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Guia para Gestores de Escolas

Necessidades contemporâneas: Como inserir o empreendedorismo na rotina escolar?

Por Rafa Pinheiro / Fotos Divulgação

Protagonismo, proatividade, desenvolvimento (pessoal e coletivo), resolução de problemas e autonomia – essas características ganham centralidade na atualidade, sobretudo a partir das mudanças que despontam nas diversas áreas sociais. Dessa forma, novas dinâmicas adentram as salas de aula, como por exemplo a educação empreendedora, com o intuito de expandir os conhecimentos e as competências dos estudantes para um mundo em constante transformação

No cenário atual, observamos, cada vez mais, alterações significativas ganhando forma no sistema educacional. Nos últimos anos, em especial, as discussões acerca da necessidade de (re)estruturações, metodologias diversas e ações disruptivas que perpassem todos os corredores de um colégio, ressaltam a urgência em repensar a educação e os seus propósitos. E, com isso, buscar caminhos para melhor preparar os alunos e as alunas para os desafios e as demandas de um futuro próximo.

Nesse sentido, trazemos, neste especial da Conversa com o Gestor, a temática do empreendedorismo e os seus desdobramentos no contexto escolar. Tendo a temática uma abordagem transdisciplinar, reunimos profissionais que atuam em várias áreas da educação e questionamos: Qual a importância de trabalhar aspectos do empreendedorismo no contexto escolar e como inserir a temática no cotidiano das instituições de ensino?

 

Cintia Bagatin Lapa – Diretora adjunta educacional da FTD Educação

“Atualmente, é muito importante trabalhar o empreendedorismo na escola como parte integrante do currículo, pois prepara os estudantes para o desenvolvimento de habilidades como resolução de problemas e instiga a iniciativa, preparando-os para os desafios do mundo real. Além de estimular a criatividade, a colaboração, a autonomia, a comunicação e a adaptabilidade, fomentando a cultura empreendedora.

A escola pode desenvolver projetos que incorporem a cultura do empreendedorismo, onde seja incentivada a tomada de decisões, a resolução de problemas e o trabalho em equipe. Pode oferecer espaços com mentoria e aconselhamento sobre novas profissões, feiras, eventos e palestras sobre empreendedorismo trazendo especialistas para compartilhar experiências. Fomentar a inovação para desenvolvimento da criatividade na busca de novos serviços ou produtos pode influenciar no desenvolvimento econômico e social tanto na comunidade escolar quanto local.”

Cintia Bagatin Lapa – Diretora adjunta educacional da FTD Educação 

 

Adriana Baraldi – Professora de Gestão Empresarial e Empreendedorismo no Ensino Médio do Colégio Miguel de Cervantes

“As habilidades necessárias para ‘colocar algo em desenvolvimento e/ou execução’, ou seja, para empreender, são importantes em diferentes contextos, inclusive no escolar, pois tais habilidades, uma vez desenvolvidas, preparam a pessoa para assumir riscos, ser resiliente diante do fracasso e sempre buscar novas oportunidades. Empreender está relacionado a inovar, fazer algo novo, diferente daquilo que se já mostrou interessante, mas que não atende mais às necessidades sociais, econômicas e/ou ambientais. Portanto, a escola não pode ficar afastada dessa realidade.

Há alguns anos, o Colégio Miguel de Cervantes, em São Paulo, traz para o contexto escolar o empreendedorismo, relacionando-o à demanda por sustentabilidade em suas três dimensões: a social, a econômica e a ambiental. Tratamos a temática por meio de diferentes iniciativas, dentre elas a oferta de um Itinerário Formativo cuja estrutura interdisciplinar forma o estudante para empreender no mercado de cosméticos, mostrando a ele a aplicação da Química e da Comunicação Social no ambiente de negócios brasileiro.

