidores e demais recursos que trabalham de forma ininterrupta, com a finalidade de “manter uma temperatura adequada e preservar o ambiente”. Já nas salas de informática disponibilizadas aos alunos, o ar condicionado entra mais como um recurso de conforto térmico.

A seguir, o coordenador executivo da Fundação Vanzolini aborda outros itens importantes em infraestrutura.

SALAS DE INFORMÁTICA

Grande parte das instituições utiliza estações completas de computadores para cada usuário. Mas existe ainda a solução denominada Thin Client, que dispensa a necessidade de uma CPU por estação, ligando os equipamentos a um servidor central. “Mas vale ressaltar que este servidor deve ter uma grande capacidade de processamento e redundância, inclusive com a rede lógica estruturada para permitir a troca de informações”, pondera Luiz Carlos. Segundo ele, a solução traz algumas vantagens de custos, já que a mantenedora não precisa pagar licenças dos aplicativos para cada uma das máquinas. No entanto, “é preciso uma rede veloz”.

REDES INTERNAS

Luiz Carlos observa que os equipamentos podem ser interligados em rede sem fio ou por fio. Este permite “maior performance e velocidade” (dependendo, é claro, do plano de acesso à internet). Já o sem fio é “ideal para computadores móveis” e permite que as aulas sejam ministradas em diferentes locais. Mas é preciso que os pontos de acesso (AP’s) garantam a conexão simultânea de persos computadores.

BANDA LARGA

Os serviços de banda larga variam em cada região e de acordo com o pacote das operadoras, mas o importante é ficar atento à “capacidade de conexão e velocidade”, diz. Com a busca cada vez maior de conteúdos audiovisuais (vídeos), “essa questão é crucial para o bom desempenho”, ressalta. Segundo Raul Muñoz, do Peretz, a região da Vila Mariana, onde estão instaladas as unidades do Colégio, apresenta serviços precários de banda larga, o que gera problemas constantes aos usuários. Uma dica do coordenador Luiz Carlos é “evitar downloads pesados em horários comerciais” ou concentrar em uma única máquina o acesso a conteúdos audiovisuais, que podem ser repassados aos alunos através de projetores.

SOFTWARES

Luiz Carlos indica os aplicativos típicos de automação de escritório (como editor de texto, planilha etc.), ferramentas de colaboração, interação e de controle em sala de aula, de gerenciamento de turmas, os controles de acesso a aplicações e sites, bem como soluções de segurança (antivírus e filtro de conteúdo). No Colégio Peretz, foi contratado um pacote anual diferenciado (por volume) para a renovação das licenças de softwares, de forma a que não fique tão onerosa.

SISTEMAS DE SEGURANÇA

O coordenador de tecnologia recomenda “a segmentação de camadas computacionais” e, para controle de acesso, firewall (dispositivo de segurança) e cadastramento de usuários, com políticas específicas e senhas. O Colégio Peretz mantém o servidor do administrativo separado do pedagógico e, mesmo neste, o aluno precisa de login e senha para acesso. Finalmente, cada computador de uso do estudante possui um software de restauração de dados (e proteção contra conteúdos indevidos, vírus etc.).

SAIBA MAIS

Luiz Carlos Gonzalez
[email protected]

Raul Muñoz
[email protected]

 

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