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Guia para Gestores de Escolas

Conversa com o Gestor — Colégio Dante Alighieri (em SP) desponta na vanguarda da Tecnologia Educacional

Matéria publicada na edição 90 | Agosto 2013 – ver na edição online
Instituição centenária com mais de 4.300 alunos, o Colégio Dante Alighieri é vanguarda na área de Tecnologia Educacional no Brasil. Com amplo espaço físico e rica infraestrutura, o Colégio localizado próximo da Avenida Paulista, região dos Jardins, em São Paulo, possui 780 funcionários, dos quais 300 professores. Parte deles compõe a equipe do Departamento de Tecnologia Educacional, coordenado pela professora Valdenice Minatel Melo de Cerqueira, mestre e doutoranda em tecnologia digital incorporada ao currículo pela PUC de São Paulo.

Seu departamento possui 25 profissionais, entre desenvolvedores, professores e jornalistas, que dão suporte diário ao trabalho da equipe docente. Afinal, justifica a coordenadora, 100% dos professores do Dante estão envolvidos com a aplicação contínua desses recursos, seja pela presença de lousas digitais, computadores, projetores e internet nas salas de aula; seja ainda pelo uso obrigatório de tablets entre os alunos do 1º e 2º ano do Ensino Médio; pela robótica (medalha de prata no I-SWEEEP 2013, feira internacional de ciência realizada em Houston, EUA); pelas salas de informática equipada com notebooks; e pelas atividades do Centro de Estudos em Mídias Digitais e Educação (cujo objetivo “é fazer a formação em serviço dos professores do Colégio”).

Há uma preocupação, entretanto, em trabalhar “sempre na perspectiva da formação com reflexão”, “tendo como princípio o respeito, a ética e a vida em grupo”. Segundo Valdenice Minatel, “é preciso construir a cultura de apropriação dos recursos digitais a partir da reflexão dos seus diferentes usos com os alunos”.

ENTREVISTA VALDENICE MINATEL – COLÉGIO DANTE ALIGHIERI (TECNOLOGIA EDUCACIONAL)

Revista Direcional Escolas – O Dante Alighieri utiliza uma ferramenta de controle do uso da internet (CIM) através de uma plataforma Mosyle, que integra diferentes atividades, agendas e aplicativos para um único ambiente de tablet. Quais necessidades levaram a escola ao desenvolvimento desses aparatos?
Valdenice Minatel – Costumo dizer que, por estarmos em uma escola, precisamos desenhar projetos pedagógicos e educacionais e não somente tecnológicos. Tal premissa deixa clara a nossa intencionalidade que é entender o uso dos dispositivos móveis no interior da escola de modo a fornecer subsídios para as práticas de ensino e aprendizagem e de formação de cidadania digital.

Revista Direcional Escolas – Quando o Dante implantou o projeto de uso dos tablets?
Valdenice Minatel – Em 2011 fizemos o projeto experimental e, em 2012, implantamos para a 1ª série do Ensino Médio (350 alunos). Em 2013, demos continuidade para outros 350 alunos ingressantes na 1ª série do EM.

Revista Direcional Escolas – O Colégio manteve, de outro modo, a sistemática dos laboratórios de informática ou isso foi abolido?
Valdenice Minatel – Trabalhamos com a coexistência de modelos, ainda precisamos dos computadores dos laboratórios quando a atividade demanda mais processamento ou outras ferramentas que o tablet não comporta.

Revista Direcional Escolas – Como está estruturado o setor de Tecnologia Educacional do Colégio? Quantos profissionais dão suporte à área pedagógica e quantos dão apoio à área física de redes, softwares, aplicativos e equipamentos?
Valdenice Minatel – Temos no Dante dois departamentos, o de TI e o de TE (Tecnologia Educacional). Somos “clientes” do TI. No TE, temos 25pessoas, entre professores, pessoal administrativo e estagiários.

Revista Direcional Escolas – Há também um Núcleo de Formação de Professores, como ele trabalha? Seria uma espécie de capacitação oferecida durante as horas/atividades, por exemplo?
Valdenice Minatel – Na verdade, temos um Centro de Estudos em Mídias Digitais e Educação, cujo objetivo é fazer a formação em serviço dos professores do Colégio, na perspectiva da integração das TDIC (Tecnologias Digitais da informação e Comunicação) ao currículo. Isso é feito a partir de demandas dos próprios professores ou de demandas colocadas pelo Departamento.