O Colégio também oferece formação empreendedora por meio da disciplina de Gestão Empresarial. Nessa, após receberem conteúdo sobre Formatos Organizacionais, Recursos Humanos, Finanças e Contabilidade, Marketing e Gestão de Operações, os estudantes elaboram um trabalho de pesquisa autoral cujo objetivo é investigar a situação real de uma empresa a sua escolha, à luz do repertório aprendido na disciplina. Desse modo, Gestão Empresarial é trabalhada sob os conceitos de Sustentabilidade, Mudança, Ética e Criatividade, alinhados à realidade global que demanda inovar para transformar.

O trabalho de aspectos do empreendedorismo no contexto escolar prepara o estudante para atuar de maneira autônoma e ética diante da vida, postura fundamental ao convívio em sociedade. Cabe às instituições criar o ambiente adequado para o trabalho com significado, tanto para o Ensino Médio como para o Ensino Fundamental.”

Adriana Baraldi – Professora de Gestão Empresarial e Empreendedorismo no Ensino Médio do Colégio Miguel de Cervantes

 

Valquíria Monte Cassiano Rizzo – Coordenadora do Grupo de Empreendedorismo, Sustentabilidade e Inovação do Senac São Paulo

“A integração de aspectos do empreendedorismo no contexto escolar desempenha um papel importante no desenvolvimento dos estudantes, preparando-os para os desafios do mundo contemporâneo e proporcionando não apenas uma compreensão prática de conceitos econômicos e de negócios, mas também habilidades essenciais, como identificação de oportunidades, criatividade, pensamento crítico, resiliência e trabalho em equipe. Ao inserir o empreendedorismo na educação profissional, os alunos têm a oportunidade de aplicar conhecimentos teóricos a situações do mundo real, estimulando o espírito inovador desde cedo. Essa abordagem contribui para a formação acadêmica, além de promover uma mentalidade empreendedora valiosa em diversas esferas da vida adulta.

Para integrar efetivamente o empreendedorismo nas instituições de ensino, é fundamental adotar métodos de ensino práticos, promover projetos interdisciplinares e incentivar parcerias com o mercado, proporcionando aos estudantes experiências concretas que ampliem sua visão sobre oportunidades e desafios no mundo dos negócios.

No Senac São Paulo, destacamos o Empreenda Senac como um dos projetos mais notáveis. Criado em 2008, esse programa tem como objetivo desenvolver uma cultura empreendedora nos alunos de maneira prática e já impactou mais de 60 mil estudantes até o momento. Abrangendo categorias como Programa Senac de Aprendizagem, Ensino Médio Técnico, cursos técnicos e ensino superior, o Empreenda Senac tem sido um catalisador para inúmeras startups, projetos e ideias inovadoras ao longo dos anos.

Dois bons exemplos são: a equipe Analogia, da unidade de Ribeirão Preto (no interior do estado), cuja missão foi tornar acessíveis para pequenas e médias empresas tecnologias e aplicativos baseados em inteligência artificial. Já a equipe Me Traduza, da unidade Francisco Matarazzo (na capital), desenvolveu um software de tradução de libras para português e vice-versa, incorporando tecnologia de leitura de imagens para traduzir textos físicos. Esses casos demonstram o impacto positivo do Empreenda Senac na formação de empreendedores e na promoção de soluções inovadoras, destacando o compromisso contínuo da instituição com a excelência educacional e o estímulo ao empreendedorismo entre os estudantes.”

Valquíria Monte Cassiano Rizzo – Coordenadora do Grupo de Empreendedorismo, Sustentabilidade e Inovação do Senac São Paulo

 

Sarah Willemes – Coordenadora da Escola Carolina Patrício

“Projetos de empreendedorismo na escola trazem ao jovem a possibilidade de participar de atividades colaborativas que reflitam um interesse comum: o desenvolvimento de produtos ou de serviços inovadores. Através da busca de soluções factíveis, os alunos se mobilizam como protagonistas em todo o percurso, desde a concepção da ideia até o produto final, sempre trabalhando de forma interdisciplinar e articulando diferentes campos de saberes. Desse modo, o empreendedorismo precisa permear o planejamento das disciplinas do Ensino Médio, criando uma teia transdisciplinar entre as áreas da Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas.

