Por que os pais devem acompanhar a rotina escolar das crianças?
Por Marilda Martins
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Com o final do ano letivo, chega o momento de os pais refletirem sobre o período que passou e planejarem a próxima etapa da vida escolar de seus filhos. É hora de se debruçar sobre questões como o rendimento da criança, a qualidade de suas interações sociais, a permanência na mesma escola, o melhor horário para as aulas e a necessidade de terapias complementares ou de reforço para acompanhar as disciplinas.
É importante que os pais se empenhem nessa reflexão que, aliás, deve ocorrer durante o ano todo, e não somente na época de início ou encerramento das aulas. Acompanhar regularmente a vida escolar da criança, caminhando lado a lado com a instituição de ensino escolhida, tem efeitos que vão muito além das notas maiores no boletim. A criança que tem sua rotina acompanhada de perto pela família, em geral tem melhor rendimento, desenvolve mais competências socioemocionais e tem mais autonomia. Como os pais podem fazer isso?
Essa questão não comporta uma resposta única. No entanto, um bom ponto de partida é adotar uma posição colaborativa, caminhando lado a lado com a escola, e não em oposição a ela. Afinal, acompanhar não é o mesmo que cobrar. Os pais devem se abrir ao diálogo com a instituição e seus educadores, se inteirando sobre o projeto pedagógico, metodologia, objetivos, aproveitando todas as oportunidades que a escola abre suas portas (como a reunião de pais e outras atividades) ou em conversas individuais quando necessário.
É importante pontuar que uma postura de abertura e colaboração pode (e deve!) ser mantida mesmo em situação de discordância dos pais com a escola. As atividades são passíveis de questionamentos e ajustes, mas cabe lembrar que a escola não é uma extensão da família, tampouco uma concorrente dela. É o primeiro ambiente que a criança conviverá com adultos fora do núcleo familiar, terá contato com os pares, com novas ideias e se socializará. O funcionamento desse espaço e a autonomia dos seus profissionais precisam ser respeitados.
Quando os pais encontrarem uma maneira prazerosa de interagir com a escola, é hora de inserir o conteúdo trabalhado em sala na rotina da criança. Se a classe está estudando animais, por exemplo, podem conversar com a criança ou assistirem juntos a um filme sobre o assunto. Se tem uma atividade de culinária, podem repetir em casa a receita aprendida. Se está estudando vanguarda na aula de artes, podem ir a uma exposição. Possibilidades não faltam.
Quando a criança já tem lições para fazer em casa, cabe aos pais criar, junto com ela, um ambiente de estudos gostoso e convidativo, onde ela possa se dedicar com tranquilidade às atividades. Os pais podem ajudar na organização das tarefas, incentivando que sejam feitas com empenho, capricho e pontualidade. Isso conta muitos pontos para o desenvolvimento da autonomia no futuro.
Prestar atenção ao comportamento do filho é outro ponto fundamental. Afinal, nem sempre corre tudo bem na escola. Dificuldades de aprendizado de relacionamento com os colegas não são incomuns entre as crianças. Mesmo longe da escola, elas dão alguns sinais disso. Apatia, falta de interesse, agressividade, perda ou aumento de apetite, mudanças súbitas de comportamento são sinais que podem indicar problemas, mas não são motivo de pânico. Crianças, pais e escola podem, em conjunto, buscar a melhor maneira de encarar essas questões.
Em resumo: a atitude dos pais faz toda a diferença na vida escolar dos filhos. Cabe a eles a tarefa de atuar lado a lado com a instituição, reforçando todos os dias, inclusive por meio do exemplo, o quanto a educação é importante.
*Marilda Martins é diretora pedagógica do Colégio Salesiano Santa Teresinha e Liceu Coração de Jesus.