Resiliência: por que os educadores precisam tanto dela?
Recentemente, os educadores municipais de São Paulo passaram por mais um momento de luta, onde precisaram paralisar o trabalho e ir às ruas atrás de seus ideais. Depois do desgaste – físico e psicológico –, os profissionais retornam à sala de aula com a missão de exercer com maestria sua função, mesmo sem terem alcançado totalmente o resultado desejado.
Além das dificuldades enfrentadas em termos de valorização profissional, o professor se depara diariamente com situações delicadas, que tocam o seu coração e a sua mente, sendo necessária uma competência muito especial para não abalar a sua estrutura emocional: a resiliência.
Segundo o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), “aquilo que não nos mata, nos torna mais forte”. É nesse sentido que a resiliência se aplica, quando conseguimos superar algo que nos desestabilizou, que desequilibrou o nosso o interior.
A resiliência é a capacidade de superar com autoconfiança os obstáculos pelo caminho, mantendo a motivação e o foco.
É por isso que essa competência é tão importante na área da educação, para que, mesmo diante de problemas, frustrações, eventos negativos e estressantes, o professor persista na busca da sua maior realização: ensinar. Afinal, ele é a base e a inspiração para que outras pessoas também consigam realizar seus sonhos.
A resiliência é uma qualidade que se modifica no tempo em função da experiência e dos aprendizados do indivíduo e pode ser treinada e potencializada. Existem quatro características que são claras nas pessoas resilientes, por isso é possível conquistar a resiliência desenvolvendo-as.
É comprometida: a pessoa se envolve com as atividades, é proativa e não se assusta com o trabalho. Tem objetivos pelos quais acredita e luta. Nos momentos de interferências, recupera o foco rapidamente.
Possui autodomínio: o indivíduo tem certeza da própria influência e responsabilidade nos resultados da sua vida. Cria estratégias e ações para atuar na realidade de maneira flexível.
Aceita os desafios: aceitar e abraçar as mudanças, encarando-as como incentivos para crescer. Os desafios são algo que estimula e motiva as pessoas resilientes, e não algo ameaçador para elas.
É bem-humorada: ter consciência das próprias atitudes e manter o bom humor e o otimismo diante da vida reduz o estresse e influencia positivamente no íntimo e no ambiente em que a pessoa vive.
Essas qualidades podem ser cultivadas e encorajadas, pois elas pressupõem pensamentos, comportamentos e ações que podem ser treinados por qualquer pessoa, uma vez que a essência dos seres humanos é a resiliência e não a fragilidade. A resiliência é uma qualidade treinada no decorrer da história da evolução humana pela luta e pela sobrevivência a guerras, fome, doenças, desastres naturais e outras inúmeras dificuldades.
É importante ressaltar que o conceito de resiliência não se aplica somente ao indivíduo, mas também à coletividade e, assim, podemos falar nos alunos, famílias e gestores das escolas que também enfrentam problemas e dificuldades.
Professores abertos às mudanças e que admitam que se pode errar, mas que também saibam corrigir a direção e se reinventar quando necessário, são aqueles que se destacam e não permitem que a sua mente seja devorada pelos problemas da vida.
Seja resiliente, cuide da sua mente e tenha vida longa na arte de educar!