Soluções e planejamentos para uma educação por vir
Por Rafael Pinheiro / Fotos Divulgação
Os reflexos e os desdobramentos da pandemia e o isolamento social impactaram a todos e todas – de forma direta e significativa. No campo educacional, transformações, remodelações e novas/outras estratégias pedagógicas despontaram nas escolas nos últimos meses com o intuito de prosseguir com as interações professor e aluno, ensino e aprendizagem. Diante de tantas mudanças que atravessamos, quais serão as soluções necessárias para uma educação pós-pandemia?
O mundo mudou. Ou melhor: o mundo está em processo de mudanças significativas. E, de certa forma, o estado de pandemia decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020, acelerou – e expandiu – reflexões sobre os nossos modos de vida, as interações sociais como um todo, os sistemas econômico e de saúde, as relações empregatícias, além de desdobramentos e interferências diretas no sistema educacional.
Dessa forma, por meio de mudanças que afetaram o cotidiano escolar nesses últimos meses – tanto na gestão como na área pedagógica – começamos a vislumbrar algumas possibilidades e alternativas em um momento pós-pandemia, ou até mesmo durante a retomada gradativa das aulas presenciais, movimento que muitas instituições de ensino começaram a aderir.
Nesse sentido, com o intuito de conhecer soluções, estratégias e planejamentos para uma educação por vir, convidamos especialistas, diretores, gestores e empresários do setor, para responder o seguinte questionamento: A pandemia do coronavírus mudou todo o sistema educacional e, diante de tantas transformações, quais são as soluções tecnológicas, as novas/outras estratégias de ensino, as inovações que poderão ser incorporadas em um contexto pós-pandemia, e os planejamentos/mudanças que serão necessárias para se adequar a uma educação por vir?
“A pandemia apenas acelerou um processo de mudança na educação que já seria irreversível desde muito antes, se a escolaridade tivesse sua devida importância no país. As soluções tecnológicas devem vir para dar conta de duas instâncias: facilitar, tornar mais interessante e contextualizado o aprendizado e promover o acesso à educação de qualidade a todos os estudantes brasileiros. São várias as técnicas que podem ser adotadas de acordo com as necessidades e os propósitos das instituições e seus segmentos: Leitura de livros em tablets (incentivo à leitura), ensino híbrido (diversificação de estratégia), diagnósticos mais precisos dos problemas dos alunos (otimizando o tempo do professor), compartilhamento de experiências pedagógicas positivas, gamificação (promover o interesse dos alunos), aplicativos (necessário ser crítico nas escolhas), etc. Planejar, compartilhar e entender a demandas são de extrema valia para aproveitar as dificuldades em prol de reorganizações e de ganhos reais.”
Adriana Foz – Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), neuropsicóloga, psicopedagoga e diretora da NeuroConecte.
“Garantir sentido e significado para o estudante no processo de aprendizagem deixará de ser uma opção, de uma vez por todas. Os desafios globais (e locais) do presente deverão ser vetores para projetos cada vez mais multidisciplinares. O trabalho em grupo voltado para resolver desafios, os meios digitais para pesquisa, produção e compartilhamento de novos conhecimentos, promoverá novas e melhores formas de aprender. O desafio é grande e inspiração boa não falta. A plataforma Movimento Circular concebida pela Atina Educação, disponibiliza de forma gratuita uma série de práticas pedagógicas relacionadas com temas urgentes, como a economia circular e prontas para serem aplicadas (do Ensino Fundamental ao Médio), compartilhadas e remixadas.”
Vinicius Saraceni – Diretor da Atina Educação.
“Muitas escolas já utilizavam a tecnologia para fins de ensino, mas poucas para a aprendizagem. Quando digo ensino, me referi ao uso para o professor, como datashow e apresentação, por exemplo, que somente substituem a lousa ou a página de um livro. Segundo o modelo de adoção tecnológica SAMR (Substituição, Ampliação, Modificação, Redefinição), do Dr. Ruben Puentedura, o estágio de transformação se dá no momento em que o uso da tecnologia extrai o protagonismo do aluno e é aplicada com o foco no aprendizado, ou seja, a tecnologia utilizada pelo aluno para ‘produção’ do conhecimento. Essa visão terá que permanecer – caso contrário, o envolvimento e interesse do aluno se perdem, visto que lidamos com uma geração que necessita de desafios, de contextos significativos e cujo o tempo de atenção é curto para aulas em que não possam participar de forma expressiva. Atividades como hackathon educacional, trabalhos em grupos por estações, desenvolvimento de projetos, entre outros, não poderão mais estar fora do currículo.”
