Pesquisa: 37% das redes municipais não contemplam o ensino de Tecnologia e Computação no currículo
Estudo inédito, lançado durante a programação oficial da Bett Brasil 2023, destacou as lacunas na implementação do ensino de tecnologias digitais nas escolas
Bett Brasil 2023
A tecnologia e as suas reverberações adentraram em todas as áreas sociais, inclusive – e sobretudo – na educação, prevista como um eixo de ensino na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Porém, entre os ensinos público e privado, as lacunas e as desigualdades em relação ao ensino de tecnologias digitais são evidentes. Essa diferença foi constatada na pesquisa “Tecnologias Digitais nas escolas municipais do Brasil: cenário e recomendações”, lançada com exclusividade durante a Bett Brasil 2023, maior evento de educação e tecnologia da América Latina, que ocorreu entre os dias 9 e 12 de maio no Transamerica Expo Center, em São Paulo.
A pesquisa, desenvolvida entre a Fundação Telefônica Vivo, o Centro de Inovações para a Educação Brasileira (CIEB) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), com apoio técnico do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (IEDE), revelou que 37% das redes municipais não contemplam o ensino de Tecnologia e Computação no currículo da Educação Infantil e, no Ensino Fundamental, nos anos finais e iniciais, o índice ficou em 21% e 17%, respectivamente.Em recortes de níveis socioeconômicos, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, 30% das redes que atendem estudantes de nível socioeconômico (NSE) mais baixo declararam que o currículo não engloba o ensino de tecnologia e computação, contra 15% das redes que atendem alunos de NSE mais alto.
Em relação aos orçamentos e estruturas de apoio das secretarias de Educação para o uso de tecnologias digitais nas unidades de ensino, a pesquisa apontou que 73% das redes municipais não possuem uma área e/ou equipe específica dedicada ao planejamento e à implementação de tecnologias digitais nas escolas.
A diretora-executiva do CIEB, Julia Sant’Anna, comentou que a pesquisa deve alavancar o processo de continuidade de transformação das políticas públicas na área de Educação. Ela também destacou a importância da proatividade dos secretários estaduais e municipais em estabelecer medidas como a busca de talentos dentro das próprias equipes e o planejamento de ações direcionadas com o mapeamento de todas as necessidades de cada escola ranqueadas por prioridades.
Para a diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo, Lia Glaz, um dos pontos de atenção da pesquisa é a formação de docentes habilitados para desenvolver essas competências digitais em sala de aula. O estudo mostra que 39% das redes municipais não possuem formação continuada para os docentes sobre essa temática. Entre as capitais, todas afirmaram existir esse tipo de oferta. “É fundamental que a temática do ensino de tecnologias digitais seja pensada para implementação desde o Ensino Infantil porque quem vai ficar para trás – se isso não acontecer – são aqueles com menos condições socioeconômicas”, disse. Outro ponto levantado por Glaz é sobre a formação de docentes que estão habilitados para desenvolver essas competências digitais em sala de aula.
A pesquisa completa está disponível em: https://www.