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Guia para Gestores de Escolas

Perfil da Escola

Matéria publicada na edição 02 | Março 2005 – ver na edição online

Do sonho à realidade

Seguindo os preceitos do método Montessori, a Prima quer que seus alunos aprendam com prazer.

Espaços amplos, muito verde, salas claras e arejadas. O ambiente chama a atenção de quem conhece a Prima Escola Montessori de São Paulo pela primeira vez. Reconhecida por adotar o método Montessori de ensino, a Prima existe há 24 anos e é sócia fundadora da Organização Montessori do Brasil (OMB) e filiada à American Montessori Society (AMS). Faz parte, também, do programa de escolas associadas à Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura).
Tudo começou com o sonho de cinco professoras que trabalhavam na Escola Pacaembu. Para conseguir o capital necessário para montar a escola, o grupo partiu para a venda de materiais didáticos, ministrando também cursos para que os professores soubessem usá-los. Fortalecidas como equipe, elas decidiram então partir para a concretização do sonho da própria escola e começaram a procurar um local adequado para montá-la. “Tínhamos um ideal pedagógico e queríamos um espaço onde ele pudesse acontecer, com muita área verde”, lembra Edimara de Lima, diretora pedagógica da Prima. Após a saída de duas sócias, hoje a Prima é dirigida por Edimara, Victoria Ayroza Saracchi, diretora administrativa-financeira, e Maria Angelina Franceschini Brandão, diretora de marketing e atendimento.
Até hoje as três se divertem lembrando de como encontraram a casa apropriada para montar seu sonho. Já tinham visitado muitos endereços, nos mais diversos bairros de São Paulo, e nenhum deles as satisfazia. Até que um corretor contou de uma casa, fechada há três anos, que o proprietário não alugava para ninguém. “Mesmo assim, fizemos o corretor nos mostrar a casa. Adoramos, fomos conversar com o proprietário, explicamos o nosso projeto, e ele respondeu: ‘Me agrada muito ver crianças correndo nesse jardim’. O resultado é que estamos aqui até agora”, recorda Victoria.
Foi uma decisão corajosa das proprietárias: o bairro do Jardim Prudência, na zona sul da cidade, na época era pouco habitado, quase uma periferia. “Viemos para um bairro onde não éramos conhecidas profissionalmente. Nossa opção foi mais emocional e pouco comercial”, comenta Edimara. Elas começaram com três alunos e, para reforçar o orçamento, davam cursos de educação Montessori para professores e escolas.
Hoje, a Prima atende cerca de 200 alunos, do berçário à 8ª série. Para Edimara, o público que escolhe a Prima é formado por famílias que investem na educação dos filhos, mesmo que isso represente um peso grande no orçamento doméstico. “A imensa maioria dos pais têm formação universitária e confiam no método”, comenta. Trabalhando com um grupo pequeno de clientes, as sócias acreditam que conseguem ter uma relação bem próxima com eles. Elas comparam o relacionamento que têm com os pais com o do comerciante de bairro de antigamente, que conhecia seus clientes pelo nome. “Nunca quisemos ser uma escola grande. Focamos nosso trabalho no atendimento individual, esse é o nosso diferencial. Aliás, o mercado pede que as escolas firmem uma posição, e não que andem conforme a moda”, afirma Angelina. Principalmente nos anos 70 até meados dos 80, era comum escolas se dizerem montessorianas – sem, contudo, adotarem realmente o método. “Por isso colocamos Montessori no nome, para que nossa linha ficasse bem definida”, conta.