Sueli Cain de Oliveira – Diretora do Colégio Mater Dei.
“A pandemia do coronavírus fez acelerar uma série de mudanças e transformações necessárias. Cada vez mais as estratégias de ensino tenderão a ser personalizadas, o que significa que as tecnologias existentes hoje serão acrescidas de coisas como Machine Learning e Inteligência Artificial. As próprias plataformas oferecerão conteúdos mais interessantes e mais adequados para os GAPS que os alunos apresentam. Com isso, aumentamos a personalização e temos um melhor desenvolvimento. Mas é claro que essas tecnologias não estarão acessíveis para todas as pessoas. As tecnologias que tendem a estarem mais disponíveis, são plataformas de ensino a distância que serão complementares com as plataformas já existentes nas próprias escolas.
Flora Alves – Idealizadora da metodologia Trahentem® e CLO da SG – Aprendizagem Corporativa.
O microlearning cada vez mais será utilizado para reforço do conhecimento e suporte a performance do aluno, o que significa que aqueles conhecimentos que precisam ser vistos repetidamente, para favorecerem a memória de longo prazo, poderão ser entregues em formatos mais curtos com pequenos objetivos de aprendizagem para que sejam específicos também a GAPS de aprendizagem existentes. A gamificação também era uma tendência e hoje já é uma realidade na maior parte das organizações, e claro, nas escolas tende a ser cada vez mais utilizada. O desenvolvimento do professor é o maior desafio para o uso das novas tecnologias. Ele deverá colocar o aluno no centro do processo e usá-las para ajudar o aluno a protagonizar o seu ensino.”
“Com o advento da pandemia do coronavírus, o sistema educacional ficou extremamente afetado em todos os seus nichos, seja no nosso segmento de curso de idioma, seja preparatório para ENEM, colégios, faculdades – todo setor foi duramente afetado de maneira sistêmica. As soluções tecnológicas utilizadas nesse momento, praticamente todas já existiam na pré-pandemia; o fato é que muitos educadores e instituições de ensino tinham uma certa resistência à implementação dessas tecnologias. E no primeiro momento que a pandemia se estabeleceu no Brasil e no mundo, rapidamente essas tecnologias foram absorvidas pelos professores. No entanto, a inovação delas, nesse período, está ligada a três elementos: a colaboratividade, a interação e ao exercício da criatividade. Sem esses três elementos, as ferramentas tecnológicas acabam perdendo o sentido e sendo apenas ferramentas sem fazer com que o aluno alcance uma taxa de aprendizagem relevante. Para que as ferramentas possam ser usadas da melhor forma possível, elas precisam trazer esses três elementos ou o professor precisa estabelecer uma relação de colaboratividade entre os alunos, de interação entre os alunos durante e pós-aula e, principalmente, precisa exercitar sua criatividade para chamar a atenção desses alunos e envolvê-los.
Édney Quaresma – Fundador e CEO da Really Experience.
Essas mudanças pós-pandemia precisam ser perpetuadas, pois nós vivemos uma nova geração altamente tecnológica, onde boa parte dos empregos estão ligados ao idioma, ao inglês, e à tecnologia. Então, quando temos uma sala de aula pautada em plataformas tecnológicas e professores qualificados e preparados para introduzir colaboratividade, interação e o exercício da criatividade constante, teremos na pós-pandemia uma educação melhorada. Se os professores mantiverem esse interesse que eles estão tendo nesse momento, por aprender as tecnologias e aplicar esses elementos, na pós-pandemia teremos uma profunda mudança no setor educacional, o que já precisava ter acontecido anteriormente, e agora eu, também como educador, enxergo com bons olhos essa possibilidade.”
“Será fundamental que as escolas utilizem soluções para o ensino híbrido, pois no próximo ano ainda teremos aulas à distância. As atividades remotas estarão integradas às aulas presenciais, por isso será necessário o uso de soluções de LMS (Learning Management System) ou Sistema de Gestão de Aprendizagem, no Brasil, para o acompanhamento das atividades realizadas pelos alunos, por meio de relatórios inteligentes e consolidados. E também para a comunicação e interação entre escola, pais e alunos, que são fundamentais durante as aulas em casa, considerando que a família também atua na mediação da aprendizagem. Outros recursos relevantes são as ferramentas adaptativas para manter o engajamento e aprimorar a aprendizagem de acordo com as necessidades específicas de cada estudante. Principalmente, porque, em 2021, será necessário a retomada dos conteúdos. Neste sentido, essas ferramentas ajudam a escola a ter um diagnóstico de cada aluno e a promover uma recuperação personalizada, fundamental para garantir a aprendizagem de todos.
