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Guia para Gestores de Escolas

Gestão: Água – Equipamentos Economizadores

Matéria publicada na edição 59 | Junho/Julho 2010- ver na edição online

Soluções modernas para a redução do consumo.

Incorporada ao dia a dia da educação de jovens e crianças, a preocupação com o uso racional da água leva as escolas a investirem na modernização hidráulica e no desenvolvimento de projetos que envolvem até mesmo o seu reaproveitamento.
Por Rosali Figueiredo.

Os 1.260 alunos do Colégio Humboldt, situado em Interlagos, na zona Sul de São Paulo, reiniciarão as aulas, em agosto, com uma grande novidade: a escola deverá inaugurar duas piscinas aquecidas e cobertas em seu complexo esportivo, uma semi-olímpica, outra infantil. Elas foram projetadas conforme “um dos conceitos mais modernos e respeitosos ao meio ambiente que existem”, afirma Ilse Sparovek, gerente de gestão patrimonial e de serviços da escola. A administradora refere-se a um sistema inovador de canaletas contíguas às piscinas, que irá reter a água do transbordamento ocorrido naturalmente pelo uso e a distribuirá para um processo de filtragem e aquecimento, devolvendo-a tratada ao tanque.

Conforme destaca Ilse, o projeto coroa uma preocupação que o Colégio sempre teve em relação ao uso racional da água e energia. Com 94 anos de vida, mas há onze localizado na sede de Interlagos, em uma área de 61 mil metros quadrados, o Humboldt se transferiu para a nova casa instalando torneiras com temporizadores. O passo mais ousado, entretanto, ainda está em andamento, para que daqui a dois anos, no máximo, inicie a rega dos jardins e abasteça as descargas sanitárias do ginásio esportivo com água do reuso. “Já há toda uma tubulação preparada e separada para receber água da chuva”, comenta Ilse, complementando que a escola irá agora construir o sistema de captação e tratamento, o qual inclui processos de decantação e filtragem. O investimento previsto é de R$ 122 mil, que se pagarão em dois anos e meio com a economia mensal na conta da Sabesp, estima a gerente.

O uso de equipamentos e sistemas economizadores atinge hoje a pelo menos 1.139 escolas e prédios da Secretaria Municipal da Educação em São Paulo e a 34 vinculadas ao Executivo estadual. Um total de 1.349 edificações da rede municipal de ensino e 350 da rede estadual fazem parte do Programa de Uso Racional da Água (PURA), da Sabesp. Na área municipal, a implantação das medidas de controle do consumo resultaram em uma economia de 26 mil metros cúbicos por mês, suficientes para atender a demanda média de 1.850 famílias, revela o engenheiro civil e sanitarista Ricardo Chahin, gestor do PURA. A queda foi de 284 mil metros cúbicos mês para 258 mil. No Estado, onde o trabalho começou recentemente em 350 unidades localizadas na região metropolitana, verificou-se já uma queda de 12.333 metros cúbicos para 9.106.

Segundo o engenheiro, o programa, que existe desde 1994, desenvolve-se em três etapas. Na primeira, é feito um diagnóstico das instalações hidráulicas e suas condições de uso, localizando-se, principalmente, pontos de vazamento. Com o quadro em mãos, realiza-se a segunda fase, quando são apresentadas “propostas de modernização hidráulica e redução do consumo”. Entre estas, o ponto central é a troca dos equipamentos, escolhendo-se as chamadas versões economizadoras, em que as torneiras com temporizadores e arejadores são as mais conhecidas. Estes, por exemplo, misturam água e ar, diminuem a vazão, mas mantém a pressão e o conforto do usuário. Nas escolas públicas, outro procedimento comum é a substituição das antigas válvulas de descargas pelos modelos mais novos, regulados para uma vazão máxima de 6 litros. É claro que o ideal seria trocá-las por caixas acopladas, mas o vandalismo impede o uso desta solução, observa Ricardo Chahin.