Revista Direcional Escolas – Qual percentual de professores do Dante está envolvido com o desenvolvimento de recursos tecnológicos em seus programas de ensino?
Valdenice Minatel – Atualmente 100%, pelos simples motivo de que todas as salas de aula e laboratórios são equipadas com lousa digital. A partir deste patamar integramos outros recursos. Por exemplo, toda sala de aula possui pelo menos um computador e projetor multimídia, o que por sua vez, traz várias possibilidades de usos das TDIC.

Revista Direcional Escolas – O Programa de Gestão de Pesquisas e Estudos dos Projetos Interdisciplinares estaria inserido na grade curricular obrigatória do Ensino Fundamental I e II? Os alunos desenvolvem uma espécie de monografia ao final de um ciclo e/ou trabalhos em equipes?
Valdenice Minatel – O GEPI (Gestão de Estudos e Projetos Interdisciplinares) faz parte da grade curricular obrigatória de Fundamental I e II até o 8º ano. Há uma integração com outras áreas de conhecimento – Ciências, História, Língua Portuguesa e Italiano -para desenvolvimento de projetos que ampliem o repertório pedagógico dos alunos e, em particular, há uma forte integração com o Serviço de Orientação Educacional. Ambos promovem juntos, com os professores do laboratório, reflexões e atividades sobre a gestão de estudos e ética e segurança na internet.

Revista Direcional Escolas – Quando o professor observa entre alunos uso indevido dos recursos digitais, como ele está orientado a agir mediante o estudante e seus familiares?
Valdenice Minatel – Trabalhamos sempre na perspectiva da formação com reflexão. Nestas situações, o Serviço de Orientação é, incialmente, acionado e, conjuntamente como os professores, os casos são tratados, tendo como princípio o respeito, a ética e a vida em grupo.

Revista Direcional Escolas – Exemplifique rapidamente os recursos digitais.
Valdenice Minatel – Trabalhamos na perspectiva do hands on, ou seja, a ideia é que o aluno trabalhe com os conteúdos de maneira a construir e reconstruir os conhecimentos. Para tanto, eles produzem vídeos sobre determinados conceitos (no momento estamos fazendo um projeto de stop motion em Biologia muito interessante). Eles elaboram e publicam mapas mentais, participam de fóruns, fazem sínteses utilizando outras linguagens, organizam o tempo por meio da agenda, registram e compartilham o caminho construído na busca pela aprendizagem.

Revista Direcional Escolas – De outro modo, como temos visto em muitos posts no Youtube, o uso livre de celular com internet não deixaria a escola mais vulnerável?
Valdenice Minatel – A forma como muitas pessoas acreditam que a aprendizagem se dá – do professor que fala e o aluno aprende – é que, na minha opinião, deixa a escola vulnerável. É preciso construir a cultura de apropriação dos recursos digitais a partir da reflexão dos seus diferentes usos com os alunos. Eles têm dúvidas, nós também! É importante falar de riscos e limites e acharmos que isto está posto e coloca não somente a escola em vulnerabilidade, mas as pessoas e a sociedade.

Revista Direcional Escolas – Como é feito o trabalho com os tablets?
Valdenice Minatel – O projeto conta com 1.000 tablets. Destes, 700 estão nas mochilas dos alunos das 1as e 2as séries do Ensino Médio – por meio de um contrato de comodato. Seu uso é obrigatório. Deve estar todos os dias em sala de aula com os alunos. Aproximadamente 150 estão com os professores, corpo técnico e backup e os outros 150 compõem o que chamamos de laboratório móvel, para atender às demandas da Educação Infantil e Ensino Fundamental.

Revista Direcional Escolas – O tablet no Ensino Médio é utilizado para agendamento de atividades, o enunciado destas, textos para discussão, apresentação de textos didáticos de base etc.? Eles devem ser consultados o tempo todo pelos alunos do 1º e 2º ano do Ensino Médio?
Valdenice Minatel – Sim

Revista Direcional Escolas – Quais os seus aplicativos mais utilizados?
Valdenice Minatel – Negociamos com as editoras os livros didáticos no formato digital, além de jogos educacionais, aplicativo para construção de mapas e para fazer cadernos virtuais. Também utilizamos os recursos nativos do tablet (multimídia e de registro).

