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Guia para Gestores de Escolas

O estudo da Epigenética e a Educação

O tema das emoções é, com certeza, um dos assuntos mais amplos no contexto das Ciências Humanas. E o reconhecimento da importância das emoções nos desenvolvimentos cognitivo, cultural, afetivo e motivacional do ser humano é comprovado, além de influenciar todos os relacionamentos humanos. Por isso, conhecer as próprias emoções significa poder lidar melhor consigo e com os outros.

Conhecer a si mesmo significa ter mais possibilidades de entender seus talentos, aptidões e cumprir assim o seu propósito, utilizando as próprias potencialidades e ocupando o próprio espaço no mundo. E o papel do Educador tem uma função essencial nesse processo, pois ele sabe que os alunos não só “pensam”, mas “sentem”.

Confirmando essa ideia, é interessante acompanharmos a pesquisa da Epigenética: “Epi” significa “além de”, então a palavra em sua totalidade significa “além da genética” – e é uma área da biologia. Em 1942, Conrad Waddington cunhou o termo “Epigenética” para descrever a ideia de que a experiência de uma pessoa pode fazer com que seus genes se comportem – ou “se expressem” – de forma diferente.

Ele falava de “paisagem epigenética” e usava uma metáfora de uma pilha de pedras que, se empurradas de uma montanha, podem chegar ao fundo percorrendo trajetos diferentes, e por vezes imprevisíveis, dependendo do terreno que encontram.

Outro pesquisador e biólogo alemão, Thomas Jenuwein, usou uma outra metáfora para, de forma simples, explicar a diferença entre genética e epigenética, colocando a diferença entre escrever um livro e ler um livro. O texto escrito, uma vez estampado, é sempre igual, seria o DNA, enquanto a leitura dele por parte das pessoas, gera interpretações, percepções, ideias e emoções diferentes.

Os genes não definem o nosso destino, mas as influências do ambiente, do tipo de experiências, do estresse e das emoções influenciam a sua expressão. A epigenética estuda a mudança na maneira como um gene é “ligado” ou “desligado” por determinados fatores internos ou externos. Todas as nossas células contêm exatamente o mesmo código genético, mas a maneira como ele é “expressado” pode variar.

Isso reforça o quanto é importante compreender que o ambiente – interno e externo – por meio da educação, do autoconhecimento das emoções, da qualidade dos pensamentos, do aprendizado, das influências socioambientais, das experiências e até da alimentação, influencia na nossa evolução.

Podemos entender, então, porquê as descobertas e as pesquisas da epigenética são tão importantes no contexto da educação e da didática. Especificamente nos processos de aprendizagem e memória são envolvidas mudanças epigenéticas cruciais. Um cérebro corretamente estimulado desenvolve uma rede de conexões dendríticas muito ricas e harmônicas. Nosso comportamento, nossas ações, nossos pensamentos, emoções e reações aos eventos e situações se repercutem diretamente nessas conexões dendríticas.

A qualidade do ambiente em geral favorece o enriquecimento destas conexões e, nesse propósito, a escola e a educação têm um papel direto e muito importante na criação de condições de aprendizado mais harmônicas, onde a atenção às emoções envolvidas nas experiências se torna essencial para o equilibrado desenvolvimento dos nossos jovens.

As emoções se tornam então um recurso para compreender, orientar e, de repente, transformar e redirecionar a própria vida no presente, para dar uma nova forma no futuro. Embora tenhamos os mesmos traços que nos caracterizam como espécie, atravessando o mesmo caminho evolutivo, não perdemos nossa singularidade e a nossa história pessoal, que torna cada ser humano único e inimitável.

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