Tecnologia: o meio da eficiência, da modernidade e da individualidade na educação
Hoje a tecnologia já é bastante presente na educação.Você já parou para observar os canais no YouTube que se propõem a ensinar diferentes disciplinas como inglês (como Mairo Vergara, com 940 mil inscritos e Carina Fragozo, com 436 mil inscritos), matemática (como o Matemática Rio com Prof. Rafael Procopio, que tem 828 mil inscritos), português (como o Redação e Gramática Zica, com 201 mil inscritos), história (como o Se Liga Nessa História, que conta com 422 mil inscritos), entre outras? E as aplicações que usam inteligência artificial para entregar conteúdo em formato de games? O fato é que hoje em dia não é mais possível ignorar a digitalização do nosso mercado e, mais do que isso, seu impacto que tem duas frentes diferentes: uma relacionada às escolas e professores, que vão necessitar de um outro tipo de capacitação para continuar a oferecer conhecimento aos alunos, e outra às pessoas, que vão precisar se adaptar a essa nova dinâmica.
Esse é um tema amplamente discutido nos encontros de educação da atualidade. E, em função disso, não é raro encontrar subsídios que nos levam a reflexão. Por exemplo, para Elisa Wolynec, sócia e presidente do conselho da Technec, inovação aplicada à aprendizagem demanda boas ideias, criatividade, persistência, informações corretas e tecnologia. E, mais do que isso, uma visão muito mais estratégica sobre a otimização de custos.
O Ensino à Distância (EAD) chegou para permitir fazer mais com menos, ou seja, ensinar a muitos com uma estrutura focada no pensamento de serviço sob demanda. Em uma analogia muito interessante, ela compara o momento ao início da revolução industrial, quando as empresas (além do seu negócio principal) precisavam se preocupar com a própria geração de energia. Ou seja, fábrica parada era sinônimo de prejuízo. Um grande avanço aconteceu quando as cidades passaram a abastecê-las desse recurso em troca do pagamento apenas do que foi consumido. Isso é o que o sistema de nuvem trouxe para o ensino: a possibilidade de focar apenas na sua atividade fim, sem a necessidade de ter grandes estruturas que ficam ociosas na maior parte do tempo.
Entretanto, há uma característica da educação que nem mesmo o advento do EAD mudou: a necessidade de professores bem capacitados. Nas palavras de Alini Dal Magro, diretora de estratégia e novos negócios no Instituto Singularidades, “a tecnologia impacta muito a vida de um professor, mas não o substitui. Tecnologia é meio para entregar um ensino de qualidade em escala. A relação entre professor aluno é uma relação humana de empatia e confiança. A tendência é que essa relação se intensifique.”
A grande questão nesse sentido é que relacionamentos foram e sempre serão feitos de pessoas para pessoas. E é na troca entre elas que a alquimia do conhecimento acontece. Por isso, não podemos encarar os novos recursos como concorrentes, mas sim como aliados na tarefa de estender a sala de aula para o cotidiano dos alunos e também na possibilidade de trabalhar de forma muito mais focada no universo individual de cada estudante, mesmo que em um contexto coletivo.
Algumas tendências destacadas por ela nesse sentido foram a tutoria online, por meio de fóruns e webinars; o aprendizado do uso mobile enquanto ferramenta dentro e fora da classe; a realidade aumentada e virtual, que permitem experiências mais práticas em torno do que antes se resumia em decorar; e o sistema de Data Science, que contribui na coleta de dados para gerar informações sobre o perfil de cada aluno para tomar ações com base nas particularidades.
E é justamente nesse caminho de tratar cada indivíduo e suas dificuldades de forma única que Luis Coimba, senior system Manager da Kroton, detalha o uso da tecnologia pelo maior grupo educacional do mundo. As aulas presenciais das suas instituições são compostas por um componente pré-aula em ambiente virtual, além de um pós-aula. A performance do discente não é medida apenas por frequência e pelas avaliações, mas é também pontuada pelas sua jornada no conteúdo online, o que ajuda a identificar alguma lacuna em aberto que tenha ficado no seu desenvolvimento. Ao perceber essa brecha, a plataforma automaticamente gera conteúdo específico para saná-la e, posteriormente, ele é adicionado ao currículo do curso como em um processo de machine learning.
Todos esses pontos convergem ainda com uma temática que também é amplamente parte dos debates modernos: hoje, o maior provedor de informação não é mais a escola, mas sim a internet. Basta uma busca no Google para que se aprenda as fórmulas da física, as partes de uma flor e as regras gramaticais. A escola, hoje, precisa preparar os educandos para um mundo complexo, que requer capacidades como interagir e se relacionar com os colegas, saber ouvir e lidar com conflitos e frustrações, enfrentar a competição, se comunicar eficazmente em língua materna e em língua estrangeira, conviver com a mudança e ter humildade para sempre aprender o que não sabe.
Qual o próximo passo? O desenvolvimento da alfabetização digital dentro dos programas educacionais convencionais, para que os alunos adquiram as capacidades de que precisam para ter sucesso em um mundo digital, já é uma necessidade latente. Você já está pronto para lidar com isso?
Autora convidada na coluna: Claudia Araújo – Formada em Letras Português Inglês pelo Centro Universitário Sant´Anna. Professora certificada pela universidade de Cambridge (CPE) na área de língua Inglesa desde 1990. Diretora da unidade Aclimação da Seven Idiomas.