Revista Direcional Escolas – A internet está aberta a todos os ambientes, mesmo entre alunos dos anos iniciais do Fundamental?
Valdenice Minatel – Sim, mas temos filtros. Um deles é para redes sociais. Tal filtro pode ser removido desde que haja um projeto pedagógico de uso das redes sociais, por exemplo. Além disso, observarmos a idade mínima que os serviços digitais recomendam. No caso do Facebook é de 13 anos.

Revista Direcional Escolas – Como as escolas devem agir no monitoramento do uso da internet?
Valdenice Minatel – Se o acesso é feito de um dispositivo da escola, temos a prerrogativa de fazer esse monitoramento. O importante é o tratamento que é dado a esta informação: ameaças e punições não cabem em situações onde existe uma ingenuidade digital. O monitoramento deve ser parte de uma “conversa” maior, de um projeto maior de escola e de formação dos alunos. A primeira coisa a entender é a falsa ideia da privacidade na internet. Antes de a escola monitorar, todos os alunos e professores que têm perfil nas redes são monitorados com objetivos comerciais, entre outros.

Revista Direcional Escolas – Há um manual de orientação, algo expresso em documento, mesmo que digital, para alunos e pais sobre comportamento na rede?
Valdenice Minatel – Sim, pais e alunos assinam um termo de uso da internet. Os pais assinam ainda um contrato de comodato para os tablets oferecidos pelo Colégio ao 1º e 2º ano do EM.

Revista Direcional Escolas – De que forma atua essa ferramenta de monitoramento via tablet?
Valdenice Minatel – Funciona a partir de um MDM (Mobile Device Management), instalado em cada aparelho e que gera relatórios de acesso.

Revista Direcional Escolas – Ela indica, por exemplo, se o aluno acessou site indevido em vez dos endereços eletrônicos indicados em alguma atividade pedagógica?
Valdenice Minatel – Sim.

Revista Direcional Escolas – O aplicativo é padrão, pode ser utilizado por várias escolas, ou vocês adaptaram ao Dante?
Valdenice Minatel – É uma aplicação customizada, desenhada para o nosso projeto. Por exemplo, os relatórios também ajudam a entender o escapismo que acontece em determinados momentos. Passamos a gerar dados que nos orientam, junto aos alunos e professores, para ações de ensino e aprendizagem com mobilidade e para a construção da cidadania digital.

Revista Direcional Escolas – Como evitar cyberbullying e dispersão dos alunos em games, entre outros?
Valdenice Minatel – Ao optar pelo monitoramento, começamos a trazer para discussão porque e para quê fazemos isso, dando uma amplitude maior do que é viver nessa grande praça pública digital que é a internet. Inauguramos o diálogo com os alunos buscando a reflexão do sentido de alguns comportamentos digitais. Com o monitoramento, podemos entender a dispersão dos alunos com os games, por exemplo (e, diga-se de passagem, tal dispersão já existia sob outros pretextos – analógicos ou mesmo com os celulares). E colocar esta situação como uma pauta da escola, no centro da discussão como uma forma de reorientar o modus operandi da sala de aula.

Revista Direcional Escolas – Como a escola orienta o professor a agir em sala de aula caso identifique grupos de alunos falando online via celular, através de bate-papos como WhatsApp, entre outros?
Valdenice Minatel – É preciso ter clareza dos objetivos e da intencionalidade da aula. Alunos envolvidos em atividades de construção do conhecimento têm menos tempo para escapismos – que sempre ocorreram mesmo antes dos gadgets. Sou a favor de combinados. No entanto, há situações em que o uso indevido pode ocorrer a despeito de todo esforço no sentido contrário, nesse caso é preciso que o professor faça uma intervenção adequada e a favor da aprendizagem do aluno.

Por Rosali Figueiredo (Entrevista e fotos)

Sobre Valdenice Minatel

valdenice-minatelCoordenadora do Departamento de Tecnologia Educacional do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, Valdenice Minatel Melo de Cerqueira é graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Campinas (1989). Mestra (2005) e doutoranda (2014) em Educação: Currículo (na linha de pesquisa Novas Tecnologias) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atua no Dante também como professora e desenvolve projetos nas áreas de ensino e aprendizagem mediada pelas TDICs, formação continuada de professores em ambientes digitais e inclusão digital. É, também, professora do curso de pós-graduação em Informática Aplicada à Educação na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem mais de 20 anos de experiência na área de Educação, atuando principalmente com os seguintes temas: Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação; EAD; Robótica; Interdisciplinaridade; Inclusão digital; e Mediação Pedagógica. Está no Colégio Dante desde 1993, incialmente como professora e, posteriormente, como coordenadora do Departamento de Tecnologia Educacional (2000) 