Campanha educativa 

A terceira etapa de implantação do PURA recai justamente sobre a campanha educativa, orientando o usuário para a preservação dos aparelhos e também para o uso mais moderado das válvulas de descarga, entre outros.  Na verdade, as atividades de conscientização já perpassam, em geral, as propostas pedagógicas das instituições, uma vez que a educação ambiental é parte integrante dos conteúdos disciplinares obrigatórios estabelecidos pela Deliberação 77/08, do Conselho Estadual de Educação (CEE). Outro eixo curricular determinado pelo CEE diz respeito ao conhecimento do mundo físico e natural.

Assim, o tema água é recorrente nas atividades cotidianas das escolas, não somente enquanto efeméride – em 5 de junho, por exemplo, comemoram-se o Dia da Ecologia e o Dia do Meio Ambiente -, mas como compromisso incorporado à sua prática de ensino. Quando esteve com os alunos dos 7os anos no Núcleo Pedra Branca, localizado no Parque Estadual do Horto Florestal, zona Norte de São Paulo, o professor de geografia Geraldo Mangelo de Avelar, do Colégio Pio XII, acabou abordando com eles a problemática dos mananciais, da ocupação irregular de suas imediações e dos desafios ao abastecimento na região metropolitana. “Sempre que há uma oportunidade, trabalhamos o tema dentro do conteúdo que está sendo desenvolvido”, afirma o professor.

Segundo ele, o Pio XII, colégio tradicional do bairro do Morumbi, zona Sul de São Paulo, realiza uma programação anual de abordagem das Ciências da Natureza, apoiada em estudos do meio. Os estudantes dispõem de uma apostila especialmente produzida para esse fim. Mas a intervenção mais aprofundada sobre o assunto acontece junto aos 6os anos, dentro do conteúdo de hidrografia. “Apresentamos informações impactantes, como a disponibilidade de apenas 3% da água do Planeta para consumo humano, a seca no Nordeste, a elevada demanda do Sudeste, entre outros, para que o aluno tome consciência do valor da água consumida em casa”, diz Geraldo.

O ponto alto da programação é a visita a uma Estação de Tratamento (ETA) da SABESP, localizada em Cotia. “A estrutura é relativamente pequena se comparada ao sistema da Cantareira, mas para os alunos ela se revela grande e impactante. Os estudantes podem observar ali todas as etapas do tratamento da água até a distribuição nas torneiras de sua casa”, comenta o professor. No retorno ao colégio, novas atividades são propostas em torno da visita, como a montagem de painéis fotográficos ou a produção de histórias em quadrinhos dentro da disciplina de Língua Portuguesa, diz. Não há como mensurar a influência do trabalho sobre a mudança de posturas dos alunos, mas Geraldo observa uma presença maior desta preocupação nas conversas ou nas redações. “Seria interessante que os pais observassem o comportamento dentro de casa”, sugere.

Procedimentos e reuso 

Apostando na ideia de que “o exemplo vem de cima”, as escolas também recorrem a práticas ou procedimentos que valorizam o consumo racional. No próprio Pio XII as torneiras são dotadas de contemporizadores e há uma preocupação constante em se detectar eventuais vazamentos nas descargas e demais componentes do sistema hidráulico, revela o professor Geraldo. No Colégio Humboldt, a manutenção diária é realizada à base da varrição e quando a água se torna indispensável, a instituição recorre ao jateamento. É o caso da lavagem semanal de áreas internas, banheiros, terraços, corredores e escadarias, afirma a gerente Ilse Sparovek.

Para o químico industrial Sérgio Belleza, especialista em tratamento de água, o ideal seria as escolas substituírem o jateamento pelo balde e, melhor ainda, aproveitando a água da chuva, assim como pretende o Humboldt. Mas a solução é ousada e requer cuidados, estudos e a consultoria de um profissional da área. Segundo ele, os interessados devem observar a viabilidade do reuso, através do levantamento do volume utilizado, das finalidades do uso e da qualidade da água – no caso, um especialista poderia averiguar a presença de contaminantes. O reuso é indicado para descargas sanitárias, irrigação de jardins e lavagem de pisos, diz. Outro ponto a ser analisado é a viabilidade da construção do sistema hidráulico, que deve captar a água através de calhas colocadas nos telhados e distribuí-la a um tanque de armazenamento. Sérgio comenta ainda da possibilidade de se reutilizar até mesmo a água dos lavatórios, desde que tratada para a remoção das impurezas.

Saiba Mais:

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SÉRGIO BELLEZA
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