Regina Silva – Diretora Pedagógica da unidade de Tecnologias Educacionais da Positivo.
A pandemia acelerou o uso da tecnologia e isso tende a continuar, pois o planejamento deverá integrar atividades dentro e fora da escola. Além disso, será necessário muito mais criatividade e inovação para ir além do currículo e abordar, por exemplo, conceitos alinhados à Educação 4.0, tendo a tecnologia como elemento fundamental para o desenvolvimento das habilidades e competências gerais da educação. Para garantir a eficiência dos processos de ensino e aprendizagem, será indispensável que as escolas, especialmente as públicas, façam investimentos também em infraestrutura, com a disponibilização de conectividade e equipamentos como notebooks, tablets e celulares, para assegurar a inclusão de todos os estudantes.”
“A pandemia acelerou algo que estávamos tentando fazer há algumas décadas no sistema educacional brasileiro. Por muito tempo, agentes do ecossistema educacional, como gestores, formadores, empresas, startups de educação e alguns professores vinham trabalhando para implementar uma cultura de inovação metodológica e uso de tecnologia nas escolas. Ocorre que não havia uma necessidade vital para essa mudança, a não ser a percepção de alguns de que nossa educação estava obsoleta e precisava se reinventar. O isolamento social catalisou todo esse processo e, do dia para a noite, tecnologias diversas e expressões como ‘ensino híbrido’ invadiram o cotidiano de todos os educadores do país.Já sabemos que, quando a pandemia for controlada, a escola não voltará a ser a mesma, e se eu tivesse de destacar algo que necessariamente deveria ser incorporado à nova escola é a mentalidade ‘data-driven’ ou ‘ações pedagógicas baseada em dados’. Muito além do que uma simples ferramenta tecnológica, essa mentalidade traz a relevância dos dados para educadores planejarem e acompanharem a evolução da aprendizagem dos alunos. O uso frequente de plataformas e tecnologias nas escolas gerará uma massa de dados que deverá ser organizada e convertida em informações relevantes por meio de sistemas específicos para isso. Aos educadores, caberá o papel de acessar essas informações e construir intervenções pedagógicas efetivas a partir delas. Os dados se tornarão o ponto de partida para a construção de ações, e não o contrário, como ocorria até pouco tempo, com as notas das provas que são aplicadas apenas ao final dos processos.”
Vinícius Freaza – Sócio-diretor da Evolucional.
“O mais importante neste momento é dar atenção para dois fatores cruciais: que as escolas estejam equipadas com tecnologia para atender essa nova demanda mundial da educação, e que nossos professores estejam capacitados e preparados para utilizar tal tecnologia de forma segura, confortável, efetiva e afetiva. Nosso papel, há 21 anos como uma das maiores empresas de tecnologia para educação do Brasil, é garantir que todos nossos professores, coordenadores, diretores de escolas e espaços educacionais estejam preparados para essa nova era, oferecendo todo o apoio necessário desde a escolha da melhor tecnologia para o espaço, até o treinamento de seus profissionais. É nosso compromisso com a educação a entrega extraordinária e excelência.”
Gisele Presoto – Head of Sales and Business Development da MOVPLAN Soluções Educacionais.
“A pandemia acelerou a adoção de plataformas e ferramentas on-line pelas escolas e, ao mesmo tempo, evidenciou a importância da inclusão digital (internet banda larga, computadores ou dados móveis) em todos os domicílios do país. Os efeitos na aprendizagem precisam ser mensurados e as primeiras evidências indicam lacunas significativas, além do alto grau de desmotivação dos alunos e o desgaste de todos envolvidos. Para o futuro, será necessário recuperar o tempo perdido e habilitar a escola como o local de acesso para recursos on-line, principalmente para alunos sem internet em casa ou no celular. E existem diversos recursos educacionais que podem ajudar na implementação de métodos híbridos. A Khan Academy, por exemplo, vai disponibilizar cursos de revisão de Matemática para alunos da 3ª série até o 1º ano do Ensino Médio cobrindo o currículo mínimo para o ingresso no próximo ano escolar. Assim, um professor da 5ª série poderia cobrir as habilidades essenciais dos anos anteriores com uma prática semanal no laboratório de informática da escola, com todos os alunos no início do ano. Como a plataforma permite avaliar o progresso de habilidades e recomendar atividades individuais, o professor possibilitaria o aprendizado personalizado e o mais importante: manteria o aluno motivado. No contexto pós-pandemia, resgatar a certeza do aluno de que é possível aprender no seu próprio ritmo será imprescindível para superarmos esse período com um saldo positivo.”
