Os neurônios-espelho e a aprendizagem
Os neurônios-espelho foram descobertos em 1994 pelo neurocientista Giacomo Rizzolatti e sua equipe de pesquisadores da Universidade de Parma, na Itália. Essa classe específica de neurônios é ativada no cérebro quando uma ação é executada e também quando é observada enquanto é realizada por outras pessoas.
Os pesquisadores descobriram neurônios que espelham em nosso cérebro as ações que nós vemos no outro, iniciando uma espécie de simulação interna daqueles atos. A simples observação destas ações ativava as mesmas regiões no cérebro dos observadores, normalmente estimuladas durante a ação. Elas são acionadas quando alguém observa uma ação de outra pessoa, e permitem não apenas a compreensão direta das suas ações, mas também das suas intenções.
Os neurônios-espelho do observador “refletem” o comportamento contemplado como se o próprio observador sentisse e percebesse a mesma experiência e as mesmas sensações daqueles que realizaram a ação, como se também o observador a estivesse realizando.A descoberta dos neurônios-espelho nos leva a uma redefinição do processo de ensino-aprendizagem e nos permite compreender como percebemos e entendemos os outros, convidando-nos às novas reflexões no campo pedagógico – a compreender melhor como esse conhecimento influencia e amplia o que achamos necessário ensinar, e, acima de tudo, como ensiná-lo especialmente na primeira infância.
O estudo dos neurônios-espelho coloca em evidência a importância do desenvolvimento e da aquisição dos conhecimentos das crianças, da experiência prática, em especial a experiência motora.
O ser humano é capaz de reconhecer o outro como semelhante a si mesmo.
Ativamos os neurônios-espelho também na percepção das emoções dos outros, na observação das expressões do rosto, dos gestos, no tom de voz e nas posturas. A capacidade de codificar instantaneamente essas expressões da linguagem não verbal, permite ao ser humano ser capaz de agir, com base em um mecanismo chamado de “participação empática”, pois a compreensão das emoções que observamos nos outros despertam também no observador a manifestação “espelho” das mesmas emoções.
Em síntese, a observação e a compreensão das emoções do outro ativa no observador o mesmo substrato neural ligado à vivência direta da mesma emoção. Os neurônios-espelho nos ajudam a compreender o que o outro está sentindo e, consequentemente, nos ajudam a entrar em empatia, evidenciando a capacidade que temos de estabelecer ressonâncias com as outras pessoas e de construir de forma positiva relacionamentos interpessoais, uma comunicação poderosa e uma aprendizagem eficaz.
Considerando tudo isso, como educadores, devemos necessariamente nos perguntar quais estratégias e formas de relacionamentos favorecem o melhor aprendizado na sala de aula, e que tipo de ambiente, contexto e ações são necessários para educar de maneira intencionalmente eficaz.
Hoje sabemos que muito do processo de aprendizagem acontece por meio dos neurônios-espelho, portanto por imitação. Quanto mais nós, educadores, sabemos dessa relação, mais atento ficaremos às nossas atitudes, comunicações, emoções e comportamentos. Quanto mais o educador demostra compaixão, confiança e amor, mais a criança se sintoniza nessas emoções positivas e de apoio para si e para os outros, criando a longo prazo uma autoimagem positiva de si, um sentimento construtivo de autoeficácia, uma visão colaborativa e segura das relações com os outros e uma visão confiante do mundo.