Tecnologia na escola dá certo?
Por Guilherme Camargo
Entender os motivos pelos quais escolas no mundo inteiro investem em tecnologias na educação é um bom ponto de partida. Quando pesquisamos por tendências no setor, encontramos estudos como o “Futuro dos Empregos” do Fórum Econômico Mundial, que aponta as habilidades essenciais para o profissional do futuro. Ao ler as principais, você encontrará “Resolução de Problemas Complexos”, “Criatividade”, “Liderança” e outras essenciais para os profissionais do futuro.
Para desenvolvê-las nos estudantes, precisamos desenhar novas experiências de aprendizagem, expor os alunos ao conteúdo de diferentes maneiras e promover autonomia e aprendizagem ativa, com o estudante no centro do processo de aprendizagem. Para fazer tudo isso, a chave está justamente nas tecnologias.
A necessidade de integrá-las nos processos de ensino parece ser senso comum em nossa sociedade. No entanto, ainda observamos milhares de escolas em todo o país com pouca ou nenhuma tecnologia e elas não parecem ter pressa para mudar esse cenário. Isso se dá justamente pela questão no título deste artigo, que vou explorar com você agora.
Um dos motivos que aumenta drasticamente a chance de insucesso de um projeto de tecnologias na educação é o oitavo ponto de uma lista de dez que o meu colega ChatGPT (ferramenta da moda de Inteligência Artificial) trouxe: falta de alinhamento com os objetivos estratégicos da escola. Isto é, não basta adicionar diferentes tecnologias na escola, é preciso planejar sua adoção para além do pedagógico, com objetivos, métricas e cronograma.
Há três pilares fundamentais de um projeto de tecnologia educacional:
Tecnologia: escolher a melhor para alcançar os objetivos pedagógicos e garantir o uso direcionado, gerenciado e seguro para os estudantes.
Pedagógico: desenvolver profissionalmente os educadores para utilizarem o melhor das tecnologias em sala de aula, serem capazes de integrar com o currículo e desenharem novas experiências de aprendizagem a partir dessa adoção.
Lideranças: alinhar a adoção da tecnologia com os objetivos estratégicos da escola a longo prazo, definir indicadores de sucesso e acompanhar os dados do projeto para tomar decisões analiticamente.
Esses três pilares são fundamentais para o sucesso de qualquer projeto de tecnologia numa escola e a ausência de qualquer um deles pode comprometê-lo por completo. No relatório anual “iPad e Mac na Educação: Resultados”, de junho de 2022, dezenas de escolas por todo o mundo compartilham indicadores que apontam o sucesso da adoção da tecnologia na educação. São casos de escolas capazes de implementar e integrar os três pilares, apontando melhorias em Motivação e Engajamento, Colaboração e Feedback, Conquista Acadêmica e Produtividade e Eficiência.
A boa implementação das tecnologias proporciona benefícios diretos aos gestores das escolas, como maior retenção de estudantes (a escola Highlands International no México aumentou a retenção dos estudantes para 96%), melhor desempenho em exames nacionais (o Colégio de Lamas em Portugal observou o desempenho dos estudantes 20% maior do que a média nacional), taxa de graduação (o Colégio Haywood Early na Carolina do Norte, Estados Unidos, aumentou a taxa de graduação de 81% para 95%), entre outros benefícios imediatos.
Assim, um dos resultados esperados de um projeto de tecnologia educacional bem implementado é a fidelização de estudantes, aumentando a retenção, recebendo mais famílias interessadas e realizando mais matrículas. Tudo está conectado pelo plano estratégico, desde a decisão por qual tecnologia adotar até as atividades realizadas no jardim da escola com métodos ativos que colocam o aluno como protagonista do processo.
Quando costuramos todos os pontos, é possível colher benefícios práticos decorrentes da adoção das tecnologias e calcular o ROI (retorno sobre o investimento) dessa ação a fim de verificar também o retorno financeiro do projeto. Portanto, paralelo a esse olhar, teremos do outro lado, ao mesmo tempo, um estudante mais engajado que está sendo preparado para o futuro a partir do desenvolvimento das diferentes habilidades e de sua autonomia por meio de métodos ativos.
Então, adotar tecnologias na educação dá certo? Este artigo é uma chamada para que você, gestor, tome ação e faça parte do grupo de centenas de histórias de sucesso de escolas que viram os seus indicadores melhorarem a partir de uma boa e planejada implementação de tecnologias educacionais.
Guilherme Camargo
É pós-graduado em gerenciamento de projetos pela Universidade de São Paulo e certificado como Apple Professional Learning da primeira turma de 2017. Fundador e CEO da empresa de educação Sejunta Tecnologia, trabalha com tecnologias Apple em instituições de ensino há 9 anos e passou pelos principais players do mercado, incluindo a própria Apple.