Mudança de ano: momento para incentivar os sonhos coletivos
O período festivo e de renovação nas esperanças que vivemos é uma excelente oportunidade para estimular nos alunos algo que, tornando-se um hábito, pode levar a grandes mudanças sociais no futuro: os sonhos coletivos.
Eles são importantes por, em primeiro lugar, ensinar aos estudantes a diferença entre querer ou ter desejos e verdadeiramente sonhar com algo. O sonho diz respeito àquilo que tem muito valor para quem anseia, mas que não é fácil de ser conquistado. Porém, a grande lição dos sonhos coletivos é que, com diálogo e planejamento, eles podem ser alcançados.
Elaborar e cumprir um planejamento leva à compreensão sobre a importância do tempo para realizar algo, desconstruindo a ideia de que tudo precisa ser alcançado imediatamente, incentivando a postura de que é importante conseguir recursos e tomar atitudes positivas a fim de se conquistar o que deseja.
Além disso, não falamos aqui de sonhos individuais, que dizem respeito a apenas um aluno, e sim coletivos, ou seja, aqueles que representam um anseio comum entre os colegas de uma sala de aula, os estudantes de mesmo ano letivo ou mesmo de toda a escola, e que podem incluir os familiares, corpo docente e até a comunidade do bairro.
Podem ser considerados sonhos coletivos o desejo de fazer um passeio com a turma, de reunir os pais e responsáveis para uma confraternização festiva ou mesmo a reforma ou criação de um ambiente para ler, ouvir música ou brincar na própria escola. A definição é dos alunos, sempre pensando nos interesses coletivos.
Neste ponto, é muito importante o papel do educador, que precisa compreender e direcionar os alunos para identificar o sonho, considerar quais ações precisam ser tomadas para que ele seja alcançado e mediar o diálogo entre os estudantes, valorizando o respeito aos anseios e as opiniões dos outros, incentivando dessa forma o amadurecimento e o aprendizado em conjunto.
Iniciativas como essa geram a diminuição da individualização, comumente notada quando os alunos se isolam, sozinhos ou em grupos, o que pode levar a dificuldade de socialização e ao bullling, algo que pode – e deve – ser trabalhado no ambiente escolar. Além disso, a consciência de que é preciso poupar para conquistar leva à valorização e preservação dos ambientes e recursos que o aluno tem ao seu dispor, comportamento que levam por toda a vida.
Assim os alunos compreendem a importância da união para realizar algo que diz respeito ao bem-estar coletivo, fundamentados no respeito e na esperança de um futuro melhor. Durante a definição e execução do planejamento, reconhecem o dinheiro como um meio para conquistar coisas positivas, e não um fim em si mesmo. Isso é ter educação financeira.
Reinaldo Domingos, mestre em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro, e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.