Na Escola Carolina Patrício, no Rio, trabalhamos o empreendedorismo em dois momentos. Na 8ª série do Ensino Fundamental, os alunos entram em contato com a disciplina na aula intitulada Empreendedorismo Social. Já nos Itinerários Formativos do Ensino Médio, eles entram em contato com a temática do empreendedorismo sustentável e são estimulados a ter o olhar voltado para o ESG. Seguimos a proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Novo Ensino Médio, que reforça a necessidade da utilização de estratégias e procedimentos matemáticos para interpretar e solucionar situações cotidianas, com decisões pautadas nos pilares da sustentabilidade e no uso da tecnologia de forma consciente.

Ao estabelecermos uma convergência dos princípios da BNCC tanto para área de Matemática quanto para os Itinerários Formativos e os aliarmos aos valores da ESG, estamos promovendo projetos de empreendedorismo sustentável. Os adolescentes precisam entender e integrar princípios de finanças em ações e soluções sustentáveis, enxergando que o sucesso ambiental só se materializa se gerar sucesso financeiro para comunidade que estiver envolvida. Hoje, um projeto sustentável precisa agregar oportunidade de geração de valor e renda, ser viável e impactar positivamente o meio ambiente, à medida que promove a redução de uma externalidade negativa qualquer.

Para formar cidadãos conscientes acerca das demandas da comunidade ao seu entorno, é fundamental que as instituições de ensino insiram o empreendedorismo em sua grade, ainda mais com o foco em ESG. Este é um caminho para um futuro sustentável e em conformidade com as questões ambientais.”

Sarah Willemes – Coordenadora da Escola Carolina Patrício

 

Juarez Junior – Co-founder e head de educação da Jovens For Schools

“Pensando no contexto escolar, nós da área da educação percebemos, ao longo dos últimos anos, uma necessidade muito grande de desenvolver esses alunos de maneira integral. Para além dos conhecimentos, da parte cognitiva, do acesso à informação, esses alunos passam boa parte da sua vida dentro de uma escola. Percebemos que as escolas estão cada vez mais preocupadas com o desenvolvimento integral dos alunos e, portanto, buscando cada vez mais trazer projetos que ajudem esses alunos a desenvolver nas suas habilidades, nas suas competências e assim por diante.

E esse desenvolvimento integral veio muito a partir da sensibilidade de muitos educadores que compreenderam que esse aluno, por passar muitos anos ali dentro da escola, é um momento muito oportuno para desenvolver esse aluno integralmente. Então, a partir desse olhar sensível de muitos educadores, isso passou a ser uma realidade dentro das escolas.

Por outro lado, para além da sensibilidade de educadores, nós temos visto dados e indicadores que mostram que isso já não é mais uma questão simplesmente de estarmos atentos e, portanto, desenvolvermos esse aluno de maneira integral, passou a ser uma necessidade.

Dados mostram que 40% dos jovens, por exemplo, que têm ensino superior completo, não têm emprego qualificado, segundo a consultoria da IDados. Já uma outra pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), apontou que alunos que desenvolvem competências técnicas ou com conhecimento técnico, 85% desses recém-formados saem das universidades, e não conseguem um trabalho em sua área de formação. Quando percebemos a instabilidade no universo das profissões hoje, onde 8 em cada 10 profissionais pensam em mudar de carreira, nós compreendemos que existe uma necessidade de desenvolver os nossos alunos nas suas habilidades, principalmente as habilidades empreendedoras, afinal, diante de tantas incertezas relacionadas às profissões, de uma única certeza que nós temos, é de que esses alunos precisam dessas habilidades para que eles consigam ser bem-sucedidos, independente de qualquer circunstância.

