Perfil da Escola — Grupo Dom Bosco
Matéria publicada na edição 57 | Abril 2010 – ver na edição online
A receita do crescimento.
Ousadia, foco nos objetivos, espírito empreendedor e muito trabalho são os ingredientes que construíram o Grupo Dom Bosco, escola privada que iniciou há 15 anos com 70 alunos na Educação Infantil e hoje chega a quase 1.200 atendendo do Berçário ao Ensino Médio.
Por Rosali Figueiredo.
Enquanto o Produto Interno Brasileiro (PIB) estagnou em menos 0,2% em 2009, o Grupo Dom Bosco cresceu a uma taxa de 4,7%, um pouco superior a de 2008 (3,5%). Os anos anteriores registraram índices ainda mais elevados, com o pico de 41,76% de 2005 a 2006, proporcionado pela introdução do Ensino Médio, nesta que foi uma das muitas decisões ousadas que marcam a breve mas intensa trajetória do Grupo. Iniciado entre o final de 1995 e começo de 1996, com a aquisição de uma pequena escola de Educação Infantil localizada na Avenida Santa Inês, bairro do Mandaqui, zona Norte de São Paulo, o Dom Bosco vem escrevendo, nestes 15 anos, uma história que desconhece acomodações ou linearidade. “O que mais precisamos fazer na vida é arriscar e ousar, com planejamento e responsabilidade”, diz Rosilene Teixeira Rodrigues, empresária, mantenedora, pedagoga e diretora geral da escola, com pós-graduação em psicopedagogia, gestão de pessoas e educacional.
“Arriscar” e “ousar” resultaram, no seu caso, em uma escola com quase 1.200 alunos (do Berçário ao Ensino Médio), quatro unidades, sendo uma própria, 170 funcionários (90 deles professores), opção de integral até o 7º ano e mensalidades entre R$ 350,00 e R$ 600,00. Seu organograma exibe uma estrutura com diretoria, gerência administrativa, operacional, assistência de direção, coordenação geral, de ciclos, assistência de coordenação, áreas de marketing, eventos e cursos extras, recursos humanos, secretarias, setor financeiro, de suprimentos, entre outros. A sede própria, recém inaugurada na Avenida Direitos Humanos, já está ampliando sua estrutura e, mesmo que a diretora fale que a partir de agora o Grupo entrará em uma fase de sustentabilidade do negócio, já projeta a introdução de novos cursos como meta para os próximos anos.
Foco nos objetivos
A roda de reinvestimentos não para no Dom Bosco e, na verdade, essa história começou bem antes do que estes 15 anos contabilizados desde a aquisição da primeira unidade. “Aos 14 anos comecei a trabalhar como auxiliar em uma escola de Educação Infantil, pois aos 12 anos já queria ter minha independência financeira. Foi com esta experiência que tracei o objetivo de ter minha própria escola”, conta Rosilene. Não era simplesmente um sonho, mas uma decisão transformada em determinação, a qual levou a empresária a trocar de emprego aos 16 anos para que pudesse gerar um pouco de patrimônio capaz de gerar capital para sua formação e empreendimento futuro. “Trabalhei no setor bancário, comecei a fazer carreira na área administrativa, mas no último ano da faculdade de Pedagogia surgiu a oportunidade de assumir uma escola de Educação Infantil, a Lua de Cristal. Financiamos boa parte do valor, e o pagamento foi realizado com o próprio faturamento da unidade, e vendi o carro que tinha na época.” Rosilene já estava casada e contou com o apoio do marido Marcelo Rodrigues, administrador de empresa que acreditou no projeto e foi trabalhar com ela.
Em dois anos, a empresária abriu um Berçário “modelo” ao lado da escola. No terceiro ano (em 1999) adquiriu mais uma escola de Educação Infantil, o IESI (Instituto de Educação Santa Inês), localizado na mesma avenida. No ano seguinte, em 2000, dobrou o número de matrículas do IESI. Mas as três unidades não atendiam a outro tipo de demanda que surgia forte na região: a abertura de vagas de Ensino Fundamental. “Não tínhamos estrutura física para isso”, lembra, dizendo que neste momento protagonizou o maior passo da trajetória do Dom Bosco: locou e reformou um pequeno shopping desativado próximo ao Horto Florestal, transformando seus 4 mil metros quadrados em escola. “Foi um investimento imenso, investi todo nosso capital e patrimônio, fiz empréstimo em banco e negociei longos prazos de pagamentos com os fornecedores, inaugurando uma nova escola ali, com Educação Infantil e os dois anos iniciais do Ensino Fundamental.” A unidade começou a operar em 2002 com 200 alunos e em 2005 não conseguia atender aos pedidos por mais vagas. Neste momento, o Dom Bosco já tinha três prédios e mais de 600 alunos.