Prazer em aprender
Na opinião das sócias, normalmente, os pais chegam até a escola por indicação de alunos ou porque procuram uma escola que trabalhe diferente. “Mas, os pais conhecem muito pouco de qualquer metodologia de ensino. O objetivo maior das metodologias é praticamente o mesmo. O que difere são os procedimentos, os caminhos escolhidos para se alcançar o mesmo objetivo”, conta Edimara.
Na Prima, não há provas, o que, a princípio, causa ansiedade nos pais. Os alunos são avaliados constantemente. “Muitos alunos chegam aqui e acham que nunca mais precisarão estudar, já que estudavam apenas para satisfazer o momento da prova. Depois percebem que precisam estudar no dia-a-dia”, diz Angelina. Outra preocupação dos pais é se o aluno, após concluir o curso na Prima, conseguirá acompanhar o ensino médio em outras escolas. Angelina lembra que, após a 8ª série, os alunos procuram diversas opções de colégios para cursar o ensino médio, com ótimos resultados. “A escola Montessori dá a fundação para o aluno, privilegiando o autoconhecimento e a questão organizacional. O foco do Sistema Montessori é a auto-educação, acreditar que o indivíduo constrói seu próprio conhecimento”, afirma.
O professor não tem o poder de controlar o aprendizado. O fundamental é o prazer em aprender. “O aluno é a pessoa mais importante em sala de aula. O professor está ali para servir”, comenta a diretora. Todas as professoras da escola são pedagogas, algumas com pós-graduação em psicopedagogia. Recentemente, sete professoras terminaram uma pós-graduação em dificuldades de aprendizagem. Na visão da Prima, o aluno precisa de um professor que teve sua autonomia desenvolvida, para que se forme uma cadeia de respeito entre eles. “Uma das grandes dificuldades das escolas é justamente promover o investimento no professor”, avalia a diretora pedagógica Edimara.
Além do aperfeiçoamento constante dos professores, chama a atenção também na escola a relação entre professores e o número de alunos. No berçário, são três bebês para um adulto e no grupo de três a seis anos, 10 crianças para uma professora. Por sala, há entre 3 e 5% de crianças com dificuldades específicas. A estrutura das salas de aula do Ensino Fundamental II também é diferenciada. Há computadores ligados à Internet, revistas e dois jornais diários. A biblioteca não é um ambiente distinto, formal, mas também está dentro das salas de aula.
Uma escola diferenciada como a Prima, enfrenta, porém, problemas semelhantes à maioria das instituições de ensino. A inadimplência, por exemplo, existe e é administrada caso a caso. “Nunca enviamos cartas através de advogados. Entendemos o problema financeiro que muitas famílias passam. Conversamos e oferecemos uma solução, que pode ser uma bolsa ou a troca de serviços temporária. Já chegamos a ter pais que acabaram de pagar o curso depois do filho formado”, conta Victoria, lembrando que é comum a situação de pais que receberam bolsas procurarem a escola, depois de um tempo, contando que sua situação financeira melhorou e que a bolsa pode ser diminuída.
Para as diretoras da Prima, a relação entre a escola e seus clientes é muito diferente do comércio com seus devedores. “O comércio pode tirar o produto do cliente por falta de pagamento. Como uma escola pode tirar o conhecimento de seus alunos?”, indaga Victoria. Para Edimara, apesar das escolas serem empresas que têm responsabilidades (como obrigações trabalhistas e pagamento de fornecedores), é fundamental que o administrador escolar tenha conhecimentos de psicologia e até de pedagogia – como é o caso de Victoria. “Nós lidamos com a vida humana, por isso é importante que o administrador tenha essa visão mais global”, finaliza Edimara.

RAIO-X DA ESCOLA
• Uma unidade no bairro do Jardim Prudência, em São Paulo
• 200 alunos
• 40 funcionários (a limpeza é terceirizada)
• Cursos: Berçário (com opções de horários: meio período, semi-integral e integral) ao Ensino Fundamental (1ª e 2ª série: um dia em período integral; 3ª à 8ª série: dois dias em período integral). Filosofia da 1ª à 8ª séries. Inglês desde a Educação Infantil. A partir da 5ª série, 4 aulas semanais.
• E-mail: [email protected]
• Para saber mais sobre o método Montessori, consulte a Organização Montessori do Brasil: www.omb.org.br

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