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Guia para Gestores de Escolas

Volta às Aulas: Preparação, Adaptação e Acolhimento

Por Rafael Pinheiro

O mês de fevereiro indica um movimento importante na vida estudantil de crianças e jovens – o retorno à sala de aula. Para alguns, representa o início do ciclo escolar, para outros, a entrada em uma nova instituição. Nesse processo de retomada da rotina escolar, alguns aspectos devem ser observados de maneira cautelosa para promover uma iniciação fluída, prazerosa e, consequentemente, com uma experiência positiva.

“Para o início das aulas, a escola deve se preocupar em ser acolhedora e estar preparada para dar informações. O aluno se sente mais seguro quando ele sabe o que vai acontecer na escola e o que ele terá que fazer”, indica o Coordenador Pedagógico do Ensino Fundamental II do Colégio Poliedro, Carlos Eduardo Barreira Lambert (Kadu).

Tendo a integração e o acolhimento como fatores principais para o início de um ano letivo proveitoso, o Colégio Poliedro, de São José dos Campos, em São Paulo, promove uma rotina divertida para os novos estudantes da escola. Na entrada, o Poliedro realiza uma recepção exclusiva aos novos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II, com apresentações dos professores e de toda a equipe.

Os alunos têm uma aula divertida com um professor aloprado, chamado de Polinerd, e sua assistente. Eles também preparam um tour pelo colégio mostrando aos alunos todos os departamentos e colaboradores. “O objetivo é integrar os estudantes e colaboradores criando um ambiente mais receptivo”, afirma Kadu. Além disso, os professores promovem diversas atividades de integração, fundamentais para estreitar laços de amizade entre os estudantes e para o bom andamento das tarefas escolares no decorrer de todo o ano estudantil. Neste ano, os novos estudantes do 6º ano do Poliedro soltaram balões coloridos no céu, simbolizando a nova etapa na vida escolar.

Os pais, nestes dias, podem ajudar as crianças tranquilizando-as e transmitindo a segurança de que a escola terá um ambiente acolhedor. “Acompanhar o filho até a escola também é importante, até que seja recebido por algum colaborador, que dará as informações necessárias”, sugere o coordenador do Poliedro.

ADAPTAÇÃO ESCOLAR

O processo de adaptação escolar nas primeiras fases de ensino, como no Ensino Fundamental, envolve acompanhamento minucioso, apresentação de valores culturais agregados no interior de cada escola, proposta pedagógica, rotina e organização – tanto entre pais e filhos, como ambiente escolar e aluno. Pensando em auxiliar a imersão nesse universo, o Colégio Marista Arquidiocesano possui o Programa de Adaptação ao Ambiente Escolar, que acontece no início do ano e contempla da Educação Infantil ao 1° ano do Ensino Fundamental.

“O primeiro dia de aula começa com a reunião com os pais. Além de esclarecer diversas questões, os responsáveis levam para casa a foto da professora do(a) filho(a) e a apresentam, criando familiaridade, aproximando o contexto da escola do familiar, numa tentativa de auxiliar a criança no processo de construção da relação de confiança, elemento este tão importante de ser estabelecido entre professor e aluno. Neste primeiro encontro do ano, os professores oferecem um material de orientação aos pais com algumas ‘dicas’ de pequenas ações e comentários, alguns que devem ser evitados e outros que devem ser incorporados para auxiliar este momento tão importante para as crianças”, afirma Marisa Ester Rosseto, Diretora Educacional do Marista Arquidiocesano.

Na primeira semana de aula da Educação Infantil, por exemplo, há um horário especial para as crianças, no qual elas não permanecem o período todo na escola, mas apenas 2 horas. “O responsável traz a criança e pode ficar em um ambiente separado, na biblioteca infantil. Caso a criança chore, um professor a leva até o local, no caso reservamos a biblioteca infantil, onde está alguém de seu convívio familiar para que ela sinta segurança. A prática é válida também para o período integral. Se for necessário, a mãe senta na sala de aula, participa um pouquinho. O desligamento vai acontecendo paulatinamente, sem traumas”, esclarece a Diretora.

