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Guia para Gestores de Escolas

O cérebro que lê é livre

A neurociência tem se aproximado bastante da Educação e vice versa. Muitos estudos, pesquisas científicas, e esforços unem tais áreas do conhecimento.

Esta parceria será bastante promissora principalmente para melhorar um dos principais problemas dos jovens brasileiros: leitura e escrita.
Dados governamentais mostram um índice de analfabetismo entre a faixa etária dos 10 aos 14 anos de  9% da população (de acordo com os dados do IBGE  de 2011). Em reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo,

“ …erradicação do analfabetismo ser meta do Plano Nacional de Educação, foram poucos os analfabetos que aprenderam a ler e escrever entre 2000 e 2010”, diz Antônio Gois, com base nos dados do Censo 2010.

Ainda dados governamentais de pesquisas apontam que a realidade do analfabetismo entre os mais jovens, no Brasil, continua preocupante. Apesar de o governo alegar que na faixa entre 10 e 29 anos, o percentual é de 3,22%, e que sobe para 3,91% entre os 10 e os 14 anos, a realidade não é bem assim… Pelo menos há consenso de que a escola está ensinando a ler muito tarde e muito mal.

Vale a pena lembrarmos, aqui de alguns exemplos da taxa de analfabetismo pelo mundo: Cuba 0,2%, Itália 1,1%, Gabão 12% (dados IBGE e UNESCO).

Se incluirmos, nesse quadro, os analfabetos funcionais, a situação seria ainda mais vergonhosa.

Por outro lado, têm-se dados não governamentais que no Brasil, 75% das pessoas entre 15 e 64 anos não conseguem ler, escrever e calcular plenamente. Esse número inclui os 68% considerados analfabetos funcionais e os 7% considerados analfabetos absolutos, sem qualquer habilidade de leitura ou escrita. Apenas 1 entre 4 brasileiros consegue ler, escrever e utilizar essas habilidades para continuar aprendendo (Referência: INAF – Indicador de Analfabetismo Funcional).

Ainda segundo o MEC, IBGE e INEP, quanto ao analfabetismo, embora  seu índice tenha baixado, “ainda constitui-se num grave problema socioeducacional, havendo a necessidade dos governos federal, estadual e municipal investirem mais em educação, valorizando o ensino fundamental”.

Sim, é importante valorizar, investir esforços no ensino fundamental, mas é explicitamente importante investir nos primeiros anos de vida. Ademais, apenas memorizar o registro de nomes, fazer operações matemáticas simples não fará com que alcancemos nenhum êxito, tampouco o direito a liberdade de escolha e  oportunidades.

Se os alunos não forem incentivados à leitura, à atividades que trabalhem com inteligência, pensamento lógico e capacidade de relacionar temas diferentes, nenhum esforço do governo será válido (Referência: INAF – Indicador de Analfabetismo Funcional). E mais, se ingredientes como afeto, desejo, intenção, estimulação cognitiva não forem minimamente oferecidos e trabalhados as condições para o êxito ficam comprometidas.

E este tipo de êxito se inicia bem antes da entrada no ensino fundamental. Na verdade, inicia antes do berço.
O fato é que nosso governo, nas últimas décadas, tem priorizado a educação do ensino médio e do ensino fundamental em detrimento aos primeiros anos de vida (0-5 anos).
Por outro lado, estudos neurocientíficos de relevância e consenso evidenciam que o investimento nos primeiros períodos de desenvolvimento do cérebro são cruciais. Ora, para ler e escrever contamos com o cérebro, o ambiente de estímulos, com fatores sociais, físicos, psicológicos, neurológicos, educacionais.
Fica simples se usarmos a metáfora da construção de um prédio: se o solo não estiver firme e bem nutrido, e as estruturas não forem feitas com qualidade de material , mão de obra e planejamento apropriado o resultado da construção não será competente. Remendos e “puxadinhos” não são efetivos nem na estética, nem na função, tampouco nos alicerces.

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