Mais recentemente, nós tivemos o advento da inteligência artificial, que não é um assunto tão novo assim, porém, por conta do chat GPT, esse tema veio à tona novamente. Bom, diante de tantas disrupções, diante da inteligência artificial, da tecnologia, as profissões vão sofrer mutações cada vez mais relevantes. E, por essa razão, os alunos passarão por circunstâncias das quais nós ainda não conhecemos. Se nós temos uma única certeza, hoje, na área da educação, é de que, de fato, nós precisamos desenvolver os alunos nas suas habilidades empreendedoras para que, independente de qualquer circunstância, qualquer nova disrupção que esteja à nossa frente que nós nem sabemos, eles estejam preparados ainda assim, suas habilidades, para que sejam bem-sucedidos nas suas áreas.

Por fim, quando nós falamos de habilidades empreendedoras, muitas pessoas acreditam que ainda esse assunto se trata de abrir um negócio, construir uma empresa. Na verdade, não. As habilidades empreendedoras são a capacidade desse aluno liderar a si e liderar os outros ao seu redor, é desenvolver protagonismo, coragem, ousadia para tocar os seus próprios projetos. Ele tem habilidades necessárias para que independente de qualquer circunstância ele esteja apto para ser bem-sucedido. Por exemplo, um médico para além de atender o seu paciente e aprender sobre todas as coisas relacionadas à medicina, é muito provável que em algum momento ele tenha uma própria clínica. E se ele tem uma própria clínica ele não é simplesmente um médico, ele é um médico que tem um negócio e ele precisa captar clientes, ele precisa liderar colaboradores. Ou seja, habilidades empreendedoras dentro da educação é desenvolver os alunos de forma integral para que eles sejam bem-sucedidos independente da profissão, independente das circunstâncias.

Pensando de maneira prática, é importante que as escolas separem um tempo, uma vez por semana, para que eles possam desenvolver em sala de aula, através de programas educacionais, para que os alunos desenvolvam essas habilidades, que trabalhem de maneira interdisciplinar, que a escola se envolva em criação de projetos pontuais que aconteçam durante o ano, para que esses alunos também tenham experiências práticas de habilidades empreendedoras. Dessa maneira, desenvolvendo os nossos alunos, certamente nós vamos proporcionar algo que deixem estes estudantes preparados para os desafios da vida real.”

Juarez Junior – Co-founder e head de educação da Jovens For Schools

 

Luiza Sudário – Assessora pedagógica da Mind Makers na SOMOS Educação

“Empreender é muito mais do que ter um negócio: é uma postura voltada à ação e à experimentação; é ter uma ideia e criar os meios para fazer com que ela se torne realidade. Empreender pode ser, por exemplo, aprender a tocar um instrumento ou programar aquela tão sonhada viagem de fim de ano. Já a criatividade, por sua vez, é a habilidade de gerar alternativas, de pensar de quantas maneiras diferentes podemos fazer uma mesma coisa. Um empreendedor criativo, portanto, é aquele que imagina, cria, se arrisca, não desiste e realiza suas ideias.

Sabemos que o mundo vem se transformando rapidamente e, com isso, tem sido difícil prever o que vem pela frente. Mais difícil ainda é formar jovens que estejam preparados para lidar com a realidade que se apresentará, junto ao conjunto de todas as incertezas e transformações que ela acarreta. É por isso que uma educação empreendedora e criativa se torna cada vez mais um caminho necessário a ser trilhado em sala de aula: ela prepara os estudantes para adotarem uma postura autônoma, trabalharem em equipe com empatia e colaboração e, equilibrando o planejar e o fazer, se adaptarem a qualquer situação, atuando em diversos cenários.

Trabalhar com empreendedorismo criativo nas escolas é uma forma de trazer todos esses tópicos para dentro da escola. Ao inserir o empreendedorismo em sala de aula, o professor vai ajudar seus alunos a desenvolverem o pensamento científico, crítico e criativo; a comunicação; o autoconhecimento; a empatia e a colaboração. Tudo isso pode ocorrer por meio de aulas dinâmicas, sempre relacionadas a um repertório atual e a cases reais do mercado, para que os jovens possam, além de aplicar os conhecimentos durante o período escolar, reconhecerem-se dentro do contexto em que estão inseridos e traçarem caminhos futuros.

