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Guia para Gestores de Escolas

Psicologia multissensorial – Experiência do usuário na captação de alunos

Por Christian Coelho

Todo contato com a marca da escola oferece uma experiência, desde a indicação de uma amiga até o momento em que a pessoa conhece o ambiente físico.

O envolvimento se torna mais profundo quando há contato direto com a estrutura da escola, e todos os sentidos passam a perceber o espaço por meio do design multissensorial, que integra pessoas, ambientes e elementos visuais em uma vivência sensorial completa.

Vamos usar o storytelling para revelar a identidade da escola de forma lúdica e alinhada ao design, tornando tudo mais claro e visível. Por meio de uma boa história, esclarecemos incertezas e transformamos a vivência escolar em uma jornada com final feliz.

 

A carga emocional representa um fator de grande relevância na decisão de uma mãe ao matricular ou rematricular seu filho, sendo tão ou mais decisiva do que um simples desconto.

O dia a dia de uma escola não deve seguir uma linearidade sem provocar nas pessoas momentos de desafio, reflexão, alegria, surpresa e concentração. Esses sentimentos precisam surgir durante uma aula, na visita de um possível cliente ou em um dia comum na escola. Para que isso aconteça, a presença de um arco narrativo se torna essencial.

 

Arco narrativo – É a estrutura que organiza uma história, dando forma ao caminho que os personagens percorrem — com início, desenvolvimento, clímax e desfecho. Ele serve para criar envolvimento emocional, gerar empatia e manter o interesse de quem escuta, lê ou vivencia a narrativa.

Em contextos como da escola, por exemplo, o arco narrativo pode transformar uma simples visita em uma experiência marcante — onde o visitante sente curiosidade, se surpreende, se identifica e, ao final, se sente seguro e encantado com a decisão de fazer parte daquele lugar. Para ilustrar um arco narrativo, vamos usar o exemplo de uma mãe nova visitando a escola:

 

Crédito de abertura Exposição Desenvolvimento Clímax Desfecho
Antes da visita, a pessoa já começa a se familiarizar com a escola por meio da fachada, da entrada e do primeiro contato com o porteiro ou segurança. O público se familiariza com os espaços iniciais, como recepção e sala de matrículas, e conhece a recepcionista, que deve refletir a cultura da escola. A trama se desenvolve, a história ganha forma e revelam-se as características mais profundas dos personagens nos corredores e salas de aula. A consultora enfatiza os espaços diferenciados e que se conectam aos anseios da família.

Exemplo: se a mãe deseja que o filho curse medicina, o laboratório de ciências pode representar o clímax da visita.

A visita entra em sua fase final, quando a maioria dos anseios já foi atendida. Por fim, ocorre o retorno à sala de matrículas, onde são tratadas as considerações finais, como questões administrativas e financeiras.

 

Assim como em uma boa história, a roteirização de uma visita segue um enredo com momentos de maior e menor intensidade. A energia e o foco do visitante aumentam à medida que ele se interessa e estabelece associações com suas memórias e experiências anteriores. A seguir, analisaremos cada etapa do arco narrativo sob a perspectiva da psicologia multissensorial.

 

Crédito de abertura – A fachada de uma escola exerce papel fundamental na construção de sua imagem. O logotipo, os dados de contato (como WhatsApp, site e redes sociais) e os segmentos atendidos devem ser exibidos de forma clara e legível. A pintura deve seguir o padrão visual da instituição, reforçando sua identidade, e, especialmente na educação infantil, é importante evitar o uso de personagens conhecidos e excesso de elementos, para não comprometer a seriedade do ambiente.

Fachadas com linhas suaves transmitem leveza, enquanto traços retos reforçam credibilidade. Uma boa iluminação, preferencialmente em LED, valoriza o logotipo, destaca a arquitetura e transmite segurança à noite.

Elementos naturais, como jardins com plantas baixas, acrescentam vida e acolhimento sem poluir visualmente. Além disso, é essencial manter uma comunicação comercial dinâmica na fachada, capaz de atrair a atenção e despertar o interesse do público.

 

Exposição – A recepção da escola deve ser um espaço de passagem rápida, com uma recepcionista simpática e atenta, posicionada de frente para a entrada e em um balcão de altura baixa, garantindo segurança e bom acolhimento.

Já a sala de matrícula deve oferecer conforto, com cadeiras dispostas de forma flexível e um ambiente acolhedor, incluindo café e água.

A decoração deve reforçar a identidade da escola com fotos, vídeos e materiais didáticos, fortalecendo a imagem institucional.

 

Desenvolvimento – Corredores e sala de aula – A limpeza e a organização da escola influenciam diretamente a percepção das famílias, transmitindo segurança e cuidado, especialmente para crianças pequenas. Cores claras, iluminação natural ou LED branco e ambientes minimalistas reforçam essa sensação.

A biofilia, com elementos naturais no ambiente, favorece o bem-estar e o aprendizado. Acessibilidade deve ser garantida e destacada como parte do compromisso da escola com a inclusão.

Na escolha do mobiliário, é essencial priorizar ergonomia, segurança, durabilidade, flexibilidade, alinhamento com a identidade visual, cumprimento das normas técnicas e seleção de fornecedores confiáveis.

 

Clímax – Espaços diferenciados com interatividade – Quadras, jardins, salas multiuso, laboratórios e espaços tecnológicos devem ser incluídos no roteiro da visita. Durante a apresentação, é essencial entrar nos ambientes, pois as portas funcionam como portais que conduzem a uma nova experiência. A explicação e os benefícios precisam ser transmitidos dentro dos próprios espaços.

Para tornar a experiência completa, a apresentadora deve propor ao menos uma interação com os visitantes, como realizar uma pequena atividade no laboratório maker, observar algo no microscópio ou na luneta, acionar um tablet ou uma lousa digital.

O ideal é que a apresentação envolva o público. Converse com os profissionais de cada área e desenvolva experiências interativas que reforcem os diferenciais da escola, com exceção das salas de aula, onde a entrada pode atrapalhar o trabalho dos professores. Escolha apenas uma sala, preferencialmente aquela em que o filho da família irá estudar.

 

Desfecho – O retorno para a sala de matrículas – A decisão pela matrícula não depende apenas do valor apresentado, mas da forma como a experiência termina. Segundo o psicólogo Daniel Kahneman, a “regra do pico-fim” mostra que o momento mais intenso e o encerramento influenciam fortemente a percepção geral e a decisão futura, inclusive em indicações.

É nesse ponto que muitas escolas inserem a parte financeira, o que pode causar estresse ou desconforto. Para amenizar esse impacto, vale encerrar com leveza e surpresa: oferecer um novo café com algo doce, entregar um mimo, mesmo que seja simples como um bombom, acompanhar o visitante até a porta e, em seguida, enviar uma mensagem de agradecimento. Um fim positivo deixa uma memória mais agradável e aumenta as chances de uma escolha favorável.

Para acompanhar mais conteúdos sobre o universo educacional, siga meu perfil no Instagram: @gruporabbitoficial.

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