O TDAH na escola
Por Daniela Barreto de Oliveira Ferreira

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos neurodesenvolvimento mais comuns da infância e pode persistir até a vida adulta. Estima-se que cerca de 5% das crianças e adolescentes em idade escolar sejam afetados (APA, 2014), e muitas vezes esse diagnóstico é rodeado por estigmas, equívocos e negligência.
O Dia Mundial do TDAH, celebrado em 13 de julho, nos convida à reflexão sobre como identificar, acolher e intervir de forma respeitosa e científica, especialmente nos dois ambientes mais importantes da criança: a escola e a família.
Na escola, o aluno com TDAH, frequentemente, enfrenta rótulos e punições injustas. Muitos educadores ainda não sabem identificar os sinais e interpretar os comportamentos relacionados ao transtorno. Isso pode gerar exclusão, baixa autoestima e fracasso escolar.
As principais características observadas em sala de aula são:
- Desatenção: dificuldade de manter o foco por longos períodos, esquecer instruções, erros por descuido.
- Hiperatividade: inquietação motora, sair do lugar, manusear objetos constantemente.
- Impulsividade: interromper a fala dos outros, responder antes da pergunta ser finalizada, dificuldade em esperar a vez.
Algumas estratégias pedagógicas eficazes podem ser adotadas pelos professores para auxiliar esses alunos, como:
- Usar instruções curtas e claras.
- Permitir movimento planejado (ex.: pedir que leve algo à coordenação).
- Propor atividades com tempo adequado à capacidade de concentração.
- Usar reforço positivo em vez de punições.
- Incentivar a criança a manter rotinas visuais e registros escritos.
- Realizar adaptações em avaliações e provas.
A formação dos professores sobre neurodesenvolvimento e o trabalho em parceria com as famílias são fundamentais para garantir inclusão e aprendizado real.
O diagnóstico do transtorno deve ser feito com cautela, por profissionais especializados (neuropediatra, psiquiatra infantil, psicólogo, neuropsicopedagogo) para evitar equívocos, com base em entrevistas clínicas, observações, testes psicológicos e relatórios escolares.
Um diagnóstico precipitado ou incorreto pode levar à medicação desnecessária, rotulagem indevida e abandono de intervenções terapêuticas mais adequadas. Da mesma forma, a falta de diagnóstico também traz prejuízos sérios, pois a criança pode ser rotulada como “problemática” e desenvolver baixa autoestima, ansiedade ou fracasso escolar.
Daniela Barreto de Oliveira Ferreira
Mestre em Educação, Pedagoga, Neuropsicopedagoga, Psicopedagoga, Neuroterapeuta, Especialista em Neurociência e Análise do Comportamento Aplicada (ABA), CEO do Instituto Neuroestar, do Consultório Cognitivo, criadora do Neuroestarcast.