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Guia para Gestores de Escolas

Opinião: Articulação curricular e as implicações do ensino por competências

Durante muitos anos vivenciamos um sistema de ensino pautado em memorização: os conteúdos eram ministrados sem estratégias de aprendizagem, poucos docentes trabalhavam a empatia perante seus alunos, além de não haver o trabalho de interação entre as áreas de conhecimento, que é um dos principais fatores para desenvolver uma metodologia de ensino para a vida. Afinal, quando se vai preparar uma receita alimentícia, por exemplo, você precisa unir Língua Portuguesa, Matemática, Física e uma pitada de Química, mas essa comida faz parte de que cultura? Por quem ela foi criada? E aí, consegue ver um pouco de História, Geografia, Filosofia e Sociologia? Ainda mais, será que tem algum ingrediente escrito em língua estrangeira? Ops, esse alimento faz bem ou mal para o meu corpo? Santa Biologia e a famosa Educação Física, hein? Consegue perceber a interação agora? Mas, então, por que na escola é diferente? São anos estudando os conteúdos e suas respectivas áreas separadamente, porém, na vida, eles são integrados.

Nesse contexto, implementar uma cultura de articulação curricular, de interdisciplinaridade, de trocas de conhecimentos, implica que se reflita sobre o papel específico da escola. Dessa forma, é de extrema importância uma organização em todos os campos curriculares, para que sejam alicerçados no trabalho colaborativo e, assim, construir uma escola mais ativa, mais coesa e que nunca perca a função de emancipadora social e de promover transformação.

As mobilizações para desenvolver a articulação curricular nas escolas não são tão simples, mas um dos grandes pilares que compõem essa estrutura, é o ensino por competências, que também traz consigo a necessidade de grandes modificações na sistematização do ensino. Essa discussão acerca da formação dos jovens dentro da proposta do ensino por competências e a possibilidade de constituir um fazer voltado a ações para a transformação do indivíduo no seu meio social, visando um cidadão autônomo, solidário e competente, coloca-nos diante da seguinte indagação: Os educadores necessitam estar preparados para atuarem dentro da educação multidisciplinar e interdisciplinar.

Articulação curricular propõe uma educação multidisciplinar e interdisciplinar

Diante desse debate, é importante reconhecer que tal metodologia propicia a construção de saberes, ajuda a identificar as qualificações desenvolvidas e permite aos alunos se (re)apropriar do percurso formativo. Tal mudança de paradigma de ensino é uma evolução na maneira de pensar a educação e de como a educação acontece. Nesse contexto, acontece a migração de uma concepção de aprendizagem organizada sobre conteúdos disciplinares para um ensino que visa a formação em prol do desenvolvimento de competências, capacidades e habilidades do aluno para lidar com os desafios e possibilidades da vida cotidiana, além de pensantes, gestores da própria vida e não simplesmente acumuladores de dados.

As escolas que possuem no currículo o ensino propedêutico e o técnico devem compreender que a articulação curricular e o ensino por competências e habilidades são pontos chaves. Mas esses pontos não podem ficar no papel, eles precisam fazer parte da vivência prática e diária da instituição. Assim como as áreas de conhecimento da BNCC devem se integrar, os componentes curriculares da técnica também precisam realizar essa interação, afinal, para que o aluno desenvolva algum trabalho na vida e na profissão, ele precisará unir a maioria dos conhecimentos adquiridos. Além da integração das áreas da BNCC e dos componentes curriculares da Técnica, a articulação acontece efetivamente, quando se muda o pensamento da visão por “parte” para a visão da totalidade, dessa forma, deve ser realizada a articulação das “partes”: BNCC + Técnica + Demandas do Setor produtivo + contexto local. Porém, como realizar essa articulação? Por onde começar? Essa resposta é simples: Competências e Habilidades. Exatamente isso, são as competências e habilidades que formam o caminho, mas, para isso, o corpo docente precisa estar preparado para montar e trilhar esse caminho.

Por Kym Kanatto Gomes Melo (Gestor em Tecnologias na Comissão Executiva de Educação Técnica da Paraíba) e Kaline Serrao (Gestora Pedagógica na Comissão Executiva de Educação Técnica da Paraíba)

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