Mãe Stella é a primeira homenageada da Flica
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4ª edição do evento traz novidade: a cada ano um escritor brasileiro ganha o título de honra
A Flica apresenta pela primeira vez em quatro anos o autor homenageado do evento, cerimônia que permanecerá nas próximas edições. A escolhida foi a escritora, enfermeira e Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, Maria Stella de Azevedo Santos, conhecida como Mãe Stella. Aos 89 anos, a baiana nascida em Salvador declara-se lisonjeada por fazer parte desse marco de estreia da Festa.
“É uma coisa muito boa quando a gente se junta com os bons… a Flica vai engrandecer a cidade [de Cachoeira] e o estado [da Bahia] e aumentar ainda mais a fé e a simpatia que vocês emanam”, disse. Mãe Stella já publicou os livros: E daí aconteceu o encanto, Meu tempo é agora, Òsòsi, o caçador de alegrias, Òwe-Provérbios, Epé Laiyé, terra viva, e Opinião – que reúne seus artigos escritos quinzenalmente para a coluna Opinião do Jornal A Tarde.
Em toda sua vida, ela ganhou muitos prêmios e louvações. Trabalhou por três décadas como profissional da saúde pública, foi e é entusiasta e empreendedora do poder da educação, do ensino regular, para a evolução e emancipação de todos, sobretudo para combater a ignorância, mal que tantas perseguições impuseram à sua religião e às raízes étnicas africanas. Em suas próprias palavras: “o ignorante é assim mesmo: é insolente, grosseiro nos gestos, nas palavras ou nas ações”. Foi assim que alcançou a posição de Iyalorixá no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, localizado no bairro de São Gonçalo do Retiro, que foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Mãe Stella, pela tradição que ela tão bem manteve e por sua militância e excelência como escritora e pensadora, representa o resgate da etnicidade dos povos iorubás – unidade étnica que atualmente conta mais de 30 milhões de indivíduos espalhados pelo mundo. Eles, que não tinham unidade imperial, foram escravizados e enviados da Nigéria para o Brasil, especialmente para Salvador, onde formaram, no início do século XIX, o maior grupo étnico de origem africana.
Ela mantém vivo o encontro que teve em 1981, quando foi ao país africano, especificamente à capital de Osun, Osogbo, e visitou também histórica cidade de Ifé. No momento em que pôs os pés naquele grande centro urbano deu-se um sagrado resgate, a reconciliação de laços perdidos por dois séculos de diáspora, o reencontro efetivo entre tradições de um mesmo povo separado por um oceano. Um momento épico de uma história que precisa ser mais e mais lembrada e louvada, pois nas raízes de Ifé estão as mais sólidas raízes da cultura soteropolitana, cultura que tem nela sua mais importante majestade.
Além de toda a importância étnica e religiosa, Maria Stella de Azevedo Santos é titular da cadeira 33 da Academia de Letras da Bahia desde 2013, cadeira que tem Castro Alves como patrono; é Doutora Honoris Causa pela UFBA e pela UNEB, as duas maiores universidades da Bahia. Além da viagem citada, empreendeu diversas outras, entre as quais merece destaque sua presença na Semana Brasileira na República do Benin, em 1987, ao lado de Pierre Verger, em que foi recebida com as honras devidas a sua posição de chefe religiosa, posição que ocupa oficialmente desde 19 de março de 1976, quando se tornou a quinta Iyalorixá do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá.
Em breve serão divulgados os dias de sua presença durante a Flica 2014, que acontece entre 29 de outubro a 2 de novembro. Saiba mais pelo site www.flica.com.br
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