Pesquisa mostra que Biblioteca para crianças de educação infantil contribui para a aprendizagem
Alunos de 2 a 6 anos melhoraram seus níveis de comunicação, lógica e relações sociais
Uma pesquisa realizada com alunos de escolas públicas de educação infantil de São Paulo revelou a importância de contar com uma biblioteca modelo no dia a dia. O estudo inédito aponta a evolução de alunos da rede pública nos quesitos de expressão, sociabilidade, musicalidade, lógica, iniciativa, curiosidade e capacidade crítica.
O modelo em questão é a Biblioteca de Primeira Infância, projeto do Instituto Brasil Leitor para crianças de zero a 6 anos. Criada há 12 anos, ela oferece um ambiente holístico, onde a criança tem liberdade para explorar todos seus elementos e, assim, desenvolver o gosto pela leitura por meio da ludicidade. Além de livros, o espaço dispõe de brinquedos, bonecos, casinhas e todo um mobiliário que instiga a imaginação e a criatividade dos pequenos. O IBL já implantou 80 unidades do tipo em escolas, hospitais e empresas do país.
A PESQUISA
Ao longo de dois anos, a equipe pedagógica do Instituto Brasil Leitor acompanhou crianças entre 2 e 6 anos de um Centro de Educação Infantil (CEI) e uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) na cidade de São Paulo. Na primeira etapa – antes das bibliotecas – foram coletadas informações de cada criança a partir de questionários aplicados aos familiares e educadores e de observações semanais dos diálogos e interações das crianças, entre si, com a professora e com o meio.
Na segunda etapa – após a implantação da biblioteca – as crianças foram observadas pela equipe do IBL quanto os mesmos aspectos comportamentais, falas e reações deles às atividades realizadas dentro do espaço de leitura. Depois, cada criança foi avaliada com questionários aplicados aos professores e familiares.
Durante o processo de construção dos espaços de leitura, a equipe do IBL ofereceu oficinas de músicas, artes, matemática, contação de histórias, registro e documentação aos educadores das escolas. O objetivo: orientá-los como aproveitar todo o acervo para criar atividades que estimulassem a criatividade, o protagonismo e o desenvolvimento sócio-cognitivo das crianças. “É importante que o conceito diferenciado da Biblioteca de Primeira Infância seja assimilado por todos – família e profissionais das escolas – para que eles possam dar continuidade ao processo de transformação das crianças”, afirma Ivani Nacked, diretora do Instituto Brasil Leitor.
Todos os resultados foram analisados com base na ferramenta Child Observation Record (COR) do programa High Scope dos Estados Unidos, e complementados com os Referenciais Curriculares Nacionais de Educação Infantil do MEC. Segundo o COR, existem 32 itens que cobrem as dimensões do desenvolvimento infantil distribuídos em seis categorias: iniciativa; relações sociais; representação criativa; música e movimento; linguagem e comunicação e matemática e ciência. Cada item é dividido em 5 níveis de comportamento, sendo o nível 1 o mais básico e o nível 5 o mais avançado.
O resultado final mostra uma evolução no nível de aprendizagem das crianças após a chegada do Projeto Biblioteca de Primeira Infância.
No CEI, mais que dobrou o número de crianças nível 5 – de 42% para 92%. Na EMEI, o aumento foi ainda mais significativo, de 5% para 83%.