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Guia para Gestores de Escolas

Responsabilidade Socioambiental na Escola Viva (São Paulo / SP)

Do ponto de vista curricular, duas considerações ajudam a compreender o trabalho desenvolvido pela Escola Viva na área de responsabilidade socioambiental:

1 – Ele segue as diretrizes propostas pelo MEC. O Ministério da Educação considerou meio ambiente como tema transversal, entendendo assim que, pela sua complexidade e abrangência, não pode ser abordado por nenhuma disciplina ou área isoladamente. Para o tema ser discutido e compreendido, precisa da contribuição de todas e, portanto, demanda um tratamento transversal e uma abordagem interdisciplinar.

2 – Consideramos conceitos, valores e procedimentos como conteúdos necessários  ao desenvolvimento dos temas da área, que requerem situações didáticas diferentes para serem ensinados e aprendidos.

Nessa medida, os assuntos da área são abordados no âmbito das disciplinas e dos projetos, articulados aos eixos organizadores dos conteúdos do Ensino Fundamental e Médio. Para o desenvolvimento dos diferentes conteúdos, é importante estruturar situações em que os alunos possam observar, diagnosticar, perceber problemas, pesquisar e propor soluções. As propostas, logicamente, consideram a idade, repertório e possibilidades dos alunos e tornam-se mais abrangentes e complexas à medida que a escolaridade avança. No Fundamental 1, por exemplo, os alunos  investigam, no Trabalho Pessoal (TP) relacionado ao nosso cotidiano escolar, assuntos como consumo de água, energia e produção de resíduos.

Os eixos temáticos são planejados de forma a favorecer problematizações que aproximam os alunos dos temas da área e permitem o desenvolvimento conceitual pertinente. Assim, no 2º ano, tematiza-se o consumo; no 3º ano, a questão “O que fazemos com a água?” é a norteadora do trabalho; já no 8º ano, a pergunta “É possível conciliar desenvolvimento e preservação?” organiza todo o trabalho pedagógico da série.

Os estudos do meio, por sua vez, têm propiciado o contato dos alunos com comunidades, localidades e realidades ambientais distintas. Ocupação do solo, impactos ambientais, saberes e problemas enfrentados por populações tradicionais, questões ambientais urbanas, proteção à biodiversidade, tecnologia e meio ambiente, são alguns dos assuntos focados no Ensino Fundamental e Médio.

Para inserir de forma organizada e consequente o tema ambiente no currículo, um desafio permanente tem sido buscar coerência entre os conceitos, informações e valores apresentados aos alunos e as situações cotidianas que eles vivenciam na escola.

A sustentabilidade, enquanto valor numa instituição educacional, deve ser entendida como conteúdo a ser ensinado e aprendido em situações planejadas, assim como nos modelos oferecidos aos alunos: modelos de comportamento, de gestão, de formas de ocupação do espaço e de escolha de materiais, entre outros. Ao adotarmos e proporcionarmos o uso responsável e eficiente dos recursos, por exemplo, educamos e incentivamos outros a fazerem o mesmo. Ou seja, não basta abordar sustentabilidade apenas do ponto de vista conceitual: é necessário concretizá-la na prática, com seus conflitos e contradições. Tal abordagem, portanto, requer uma dimensão curricular, mas não se limita a ela. O funcionamento e a organização da Escola Viva estão diretamente envolvidos com a área e vêm sofrendo modificações ao longo da sua implantação. A incorporação de variáveis ambientais na gestão é um processo que vem sendo construído gradativamente.

Considerando que a Escola não atua sozinha na construção de valores, algumas iniciativas têm sido desenvolvidas junto às famílias, explicitando nossa posição e possibilitando seu envolvimento com a proposta. O estímulo à carona solidária e o apoio à reutilização dos livros didáticos são dois exemplos.

Um projeto deste tipo requer uma comunidade escolar “afinada” com a proposta. A necessidade de formação de todos os seus profissionais, portanto, é uma decorrência natural deste processo. A heterogeneidade de profissionais tem implicado em diferentes estratégias de formação, outro desafio constante.

Por Sonia Muhringer*

*Sonia Marina Muhringer é coordenadora da área de responsabilidade socioambiental da Escola Viva (Ensino Fundamental e Médio).


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