FOTOS DA EQUIPE DO DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Valdenice Minatel com grande parte de sua equipe do Departamento de TE do Colégio Dante Aleghieri

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Ao lado, Valdenice e a professora Solange Giardino

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Ao lado, a professora Luana Gonzales, que completa a equipe de TE do Dante

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Notebooks compactos compõem um dos laboratórios de informática do Dante

PERFIL DO COLÉGIO DANTE ALIGHIERI

Ano de Fundação: 1911

Mantenedora: Colégio Dante Alighieri

Ciclos escolares: Ensino Infantil (Maternal I, II e Jardim) até Ensino Médio

Regime de aula: Parcial com opção de complementar até o 5º ano do Ensino Fundamental

Nº de alunos: Pouco mais de 4.300

Equipe: Aproximadamente 780 funcionários, sendo 300 professores

Mensalidades em 2013: De R$ 1.289,00 (no Maternal I e II) a R$ 2.131,00 (no Ensino Médio)

Instalações: O Colégio ocupa 19,8 mil m², logo atrás do Parque Tenente Siqueira Campos (usualmente chamado Parque Trianon,na região da Avenida Paulista, em SP). O espaço é composto dos seguintes edifícios:

Edifício Leonardo da Vinci
– Mais antigo do complexo e considerado um marco na história do colégio. Suas 29 salas de aula abrigam os alunos do Ensino Médio; estrutura administrativa e financeira; secretaria escolar; Departamentos de Audiovisual, Editoração e Marketing; gráfica; loja de uniformes; papelaria; lanchonete; restaurante; ambulatório central; Museu de História Natural; salas da Presidência, Diretoria Executiva e da Diretoria-Geral Pedagógica; Laboratórios de Biologia, Física e Informática; salas de assistente, de coordenadores pedagógicos, de orientadoras educacionais e de professores; Laboratório de Recursos digitais; Secretaria de Cursos Livres;

Edifício Ruy Barbosa
– Inaugurado em 1965, tem atualmente 16 salas de aula destinadas aos alunos do 6º e 7º anos do Ensino Fundamental. Contém ainda: Laboratório de Química; Laboratório de Recursos Digitais; Ateliês de Arte; sala de professores, sala da orientadora educacional e do assistente; salas da “High School”;

Edifício Galileo Galilei
– Inaugurado em 1971, o edifício é destinado aos alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental e das 1ª séries do Ensino Médio. Abriga ainda: Laboratório de Ciências para os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental; Ateliê de Arte; Laboratório de Recursos Digitais; sala da orientadora educacional, assistente e professores; Departamento de Comunicação Visual; Auditório com capacidade para 320 pessoas;

Edifício Victorio Américo Fontana
– Inaugurado em 1973, tem um papel muito apreciado no ambiente escolar, pois abriga atividades culturais e esportivas, com suas bibliotecas Central e Infantil; a sala Hora do Conto;
Centro de Pesquisa Multimídia; Laboratório de Ciências para alunos da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental; Departamento de Educação Física; Ginásio Poliesportivo; três quadras cobertas para aulas de ginástica; além de cinco quadras ao ar livre.

Edifício Michelangelo
É o mais novo edifício do Colégio, inaugurado em 1993. Nele estão localizadas as classes da Educação Infantil (Maternal e Jardim) e dos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental. São 40 salas de aula, pátio interno, sala de música, sala Hora do Sono e fraldário, além de salas para assistentes de diretoria, coordenadoras pedagógicas e orientadoras educacionais. Há também o Laboratório de Recursos Digitais, parque com viveiro de pássaros e brinquedos pedagógicos. Em seu anexo, inaugurado em 2006, distribuem-se o auditório Guglielmo Raul Falzoni (com 85 lugares); um laboratório de informática; sala de música; laboratório científico (do programa de pré-iniciação científica Cientista Aprendiz); o Centro de Memória do colégio; salas de aula para atividades extracurriculares; um ambulatório médico; e departamentos administrativos.

Fonte: Assessoria de Imprensa / Colégio Dante Alighieri

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