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Guia para Gestores de Escolas

Arquidiocesano: histórico, porém moderno

Matéria publicada na edição 05 | junho 2005 – ver na edição online

Arquidiocesano: histórico, porém moderno

Ao mesmo tempo em que mantém os valores maristas, como o estimulo à solidariedade, o Colégio Arquidiocesano propõe uma educação constantemente atualizada.

Uma escola que reúne tradição e modernidade. Assim pode ser descrito o Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo. Em 2008, o colégio completará 150 anos de história, dos quais 100 anos sob a direção dos Irmãos Maristas. A instituição foi fundada em 1858 com o nome de Colégio Diocesano. Situava-se na Avenida Tiradentes, no bairro da Luz, em São Paulo, e era administrado por freis capuchinhos e padres diocesanos. Em 1935, a escola se mudou para o prédio que ocupa até hoje, na Vila Mariana.
Isabel Cristina Michelan Azevedo, diretora educacional do Arqui, como o colégio é mais conhecido, comenta que manter-se atualizada é uma característica marcante da instituição. “O Arqui consegue manter um forte vínculo com os valores maristas, ao mesmo tempo em que acompanha as exigências dos novos tempos”, diz. Ela afirma que a ênfase que a instituição dá à educação vem desde o século XIX. São Marcelino Champagnat, fundador do colégio, desejava que os irmãos se dedicassem apenas à educação. Naquela época, os educadores passavam por cursos de reciclagem nas férias escolares. “A escola já entendia a necessidade da atualização contínua dos professores”, aponta Isabel.
Essa perspectiva moderna prevaleceu também na escolha de um novo local para o colégio. O prédio da Vila Mariana começou a ser construído em 1929 e foi inaugurado em 25 de janeiro de 1935. “Quando construíram a escola na Vila Mariana, que na época era constituída só de chácaras, os irmãos maristas foram chamados de loucos. Construíram um prédio no meio do nada. Mas, eles tiveram uma visão de futuro ao encontrar o local apropriado para a escola. A cidade não só cresceu para cá como o colégio contribuiu para o crescimento da cidade. A história do Arqui está vinculada à história do desenvolvimento da cidade”, acredita a diretora.
Hoje, arquitetonicamente o Arqui mescla o antigo com o moderno. Convivem com a construção dos anos 30 do século passado prédios mais recentes, como o Conjunto Desportivo Irmão Leão, o Conjunto Aquático Marista e o Centro Cultural Marista. Administrar essa grande estrutura exigiu uma modernização da organização. “Há 10 anos, tínhamos uma estrutura muito comum de ser encontrada em colégios católicos. Trabalhávamos divididos por setores: administrativo, pedagógico, educacional e pastoral. Na verdade, um colégio é um organismo vivo e é muito difícil trabalhar com setores tão divididos. Questões de ordem educacional interferem no pedagógico e, às vezes, uma ação da pastoral tem um efeito extremamente valioso com reflexos dentro da sala de aula”, aponta Isabel. Assim, em 2000 foi implantada a nova estrutura de funcionamento, baseada em núcleos: o psicopedagógico abarca tanto assuntos pedagógicos quanto educacionais e tem uma vinculação direta com o núcleo pastoral; e o núcleo de tecnologia e informação agrega laboratórios de informática, biblioteca, salas de estudos, multimeios, todos lidando com a informação. “Fizemos as transformações administrativas sem perder a vinculação com os nossos valores”, frisa a diretora.
A ênfase dada aos esportes e às artes é uma característica do Arquidiocesano. Atividades esportivas e artísticas servem de pano de fundo para a prática da solidariedade. Anualmente o colégio realiza o Festival Champagnat, com jogos, gincanas, oficinas e teatro. A ação inicial para o Festival é a coleta de fraldas, materiais de higiene, alimentos e roupas, que são destinados a entidades assistenciais. Em 2004 foram arrecadadas 55 toneladas de alimentos e roupas, o que tornou possível o atendimento de 7.404 pessoas, assistidas por 65 instituições. Até o ano passado os alunos da 6ª série ao 3º ano do Ensino Médio tinham pontuação para arrecadação. Este ano o colégio desvinculou a arrecadação de doações da pontuação, visando potencializar as doações dentro da construção da cultura da solidariedade. Outra forma de trabalhar a solidariedade entre os alunos é a Tarde da Alegria. “Nosso setor cultural é muito forte e, todo final de ano, realiza um grande espetáculo unindo todas as coreografias, com cenários e vestuários de grande nível”, comenta a diretora. Depois das apresentações realizadas durante a semana para as famílias e a comunidade do colégio, no sábado o espetáculo é oferecido para crianças carentes e suas famílias. “Oferecemos lanche e brinquedos para os convidados. É um dia muito especial para nós, porque oferecemos também cultura para quem precisa”, comenta.
