Transformar a experiência escolar é construir o futuro que queremos
Por Luciano Monteiro
O processo educativo transcende amplamente a mera transmissão vertical de conhecimento. Educar significa fomentar a cidadania, embasada em valores civilizatórios universais, que são alcançados estimulando competências e habilidades individuais em busca de uma convivência harmoniosa entre o indivíduo e a coletividade, bem como entre a sociedade e o meio ambiente de maneira abrangente.
A sustentabilidade emerge como um valor global, cada vez mais intrínseco aos desafios de todas as atividades humanas. Assistimos diariamente a transformações climáticas que, até recentemente, eram previstas apenas para um futuro distante. Simultaneamente, vemos as bases da democracia, da equidade social, da diversidade e da igualdade serem desafiadas por ondas de autoritarismo ao redor do mundo.
A educação se destaca como a ferramenta transformadora essencial para assegurar um futuro promissor. Contudo, o verdadeiro aprendizado vai além da teoria; ele engloba práticas inclusivas, exemplos inspiradores e a reinvenção de paradigmas.
Nesse contexto, acredito que a educação é o principal caminho para alcançarmos, de forma consistente, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), um plano de ação com 17 metas globais estabelecidas pelas Nações Unidas e que deve ser compreendido como um marco civilizatório a ser atingido até 2030.
A cooperação global com foco no bem-estar comum deve ter na educação a principal ferramenta estratégica de implantação e conscientização. Isso, porém, demanda o engajamento de autoridades, sejam elas públicas ou do mundo empresarial, mas não nos exime da responsabilidade individual, dentro do seu potencial de contribuição de cada um de nós.
A participação de professores, gestores escolares, alunos, familiares e da própria comunidade é fundamental para vencermos os desafios que se avolumam nas mais variadas esferas. E o que pavimenta o caminho para um futuro melhor, sem dúvida, é a educação, em todos os seus níveis. Educar para a sustentabilidade socioambiental demanda escolas engajadas e uma postura ativa que transcenda a simples retórica.
A escola é um ambiente integrador por essência. Por isso, a jornada de formação de cidadãos e cidadãs conscientes de seu papel no mundo é um instrumento de enfrentamento de desigualdades e de luta contra a fome e a pobreza, de combate à destruição ambiental e de busca por soluções para a construção de um mundo mais justo e inclusivo em toda sua diversidade.
Essa visão orienta o Prêmio Escolas Sustentáveis, uma iniciativa da Santillana, da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) e da Fundação Santillana, que em 2024 chega a sua segunda edição. Na sua estreia, em 2023, mais de 1.100 instituições de ensino do Brasil, México e Colômbia inscreveram projetos que engajaram alunos dos Ensinos Fundamental e Médio na edificação de um mundo melhor.
Esse prêmio internacional visa a incentivar escolas a aprofundarem suas iniciativas transformadoras, promovendo a maturação da consciência socioambiental. Mais do que uma competição educacional, representa uma oportunidade singular de troca de soluções inovadoras e de sensibilização para questões sociais, em um processo de aprendizagem em rede.
Agora, vamos além, incluindo também a educação infantil nessa missão, pois as crianças são a semente do futuro. Juntos, com ações e resultados práticos, vamos unir estudantes de três países irmãos em prol da educação pela sustentabilidade e na conexão com a comunidade onde vivem.
O prêmio, como um valor, é um incentivo à expansão de boas práticas estudantis, mas é menos importante do que os ganhos trazidos à sociedade pelos resultados de cada projeto. Queremos dar visibilidade para essas ideias visionárias, iniciativas inspiradoras e transformações até então inesperadas. Queremos mostrar que cada criança e cada jovem, aluno e professor, podem fazer muito mais que imaginam.
Menos do que uma competição, mais um convite à colaboração. Educar pela sustentabilidade é colocar essa conscientização em prática. É mostrar que a preservação e a recuperação ambiental, a igualdade e a inclusão social e o respeito a direitos básicos de cada cidadão fazem parte de um processo em que todos podemos contribuir. Essas são algumas das premissas do Prêmio Escolas Sustentáveis.
O mundo que queremos passa, imprescindivelmente, pela educação. A escola, com sua conexão direta com a comunidade em que se insere, é o espaço para a construção e desenvolvimento de uma cultura voltada para o sustentável, responsável e comprometida com a busca de soluções para os imensos desafios postos à nossa frente. Não é uma missão fácil, mas não podemos abrir mão dessa responsabilidade. Como já disse outras vezes, transformar a escola é transformar o futuro.