Assim, entendendo os níveis de complexidade do mundo contemporâneo, não é possível encarar a educação como algo exclusivamente acadêmico. Educar é, sobretudo, capacitar os jovens para lidarem com autonomia, flexibilidade e responsabilidade de seus anseios, suas relações e suas emoções. A imprevisibilidade do mundo atual, não só no presente, mas em seu futuro profissional.”

Luiza Sudário – Assessora pedagógica da Mind Makers na SOMOS Educação

 

Saulo Pereira – Consultor pedagógico do Laboratório Inteligência de Vida (LIV)

“Como a sua escola lida com erros? Como funciona a participação dos estudantes nos assuntos da escola? São nutridos, no ambiente escolar, a autonomia, a curiosidade, o pensamento crítico, a comunicação e a colaboração? As iniciativas e questões dos alunos são rechaçadas ou escutadas? Existem espaços de fala e escuta na escola? O que, é claro, não significa adesão imediata a seus planos e queixas – e isso os ensina também sobre dialogar e lidar com frustrações. Começo com estas perguntas porque alguns destes aspectos definem o que empreender significa. Aprender sobre empreendedorismo não se limita a criar futuros empresários, mas sim a equipar os estudantes com ferramentas valiosas para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

Sendo assim, um passo importante para a introdução desta temática nas instituições de ensino é encará-la de maneira holística. Empreender pode ser visto, antes de mais nada, como ser capaz de identificar e resolver problemas, onde são necessárias capacidades analíticas e criativas. Em seguida, considere a seguinte situação: uma pessoa faz parte de uma equipe em uma empresa ou no setor público, onde precisa apresentar um projeto ou produto para possíveis financiadores. Neste cenário, é fundamental que ela tenha o seu trabalho bem estruturado e saiba comunicar esta ideia. A colaboração é outro elemento-chave para empreender, porque requer aprender a trabalhar com diferentes vozes e ideias. Por fim, estas habilidades estão também relacionadas a perseverança, a compreensão de processos e com a capacidade de aprender com erros e frustrações.

No contexto escolar, essas habilidades podem ser desenvolvidas através de projetos colaborativos, teatro, júris simulados, ou mesmo iniciativas que impactam a comunidade, como campanhas de agasalhos, doações de alimentos ou fraldas. O ambiente escolar, ao promover tais práticas, não apenas contribui para a formação de futuros empreendedores, mas também para a formação de cidadãos socialmente conscientes. Ao envolver os alunos em projetos que visam ao bem-estar da comunidade, a escola não apenas promove a empatia, mas também incentiva uma visão mais ampla sobre o impacto das ações individuais na sociedade.

Grande parte dos aspectos do empreendedorismo dizem também respeito à educação socioemocional. No Laboratório Inteligência de Vida – LIV, trabalhamos habilidades reconhecidas como fundamentais ao empreendedorismo. A partir das nossas aulas, as escolas parceiras desenvolvem diversos projetos que envolvem as turmas e a comunidade como um todo. Nas aulas LIV, temos atividades de debates, identificação e resolução de problemas, além de desenvolvermos junto aos estudantes as capacidades de planejar e de mudar planos quando necessário. Enfim, acreditamos que é preciso sentido, que a aprendizagem de aspectos do empreendedorismo precisa ser significativa e não estar limitada apenas a um olhar de desenvolvimento individual, mas de todo um ecossistema no qual o aluno vive, se nutre e passa a nutrir.”

Saulo Pereira – Consultor pedagógico do Laboratório Inteligência de Vida (LIV)

 

Márcio Cardia – Diretor do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe Rio)

“Trabalhando na área técnica há mais de 40 anos, percebi a necessidade de conscientizar os alunos sobre a entrada no mercado de trabalho que tanto necessitava, como necessita, de mão de obra especializada, não somente estudantes que fariam o Ensino Médio com o Técnico, assim como os milhões de adultos que pararam de estudar no meio do Ensino Médio ou somente fizeram o Ensino Médio.