Sidnei Shibata – Country Manager Brasil da Khan Academy Brasil.
“A escola é o porto seguro da humanidade, aquele lugar para onde todos olham, independente do credo ou posicionamento político, quando procuram por certezas, por um lugar confiável e estável no seio de uma sociedade que se transforma em ritmo alucinante. A pandemia do coronavírus estremeceu este sólido lugar, lembrando que a escola não é um ente isolado da sociedade e, como tal, precisa se adaptar aos desafios dos nossos tempos de mudanças cada vez mais rápidas e profundas. Engana-se quem pensa que a pandemia deixará como legado para as escolas apenas novas plataformas para postagem de vídeos e tarefas escolares ou professores aptos a produzirem maravilhosas videoaulas. O coronavírus abriu, para a educação básica, as janelas para uma jornada muito mais conectada, na qual alunos poderão ter aulas remotas, ao vivo, com profissionais de todo o planeta. A pandemia também escancarou a necessidade de revisão e flexibilização do currículo escolar. A escola precisa abrir mais estradas, não ser limitante, criar mais itinerários formativos, ressaltar as habilidades dos estudantes e dar a eles o poder de escolha sobre os assuntos onde querem se aprofundar.Na pós-pandemia, a escola precisará ser diferente para sustentar uma sociedade que não para de se transformar: utilizar as plataformas de ensino remoto para propiciar aos estudantes contato com os melhores professores, não importa onde eles estejam, e também como apoio ao contínuo aprimoramento da equipe docente. Rever o currículo de forma frequente, eliminando o que ficar obsoleto e incorporando o que crescer em importância. Flexibilizar o currículo, dando poder de escolha ao aluno, sobretudo no Ensino Médio, e estimulando a formação de um indivíduo independente, útil para a sociedade e responsável pelos seus atos.”
Celso Hartmann – Diretor Geral do Colégio Positivo.
“O contexto pandêmico acelerou a transformação pedagógica nas nossas escolas. Em pouco tempo nos reinventamos, construímos o nosso modelo de ensino não presencial e entendemos que a escola do futuro precisa ser diferente do que vínhamos fazendo até agora. Se antes a tecnologia era utilizada apenas em alguns momentos e por um grupo pequeno de professores que tinha afeição pelo mood digital, agora assistimos a uma onda tecnológica onde os professores utilizam, engajam e conectam as ferramentas digitais às suas aulas. O resultado é uma sala de aula mais participativa e dinâmica, onde o aluno assume um papel protagonista tornando-se ativo no processo de ensino e aprendizagem. Ou seja, daqui pra frente não é sobre o que o professor consegue ensinar, mas sim sobre o que o aluno consegue aprender.
Camilla Bezerra – Gerente Pedagógica das Escolas de Excelência do Grupo Eleva.
Assim, a nossa nova escola surge pautada no legado do ensino híbrido, esse capaz de transbordar a sala de aula física e promover o ensino de curiosidades e novos conhecimentos para o aluno, que o currículo e a carga horária regular não abarcam. E a utilização de metodologias ativas, essas que servirão como meio para o ensino do currículo regular no contexto atual ao mesmo tempo que desenvolve habilidades do século XXI como colaboração, comunicação e autonomia, uma vez que coloca esse aluno como sujeito ativo do seu próprio aprendizado.”
“A pandemia no ambiente escolar trouxe, com um custo muito alto, o que há muito tempo se clama como uma educação contemporânea, coerente com um mundo informacional e multimidiático. Em nossos projetos, mesmo bem antes do cenário atual provocado pela Covid-19, em projetos para o Colégio Vertice, a Fundação Crescer Sempre ou os Colégios Embraer, preconizamos ambientes abertos, salas de aula flexíveis ventiladas e com iluminação natural abundante, pátios generosos e a apropriação da tecnologia como aliada dos sistemas pedagógicos, diversificando a monotonia das salas de aulas tradicionais.
Ernani Maia – Arquiteto e professor.
Pensamos que a arquitetura escolar deve se abrir para a cidade, trazendo a dinâmica social para provocar as dúvidas e o consequente aprendizado, assim como a cidade deve se abrir para a escola. Espaços públicos, como zoológicos, jardins botânicos, museus, parques e praças podem contribuir com ilustrações reais dos diversos conteúdos, tornando-se uma extensão das salas de aula. Assim, também, a escola poderá se consolidar como um equipamento híbrido e fluido, que mescla os meios de realidade virtual com a convivência presencial, exponencializando as interações múltiplas decorrente das novas tecnologias, fora das amarras das salas de aulas convencionais, dos muros, das grades de horários e das disciplinas como as conhecemos.”