Para este período de adaptação, conta Marisa, reforçamos o nosso quadro de profissionais em todas as salas, pois compreendemos que todas as crianças precisam de muita atenção dos adultos da escola, principalmente aquelas que choram. Vale aqui observar que a cada ano temos notado que diminui o número de crianças que choram neste período. “A escola parece já ser um espaço conhecido para nossas crianças da contemporaneidade. O tempo de adaptação é determinado, porém há flexibilidade de acordo com necessidade de cada criança”.

O programa também abrange outras séries a partir do 2° ano do Ensino Fundamental, porém a partir de outros moldes. O responsável leva a criança até a sala de aula e a professora a as auxiliares de classe vão até a porta receber os alunos com atenção e muito carinho. A partir do 6° ano, há uma acolhida especial, chamada de CAMAR (Caminhada Marista), para os alunos novos com a presença de Professores, Agentes da Pastoral e Coordenadores Psicopedagógicos.

ORIENTAÇÃO PARA AS FAMÍLIAS

A Escola Santi, localizada no bairro do Paraíso, em São Paulo, realiza um trabalho de orientações, em parceria com as famílias, com objetivo de facilitar a entrada das crianças e dos pais no mundo da educação infantil (crianças entre 2 e 5 anos). Estas orientações promovidas pela escola são divididas em cinco tópicos: Organização do Espaço, O Papel dos Educadores, Conversas sobre a Escola, A Rotina e O Tempo.

 DO ESPAÇO – Durante o período de adaptação, a Escola Santi incentiva as crianças a conhecer o espaço da escola, deixando que elas transitem e explorem os diferentes ambientes existentes: areia, salas de aula, brinquedos, pátios, entre outros, sempre na companhia de um educador, para que possam, aos poucos, adquirir familiaridade e segurança com o ambiente escolar.

 O PAPEL DOS EDUCADORES – A familiarização com os educadores é fundamental para que cada criança crie afinidade com eles e, principalmente, sinta segurança para permanecer na escola. Desta maneira, a ideia é fazer com que os pequenos alunos percebam que, enquanto estiverem na escola, suas solicitações e necessidades devem ser atendidas pelos educadores.

É muito comum que, no período inicial, as crianças peçam ajuda aos pais ou acompanhantes para levá-los ao banheiro ou acompanhá-los em alguma atividade. Nesses casos, a escola recomenda que os pais digam aos filhos frases de incentivo, como “fale com sua professora, ela vai te ajudar”, facilitando desta maneira a construção deste vínculo essencial.  “A segurança e a confiança mostrada por pais e acompanhantes são facilmente percebidas pelas crianças e isto é fundamental para que se sintam tranquilas e seguras”, explica Adriana Cury Sonnewend, Diretora da Escola Santi.

CONVERSAS SOBRE A ESCOLA As famílias podem e devem conversar com os filhos sobre a nova escola, contando-lhes sobre a professora, as outras crianças e as propostas que acontecerão durante os primeiros dias. É importante ressaltar que as orientações não devem ser interrompidas após o começo do período escolar. Desta maneira, os pais devem abordar assuntos como os eventos vividos pela classe durante o dia, as histórias ouvidas, os nomes dos amigos etc.

 A ROTINAAs atividades propostas às crianças pela Escola Santi no período de adaptação têm como objetivo mostrar a rotina da escola e as novidades que ela oferece: brinquedos, brincadeiras, outras crianças, pessoas diferentes daquelas que estão acostumadas, momentos em grupo para lanchar, pintar, ouvir histórias, desenhar, conversar etc. Muitas atividades são organizadas em conjunto pela professora e por todas as crianças, para que se sintam mais envolvidas e integradas ao dia-a-dia da escola.

 O TEMPO Cada criança tem o seu ritmo próprio e sua forma peculiar de adaptar-se. Portanto, neste período, as orientações da escola são individualizadas, contemplando uma diversidade de decisões e horários, com os professores e coordenadores, sempre atentos e prontos para apoiar e orientar quando necessário. As atividades propostas nesses dias simulam o cotidiano escolar, em doses proporcionais ao momento que as crianças estão vivendo. Por isso, há horários específicos para os três primeiros dias, com o tempo de permanência na escola aumentando aos poucos, até que a criança se adapte e se acostume a essa nova rotina, e consiga permanecer pelo período completo (das 8h às 12h ou das 13h às 17h).

Foto: Colégio Marista Arquidiocesano/Divulgação.

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