Por que o ensino não acompanha A dinâmica das startups?
Marketing Educacional
*Por Cláudio Brito
Por definição, startups são empresas inovadoras que trabalham em condições de extrema incerteza, com rápido potencial de crescimento e escala. Estar à frente de uma startup exige inúmeros desafios e habilidades, já que o profissional geralmente precisa trabalhar muito e se desdobrar em várias tarefas. Dessa forma, o ensino do empreendedorismo também deveria ser inovador, seguindo a proposta e velocidade do mundo das startups.
Mas não é assim que funciona na prática. Ainda temos um aprendizado metódico, teórico e quadrado para formar as mentes mais criativas e disruptivas do país. Talvez esse seja o fator determinante para que o cenário empreendedor brasileiro não conquiste a maturidade necessária para crescer. Não é à toa que uma em cada quatro startups morre antes mesmo de completar um ano.
Outro fator que atrapalha na consolidação de um projeto eficiente de educação é o perfil do empreendedor brasileiro. Ainda somos um povo que empreende por necessidade e não por oportunidade. De modo geral, o brasileiro decide abrir o próprio negócio quando está desempregado ou não enxerga outras possibilidades. Assim, falta planejamento, capacitação e até conhecimento.
Essa ausência de uma cultura empreendedora já vem nas próprias faculdades. Ainda que esse panorama esteja aos poucos se revertendo, a grande maioria das universidades forma profissionais para ingressarem no mercado de trabalho e não para criar o seu próprio negócio. Assim, é compreensível que o empreendedor tenha dificuldades na hora de tirar sua ideia do papel.
Independente desse panorama, é inegável que faltam projetos consistentes e inovadores em sintonia com a rotina de startups. O que mais chama a atenção é que o país tem potencial para reverter esse quadro. Nós temos a tecnologia, profissionais com conhecimento para compartilhar e pessoas interessadas em aprender. Faltam iniciativas que reúnam todos esses fatores e atualizem esse mercado.
Felizmente, já existem alguns projetos que estão tentando mudar esse cenário. A maioria deles aposta em modelos diferenciados para incentivar o empreendedorismo, que podem vir no formato de cursos livres online ou hackatons, por exemplo. As próprias universidades começam a formar núcleos de empreendedorismo ou incubadoras para incentivar e fomentar novas ideias.
Mas ainda assim precisamos de mais projetos educativos voltados a empreendedores. Afinal, é só com conhecimento e compartilhamento de experiências que o país estará pronto para formar um ecossistema de startups maduro e mais assertivo.
* Cláudio Brito é CEO da Acelera Startups, maior escola online de startup do Brasil. É especializado em marketing digital, tem 20 anos de experiência na área e participou de treinamentos internacionais com mestres como Alexander Osterwalder, Steve Blank e Eric Ries.