“Soluções tecnológicas: Existem muitas alternativas disponíveis atualmente. Umas mais robustas e que carecem de um melhor preparo dos atores envolvidos, como também existem soluções menos abrangentes e com resultados muito interessantes. Alguns cuidados precisam ser tomados nesse universo de opções, com destaque: a) segurança; b) simplicidade e interatividade; c) custos x benefícios dos recursos.
Valdecir Cavalheiro – Mestre em Educação pela PUCPR e CEO do Grupo INICIE Educação.
Estratégias de ensino: Dizemos que, entre outras coisas, a escola não será a mesma. Acredito realmente nisso. Infelizmente, pela dor, o modelo educacional, especialmente da educação básica, está num processo de mudança muito forte – o que é muito positivo. As abordagens convencionais vão sendo repensadas e outras estratégias colocam-se como mais apropriadas por diversos fatores. Um deles é a concepção híbrida de ensino/aprendizagem – não existe um único jeito. A busca de maior flexibilização aliada aos componentes de necessidade e desejo dos estudantes e das famílias reforçam mudanças dessa natureza. Abordagens de metodologias exclusivistas dão lugar a visão compartilhada de conhecimento e aprender. Enfim, um novo ciclo se avizinha.
Contexto pós-pandemia: A utilização massiva de ferramentas tecnológicas traz desconfortos, mas também reproduz um ressignificado de práticas ultrapassadas. Inúmeras possibilidades nunca ou pouco experimentadas dão contornos diferentes às propostas de intervenções de professores e alunos. No fundo é como uma reinvenção, um repensar do como se faz. Com o tempo as boas práticas vão se sedimentando e os aspectos negativos dessa fase ficam para trás. Estou convencido de que estaremos em outro patamar em termos de resultados tão logo equacionemos os problemas de acesso de quem realmente precisa. Teremos um encurtamento de distância no quesito conhecimento e acesso a informações e uma verdadeira transformação de papéis dos envolvidos.Aqui cabe uma reflexão à luz do que a sociedade incorporará em suas rotinas e costumes. De outro lado, uma necessidade de se refazer das escolas – o modelo antes da pandemia já estava fadado ao insucesso, imagine o pós-pandemia. Será um movimento robusto e contundente de rearranjo – do porte das escolas, grades curriculares, projetos pedagógicos, metodologias, gestão… ressignificado pleno. Pode até parecer um exagero, mas isso já está ocorrendo. Costumo dizer que a educação evoluiu em 4/5 meses, mesmo que conturbadamente, o equivalente entre 5 e 8 anos. Note-se que não estamos aqui a tratar do aproveitamento pelos estudantes, mas a forma de fazer e pensar a educação. Embora contraditório e até duvidoso, no médio prazo, as políticas públicas poderão ajudar muito na consecução de bons modelos – nesse particular a educação pública, resolvidas as questões de infraestrutura, pode avançar muito.”
“A pandemia trouxe sim muitas mudanças. Mudanças de conceitos, crenças e paradigmas. Um novo conceito de educação vai nascer. Com as crianças estudando on-line, em casa, a escola entrou nos lares e os pais puderam ver o interesse dos filhos, a dispersão, o desinteresse por temas cansativos e decorativos. Se as crianças, adolescentes e adultos estivessem habituados a ir para a escola para discutir temas relevantes, tudo teria sido diferente.
Lanna Waclawczyk – Empresária da marca CNA by Lanna.
O que vai se seguir? Temos dois caminhos, esquecer estes ensinamentos e em dois meses ninguém mais lembrará do que viu em casa apenas porque prefere esquecer ou vamos nos posicionar e exigir uma mudança radical.
Espero que a segunda alternativa aconteça e que as famílias nunca mais deixem de se envolver na educação dos filhos. Não terceirizem para a escola, até noção de higiene e educação.
O que está sendo preparado?
No meu caso de escola de idiomas… o que mudou? Ganhamos uma nova modalidade de curso, o curso presencial on-line não existia e nasceu com a pandemia. Bom para todos. Aqueles que não conseguiam nem estudar em plataforma porque não era seu canal de aprendizado e não conseguiam frequentar uma escola por motivo de tempo, viagens, etc., agora podem fazer o curso a distância como se estivessem na escola.
Pensando em toda inserção do Brasil no comercio mundial que já está ocorrendo, um país em que menos de 5% da população fala inglês vai ter que tomar um caminho…. vamos ver qual será. Temos o caminho da arrogância, esperando que o mundo fale português ou o caminho do bom senso, montando um programa nacional para que o brasileiro passe a falar a língua do mundo.”