É claro que num universo de 3.550 alunos, há aqueles que compartilham mais ativamente dessas atividades solidárias. Os alunos do Ensino Médio podem participar da Ação Social Solidária. O aluno se vincula ao programa e semanalmente visita alguma das creches mantidas pela instituição, para realizar atividades lúdicas com as crianças. Da mesma maneira, há famílias que valorizam mais o trabalho solidário. Entre os funcionários, Isabel afirma que não há barreiras. “Há ações da própria província para divulgar a filosofia marista, como programas de formação e de humanização, encontros periódicos de funcionários das mais diferentes áreas, que acabam difundindo essa filosofia. As pedagogias maristas da presença, do espírito de família, do amor ao trabalho, são pedagogias que agregam muito, são conciliadoras. Essa filosofia marista consegue se impor às dificuldades”, aponta.
O forte aspecto histórico e a firme filosofia de trabalho centrada nos ideais maristas não impede que o Arqui tenha que lidar com as mesmas dificuldades enfrentadas por outras escolas particulares. Por exemplo, a falta de tempo dos pais para uma participação efetiva na vida escolar dos seus filhos. “As famílias têm pouco tempo e isso é um fato. Elas têm menos contato com seus filhos. Mas, há a preocupação dos pais com a formação das crianças e jovens. Eles só se sentem um pouco perdidos em como fazer essa formação. Há um desejo da família em poder participar mais e ser orientada”, acredita Isabel. A escola busca organizar atividades em que as famílias se sintam envolvidas. “Recentemente, fizemos uma reunião com os pais com o objetivo de definir o perfil do aluno marista. Concluímos que ele preocupado com a pesquisa, com a comunicação e com a solidariedade. A adesão média dos pais foi de 50%, em algumas séries até maior. Embora as famílias tenham uma dificuldade concreta de tempo, quando elas podem há a participação. É preciso demandar tempo e esforço, senão nossos alunos serão formados pelo mundo e não pelos nossos valores, não mais pelas nossas convicções”, acredita.
No Arqui, uma moderna visão pedagógica convive com a existência dos limites, importantes para a formação humana, na opinião da instituição. “Numa sala de 30 alunos temos 30 famílias atuando com seus valores. Claro que algumas famílias acham que somos muito firmes, outras acreditam que poderíamos ser ainda mais firmes”, comenta Marisa Ester Aldecôa Rosseto, assessora psicopedagógica do Ensino Médio do colégio. Marisa aponta a questão da disciplina, da ordem e da organização como fatores essenciais na formação do cidadão. Ao mesmo tempo, ela considera a escola extremamente inovadora pedagogicamente, até ousada. “Fazemos avaliação com intenção formativa. Trabalhamos com critérios. Não temos notas e sim conceitos, em todos os níveis”, conta.
Um investimento da instituição é o plano de ação de formação continuada para os professores. Os professores ganham três horas a mais por semana, para trabalhar prática e teoria juntos. “A mantenedora investe para que os profissionais mantenham-se sempre atualizados, tanto fora como dentro da própria escola”, conta a assessora. Um exemplo recente desse investimento foi o curso de especialização para formadores de prevenção a substâncias psicoativas nas escolas. Seis profissionais do Arqui, entre eles Marisa, fizeram o curso, com duração de um ano, na Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (Cogeae) da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. “Há cinco anos a escola reconheceu a necessidade de preparar seus profissionais para a questão das drogas, do álcool e do tabaco. Isto é, há drogas no mundo em que vivemos e nós não estávamos preparados para lidar com isso”, diz.
Além do curso, o colégio buscou a assessoria de uma psicóloga da Faculdade Paulista de Medicina, que quinzenalmente visita a escola. Com 1.100 alunos no Ensino Médio, é natural que a escola se preocupe em enfrentar adequadamente o problema das drogas. “Hoje, temos mais estrutura para conversar com as famílias. Quando é necessário, encaminhamos o aluno para terapia cognitiva, de preferência com um profissional com experiência em substâncias psicoativas. Antes, recebíamos a família apavorada e não sabíamos como lidar com a situação”, avalia Marisa.
Na opinião da psicopedagoga, ao mesmo tempo em que orienta as famílias e prepara seus alunos para uma vida solidária, o colégio não pode perder seu foco principal, que é o ensino formal. “A escola é o espaço de educação formal. A escola lida com a heterogeneidade de elementos da sociedade e se não tiver uma visão plural, multirreferencial, ela vai morrer”, sentencia. Segundo a abordagem multirreferencial, o educador abre-se ao mundo, rompendo com o universo dos paradigmas. Marisa cita Joaquim Gonçalves Barbosa, doutor em Educação pela PUC-SP, docente da graduação e da pós-graduação em mestrado em Educação da Universidade Metodista de São Paulo, coordenador do livro “Autores-cidadãos: a sala de aula na perspectiva multirreferencial”: “Na multirreferencialidade, a função do educador é elaborar junto com o educando um “sentido para o mundo”, de forma que sejam respeitadas as diferenças culturais e todas as maneiras de sentir a realidade, sem imposição de modelos que funcionem como “caminho de mão única” para a aquisição e assimilação de uma verdade excludente.” Para Marisa, a multirreferencialidade é a saída estratégica para a educação – e um rumo para que o Arquidiocesano continue trilhando seu histórico caminho.

