Transmita responsabilidade para tornar seus filhos igualmente responsáveis
As crianças não nascem com noções de responsabilidade: é preciso que os pais lhes incutam esses valores através de exemplos e da cobrança de comportamentos que suscitem tais princípios.
Se o pai falar ao filho: pode pegar sem pagar o sorvete no mercado porque é barato , isso abre o mesmo precedente de falar pode faltar porque amanha vai ser véspera de feriado mesmo…No mercado podem chamar a polícia , na escola não, mas seguramente o pai vai ser chamado na hora da repetência por faltas, quando o filho for mais velho e decidir não ir…
Criar filhos comprometidos com suas obrigações exige certa dose de determinação dos pais e não dispensa que esses dominem seu desejo de exercitarem a excessiva benevolência – que se torna negligência – muitas vezes em prol de seu próprio desejo e conforto.
É muito comum se ouvir falar em medidas preventivas em relação à saúde, às finanças, à segurança, aos desastres naturais, às quebras e estragos das grandes e pequenas máquinas, mas dificilmente se pensa, com igual preocupação, em realmente estabelecer uma estratégia lógica e eficaz, em definir e aplicar tais ações em relação à educação.
O problema é que muitas vezes pensamos em educação como um conjunto de ações naturais que se vai optando adotar conforme as situações mais ou menos graves apareçam.
Um exemplo que se pode dizer “clássico”, ao se abordar a falta de planejamento educativo, é o problema enfrentado pelas famílias sobre deixarem ou não os filhos faltarem na escola nas vésperas de feriados para “esticarem” as já muito longas “pontes” que existem entre datas comemorativas e finais de semana.
A princípio, pode parecer que a criança não perceba porque ainda está na pré escola, por exemplo, mas ela vai sim se dar conta no regresso do passeio, quando os coleguinhas e a professora fizerem referência a brincadeiras e aprendizados nos quais ela esteve ausente. E se o fato ocorre várias vezes, passará como corriqueiro para a criança que ao crescer não achará sentido algum em ir as aulas quando não sentir vontade de ir, pois afinal, os seus próprios pais legitimaram as faltas em detrimento da responsabilidade e do comprometimento no passado.
2015 está repleto de feriados e pontes: são 14 dias de feriados que resultam na verdade em 37 dias (mais de um mês) de férias extras , devido às pontes! Somados as ferias de julho, dezembro e janeiro as crianças irão à escola 8 meses este ano.
A escola é a entrada da criança na vida social e até laboral, por assim dizer. É importantíssima a maneira como a família lida com essa instituição , pois marca a forma como os pequenos vão começar a ver, sentir e perceber a maneira como deverão encarar seus compromissos para o resto da vida.
Irene Maluf é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e Neuroaprendizagem e editora da revista Psicopedagogia da ABPp, lém de membro do Conselho Vitalicio da ABPp e coordenadora dos cursos de Especialização em Neuroaprendizagem e Psicopedagogia do Grupo Saber. Sua experiência em falar com a mídia é vasta e seu conhecimento é dos assuntos mais varidados: crianças, pais, escola, comportamento, variedades e conceito.