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Guia para Gestores de Escolas

Dica — Coleta Seletiva

Matéria publicada na edição 49 | Junho/Julho 2009- ver na matéria online

Além do benefício ambiental e social, programas geram valor.

Por Rosali Figueiredo

Reduzir, reciclar e reaproveitar constituem os objetivos centrais dos processos de coleta seletiva do lixo. A eles, no entanto, podem ser incorporados ainda os verbos educar e produzir valor,  especialmente quando acontecem no ambiente escolar.  Integrada aos programas de conscientização ambiental, a coleta seletiva dos resíduos produzidos nas escolas tornou-se uma fonte alternativa de receita, mesmo que isso sirva apenas para compensar os gastos com o próprio sistema ou como estímulo aos alunos.

O Centro Educacional Miudinho Segmento, localizado no bairro Santana, zona Norte de São Paulo, criou uma moeda interna, com valores de R$ 0,10, R$ 0,50 e R$ 1,00, para remunerar os alunos conforme a quantidade de papel, metal e plástico trazidos de casa. “Eles podem utilizar a moeda na cantina ou na compra dos uniformes”, diz Ricardo Moraes Barros, diretor administrativo da escola.

Já no Colégio Santo Américo, estabelecido no Morumbi, zona Sul de São Paulo, os valores arrecadados são reinvestidos no próprio programa ambiental e em obras sociais, afirma a professora de Ciências Maria Emília Cavalcanti, responsável pelo programa ambiental da escola. “Mas o objetivo mesmo é educativo”, observa, lembrando o pioneirismo do trabalho do Santo Américo, iniciado em 1999. “Atuamos hoje em outra ponta, em repensar o padrão de consumo, que tem que ser sustentável e não predatório.”

O Santo Américo disponibiliza 25 contêineres de mil litros cada com vistas a recolher papel, plástico, vidro, metal e embalagens tetrapack. Um jogo deles foi instalado na parte externa do prédio, como ponto de coleta voluntária. Recipientes menores estão distribuídos pelo pátio. O material é destinado a um catador independente, que construiu um galpão dentro da favela Paraisópolis, gerando renda e emprego para a comunidade. Tudo isso está articulado ao conteúdo programático e até mesmo à administração escolar. A professora conta que “o setor administrativo está realizando um projeto de redução do consumo do papel, enquanto os estudantes do 6º ano, por exemplo, estão desenvolvendo um cálculo relacionando o consumo ao corte de árvores e à quantidade de acréscimo de carbono na atmosfera.”

Entre as próprias empresas do setor de limpeza e coleta de lixo urbano, há quem tenha aderido à coleta seletiva, articulando seus benefícios econômicos e sociais. É o caso da Multilixo, que compra o material reciclável entre escolas, empresas e demais domicílios que reúnam pelo menos 250 quilos a cada coleta, afirma Tuca Andrade, gerente do programa implantado há dez anos. A empresa tem quase 500 funcionários ligados ao programa e pratica duas formas de remuneração: abate os valores gerados pela reciclagem do custo da coleta do material orgânico ou faz depósito em conta, como é o caso do Centro Educacional Miudinho Segmento.

Nesta escola, pais e alunos estão orientados a separar os materiais e a apresentá-los em sacolas separadas. O conteúdo é pesado, anotado na ficha do aluno e seus valores são convertidos na moeda interna. “Não temos lucro, apenas criamos um mecanismo para incentivar os alunos, que por sua vez instruem os pais”, observa o diretor Ricardo Moraes Barros. “Com isso temos um giro muito alto”, complementa. O colégio possui hoje mil alunos, da Educação Infantil ao 9º ano. De maneira geral, “as escolas precisam de apoio operacional sobre como coletar, armazenar e vender”, afirma Anderson Lúcio Thomaz, gerente de operações da Maxi Service, empresa do segmento de limpeza que costuma orientar seus clientes em relação à reciclagem.

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