O jeito foi abrir outra unidade, desta vez a sede Bancários, um prédio que abrigava uma antiga fábrica de 3 mil metros quadrados e precisou ser totalmente reformado e adaptado para atender o Ensino Fundamental II e o Médio. Já se contabilizavam mais de 900 alunos e mesmo com esta nova estrutura, continuava faltando espaço para atender a demanda. Resumo: o Dom Bosco construiu uma sede própria, inaugurada no ano passado, a unidade Direitos Humanos, e reestruturou as demais unidades (ver quadro), atingindo os quase 1.200 alunos em 2010. Mais do que os números expressivos, porém, Rosilene gosta de destacar que a instituição, hoje de médio porte, conquistou credibilidade e respeito entre os professores e os pais, construindo um bom conceito em uma região que oferece instituições tradicionais de ensino privado, “por desenvolver um trabalho sério, com comprometimento, dedicação e muito amor”.
Formas de gestão
A empresária observa que a expansão acelerada a obrigou a “aprender a delegar, porque com essa estrutura não se consegue estar em todos os lugares”. Mas Rosilene não abriu mão de circular rotineiramente pelas sedes. “Temos que estar presentes o tempo todo. Andar pela escola permite ao gestor identificar pequenas coisas que fazem a diferença. “Ao circular se consegue obter um feedback dos alunos. Gosto da escola ‘viva’, com os professores produzindo e expondo os trabalhos desenvolvidos com os estudantes.”
Outro aspecto de gestão valorizado pela escola é a participação, tanto de pais e familiares quanto dos colaboradores. No primeiro caso, o Dom Bosco aproveita os eventos diversos, como as feiras culturais, para realizar essa aproximação com os familiares. Na Educação Infantil e Fundamental I são promovidas ainda reuniões individualizadas com os pais durante todo o primeiro bimestre, proporcionando um atendimento personalizado. Também o site auxilia no acompanhamento da vida escolar do aluno, “são mil acessos por dia, um facilitador”, aponta a diretora. Segundo Rosilene, a proposta pedagógica do Dom Bosco está baseada na formação integral do aluno, “não somente no desenvolvimento cognitivo”. “Os valores e princípios são formados nesta parceria com a família, que precisa ter sintonia com o nosso projeto.”
Do ponto de vista dos colaboradores, o grande desafio do Dom Bosco foi implantar o seu modelo de gestão por competência. “Mapeamos cada uma de suas funções, conforme as responsabilidades (atribuições), o conhecimento técnico e o comportamental, e desenvolvemos um sistema anual de avaliação, com metas a serem atingidas. Cada gestor avalia seu funcionário e este se autoavalia. Nesse processo identificamos os pontos de maior dificuldade, para serem trabalhados em grupo ou individualmente.” Segundo Rosilene, no início as pessoas ficaram receosas diante do programa, mas depois que os colaboradores perceberam que a ideia é a de promover o desenvolvimento profissional da equipe, as resistências diminuíram.
Sem ter definido ainda um plano de carreira (por estar em processo de expansão), o Dom Bosco criou um sistema de premiação às unidades que atingissem as metas em 2009, propondo um bônus de 10% sobre um mês de salário. A diretora avalia que as escolas, de forma geral, têm como grande desafio convencer os profissionais da educação de que é preciso gerir a instituição também como uma empresa com desafios e metas a serem atingidos no campo econômico, não apenas no pedagógico. “Por questões sociais e culturais, eles não conseguem ver a escola como empresa. As metas nos ajudam a identificar qual caminho seguir, por onde trilhar. Estabeleço metas, pois preciso gerir a escola com base em resultados”, os quais, até o momento, exibem uma taxa anual de crescimento em proporções chinesas, “ou altamente satisfatórias”.
Grupo Dom Bosco
Unidades:
SEDE HORTO – Berçário e Educação Infantil
SEDE IESI – Educação Infantil
SEDE DIREITOS HUMANOS (própria) – Ensino Fundamental I
SEDE BANCÁRIOS – Ensino Fundamental II e Médio
Saiba Mais:
Rosilene T. Rodrigues
www.grupodombosco.com.br
[email protected]