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Guia para Gestores de Escolas

Redes Sociais Digitais nas Escolas: Duas Experiências em São Paulo (SP)

O site da Revista Direcional Escolas relata a seguir duas experiências diferentes com redes sociais digitais empreendidas por escolas privadas paulistanas. No Colégio Dante Alighieri, elas foram incorporadas naturalmente por algumas atividades curriculares e extracurriculares, já que as TICs estão integradas ao projeto pedagógico da escola. No Centro Educacional Pioneiro, a ação é mais voluntária e parte da iniciativa de professores e alunos, mas acontece sob a mediação da área de Tecnologia Educativa.

Colégio Dante Aleghieri: TICs, web e protagonismo estudantil
Com 100 anos e cerca de quatro mil alunos, o Colégio Dante Alighieri, localizado na região dos Jardins, dispõe de um Departamento de Tecnologia Educacional, coordenado pela professora Valdenice Minatel Melo de Cerqueira. Valdenice é mestre e doutoranda em novas tecnologias aplicadas à educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e docente na pós-graduação da Universidade Mackenzie.

Segundo Valdenice, as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) estão presentes hoje em todos os espaços da escola, não apenas nas salas de aula, laboratórios e bibliotecas, mas também nos pátios, já que os estudantes, não raro, possuem seus próprios aparelhos e podem se conectar à internet por meio de uma rede Wi-Fi disponibilizada pelo colégio. Nesse contexto, incorporar as redes sociais digitais torna-se um processo inevitável.

“A ideia é que as TICs ajudem a melhorar os processos, promover a inovação e impactar positivamente no ensino-aprendizagem. As TICs estão incorporadas ao projeto pedagógico do Dante, não são apenas penduricalhos, perfumaria”, observa Valdenice, destacando que “seu uso busca também o protagonismo”. O acesso aos recursos da web começa a ser estimulado a partir do 2º semestre do 2º ano do Fundamental I, “como uma extensão das atividades de sala de aula”. “São feitas pequenas inserções semanais de atividades, que vão num crescendo até o Ensino Médio, quando chegamos a fóruns, chats, enquetes etc.”

O Dante utiliza a plataforma Moodle, ambiente virtual de aprendizagem que permite montar blogs e fóruns de discussão em torno do conteúdo trabalhado pelas disciplinas, além de exercícios como completar lacunas ou cruzadinhas, analisar imagens de mapas e produzir vídeos que complementem o estudo do aluno, entre muitas alternativas. A escola também utiliza o WebQuest, metodologia de pesquisa e investigação dos conteúdos disponibilizados na rede, criada por Bernie Dodge em 1995, nos Estados Unidos. Há também o desenvolvimento da robótica, “com proposta híbrida de uso de tecnologias e sucatas”, diz.

Mas é a partir do final do Fundamental II que a integração com a internet ganha contornos mais intensos, como a produção do Dante Connection, um web jornal desenvolvido pelos estudantes, “desde a vinheta até os créditos finais”. “Os programas são exibidos online, em data previamente agendada”, diz. Seu desenvolvimento ocupa todo o 1º semestre do ano, época em que são trabalhados, no contexto desta atividade, conteúdos interdisciplinares, como gêneros de linguagem, por exemplo. O web jornal é processo independente da TV Dante, esta de iniciativa da área de marketing do colégio, mas que também veicula vídeos produzidos pela comunidade escolar (professores, funcionários e alunos).

Outra experiência online é o blog Dante em Foco (http://dante.foco.blogdante.com.br), produzido pelos estudantes (do 8º ano ao 3º do Ensino Médio) que participam da Oficina de Jornalismo, sob a mediação e orientação da jornalista Marcela Chartier. Com posts organizados em diferentes categorias (como notícias da escola, coberturas especiais, esportes, cinema etc.), o blog está linkado ao Facebook e Twitter.Finalmente, há um projeto que envolve toda escola, o e-Cidadão, que se propõe a “trazer formação para o uso ético e seguro da internet”.

img78Valdenice Minatel defende que as escolas “aproveitem um aluno que tem tempo para navegar para torna-lo seu parceiro” nos processos e atividades. “E que a gente remodele o espaço da docência com essa contribuição, pois a situação está posta, que é a de fazer uma sala de aula viva, conectada ao mundo.” No entanto, ressalva a professora, “ela somente estará conectada se trouxer a tecnologia e se o professor souber dominar seu formato atual”.



Centro Educacional Pioneiro: Compartilhamento inevitável das experiências nas redes

Escola de educação básica criada em 1971 no bairro de Vila Mariana, zona Sul de São Paulo, oriunda dos cursos preparatórios e de língua Japonesa e Portuguesa desenvolvidos desde 1933 por um casal de japoneses, o Centro Educacional Pioneiro dispõe hoje de uma área de Tecnologia Educativa, coordenada pela professora Débora Sebriam. Mestre em Engenharia de Mídias para a Educação, Débora atua, entre outros, com um Programa de Informática Educativa para atender à turma do horário integral e auxilia professores e alunos no uso das tecnologias nas atividades curriculares. Débora aponta que existe forte tendência para um uso cada vez maior das redes sociais, como Twitter, You Tube e Facebook. No caso do Pioneiro, o Facebook surgiu como canal de troca de informações acadêmicas por iniciativa dos próprios alunos.

É o caso do Ensino Médio, que a cada trimestre tem como tarefa desenvolver e apresentar um trabalho coletivo, “escolhendo um tipo de mídia para expressar seus resultados”. Em geral, comenta Débora, os estudantes acabam “agregando as redes sociais”. “Eles já pensam em termos de compartilhamento”, observa, utilizando-se de plataformas como Facebook, Skype, MSN e Twitter para “trocar informações e desenvolver os projetos”. Na verdade, explica Débora, essas plataformas atuam hoje, em sua escola, muito mais para ajudar na circulação das informações do que propriamente como ferramenta pedagógica.

Por outro lado, seria interessante colocar as redes como extensão do site e de blogs, para compartilhamento de documentos e materiais dos professores e trabalhos dos alunos, tornando-se, de fato, uma ferramenta pedagógica, observa a professora. “A partir do momento em que eles se veem ali, são estimulados a compartilhar e a participar das discussões. Por meio das redes, as pessoas podem ficar mais informadas do que está acontecendo, inclusive em relação à própria escola, o que inclui os pais”, acrescenta Débora. Segundo ela, as redes se constituem em um espaço potencial para toda a comunidade escolar, dos gestores e equipe de apoio, aos pais, familiares, estudantes e professores. “Mas para essa ideia ser colocada em marcha, a escola toda precisa atingir um grau de maturidade, entender as potencialidades das redes, o que fazer e o que não dá para fazer. Precisa ser consensual. Hoje, se pensarmos no mundo exterior às instituições de ensino, não há ambiente de trabalho que não utilize as TICs e a escola é o espaço ideal para exercitar esse processo de cidadania digital”, finaliza a professora especialista.

Por Rosali Figueiredo


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Débora Sebriam
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Valdenice Minatel Melo de Cerqueira
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