RAIO-X DA ESCOLA
– Uma unidade no bairro da Vila Mariana, em São Paulo.
– 3.550 alunos
– Número de funcionários: 192 administrativos,164 docentes e 61 instrutores( Arqui Idiomas, Natação, Esporte e Fitness)
– Cursos: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Opção de período integral do Jardim I à quarta série.
– Instalações:
Seis laboratórios de Informática, com um total de 61 computadores, além de dois micros em cada uma das nove salas de aula da Educação Infantil; um laboratório de Robótica em parceria com a Lego; três laboratórios de Física, com oito computadores; quatro laboratórios de Ciências e Biologia; Planetário com capacidade para 45 pessoas; Estação Meteorológica; uma piscina coberta e aquecida; ginásio completamente equipado para ginástica olímpica, seis quadras – duas cobertas -, duas salas de dança, sala de música, sala de violão e guitarra, sala de xadrez, além dos anfiteatros e da chácara do colégio, localizada em São Bernardo do Campo, onde alunos e pais desenvolvem muitas atividades esportivas.
– Atividades extracurriculares:
Setor artístico: dança, jazz, ballet clássico, corpo de baile, street dance (feminino e masculino), dança flamenca, teatro, violão, guitarra, coral infantil e adulto, ginástica olímpica, rítmica desportiva e aeróbica.
Setor esportivo: nas categorias escolinha, mini, mirim, infantil e juvenil, há atividades como basquete, handebol, vôlei, futsal, xadrez, judô além do esporte infantil, que prepara alunos do Jardim a 2ª série para os esportes citados.
Centro de Línguas com os cursos: Inglês, Espanhol, Italiano, Japonês, Francês.
– Contatos: www.marista.org.br e [email protected]

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