Precisavam e precisam se qualificar para o ingresso, assim como para se manterem no emprego. Por outro lado, os alunos do Ensino Médio passam a ter a oportunidade de concluir em concomitância com o técnico e, em breve, já se manterem para, quem sabe, ajudar a família com os estudos do nível superior.

Sendo assim, a introdução de como devem se comportar diante do que a vida lhes reserva. O empreendedorismo no contexto escolar precisa ter papel preponderante para a formação de pessoas mais adaptadas ao cenário que se apresenta cotidianamente.

Empreender não significa montar empresas e, sim, torná-los aptos a dar soluções que a vida profissional apresenta. Se faz necessário que as instituições de ensino técnico tenham parcerias com empresas dos ramos dos cursos que possuem. Desta forma, haverá troca de informações entre a vida acadêmica e a vida profissional.

Conhecendo o mercado, existe a necessidade de uso de novas tecnologias, com todos os recursos existentes disponíveis, de forma que o estudante se encante pelo que ele verá pela frente.

Ferramentas que darão ao aluno a possibilidade de empreender, de tal forma que, além de ajudar a si, ajudará a empresa na qual vai trabalhar. Ao integrar o empreendedorismo na prática das instituições de ensino técnico, estamos contribuindo para a formação de profissionais capacitados para enfrentar os desafios da vida, de forma que suas habilidades lhes darão a segurança necessária para que possam inovar e crescer na vida profissional.”

Márcio Cardia – Diretor do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe Rio)

 

Johanna Vasconcellos de Souza Bakhuizen – Professora de Economia Criativa no Poliedro Colégio

“Ser empreendedor é não apenas ser um proprietário engajado em seu negócio. Empreender é fazer um sonho ou ideia tornar-se uma realidade de sucesso. Essa é a base com a qual trabalho com os alunos do 6º ao 8º ano do Ensino Fundamental no Poliedro Colégio, mostrando a eles que todos os aspectos do empreendedorismo podem ser aplicados em qualquer área que desejem seguir como profissão, afinal, mesmo que desejem seguir o Direito, a Medicina, ou qualquer outra profissão, saber planejar, ser criativo e administrar suas carreiras, ou quem sabe escritórios, os fundamentos do empreendedorismo podem ser de grande valia.

Conceitos como criatividade para gerar inovações e a resolução de problemas; trabalho em equipe com a divisão dos grupos em departamentos similares aos contidos nas empresas; sustentabilidade para pensar em como podemos suprir nossas necessidades sem afetar o meio ambiente; sociedade e economia; são aplicados em projetos de empreendedorismo, desenvolvidos com liberdade de ideias e de execução, junto aos alunos.

Como professora, meu papel é disponibilizar os conceitos e ferramentas para que os alunos consigam desenvolver a autonomia de forma criativa. Um exemplo é o projeto que conclui a trajetória da disciplina no 8º Ano, em que os alunos se dividem em grupos e depois em funções, seguindo suas preferências pessoais, entre Gerência, Marketing, Pesquisa e Desenvolvimento, Design e Financeiro, e criam uma empresa fictícia que envolva uma inovação e os três pilares da Sustentabilidade. Após meses de estruturação, os grupos que se destacam participam de um evento nos moldes do reality show ‘Shark Tank’ e apresentam suas ideias a empreendedores reais e influentes em nossa região. Uma forma lúdica e estimulante de fechar, com entusiasmo, o aprendizado na matéria de Economia Criativa.

Ser Empreendedor é um aspecto importante para todo profissional, que envolve ser curioso para buscar aprendizado constante, organizado para planejar corretamente seu caminho e principalmente criativo para apresentar novas formas de resolução de problemas. Ou seja, vejo como fundamental para o sucesso em qualquer área do conhecimento.”

Johanna Vasconcellos de Souza Bakhuizen – Professora de Economia Criativa no Poliedro Colégio

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