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Guia para Gestores de Escolas

Dica — Uniformes: Conforto, segurança e variedade

Matéria publicada na edição 93 | Novembro 2013 – ver na edição online

Com que roupa eu vou? A escola que oferece opções de uniformes para seus alunos resolve essa dúvida tão cruel. Mais do que praticidade para estudantes e famílias, o uniforme escolar também é questão de segurança e de identificação das crianças e adolescentes com a escola, além de firmar a marca da instituição. Mas é claro que a aceitação do uniforme está ligada a sua atualização em relação à moda. “Inserir as tendências da moda facilita a aceitação do uniforme pelo corpo discente, afinal a moda é um fenômeno social, é uma forma de se comunicar. Sendo assim o uniforme também pode proporcionar ao aluno a participação na sociedade, isto é, evita que com uma roupa muito tradicional ele pareça um personagem da História”, opina Maria Adelina Pereira, superintendente do Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário da Associação Brasileira das Normas Técnicas – ABNT.

Mas para atender as necessidades de alunos, famílias e escolas, não basta produzir uniformes de olho nas tendências de moda. Para Roberto Yokomizo, fabricante de uniformes há 25 anos e diretor setorial de uniformes escolares e do setor de moda infantil da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), há muitas diferenças entre roupas escolares e as de moda. Ele cita alguns exemplos: nos uniformes não se pode usar transparências e os tecidos não devem marcar o corpo, salientando formas e imperfeições. “Algumas empresas acham que é muito simples fabricar uniformes. Mas é preciso usar de parcimônia para fazer modelos ligados à moda e que possam ser continuados no ano seguinte. Além disso, as escolas exigem um alto nível de qualidade e profissional dos fornecedores. É uma grande responsabilidade atender colégios, alguns com mais de 10 mil alunos. Se uma peça encolher ou desbotar, pais e escola irão reclamar”, aponta Roberto, que foi o criador do Projeto de Modernização do Vestuário Escolar (Promovesc), do qual fazem parte alguns empresários do setor.

A partir do trabalho do Promovesc, fabricantes de uniformes, malharias e empresas têxteis conseguiram a homologação de duas normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas. A NBR 15778 trata dos requisitos de desempenho e segurança para uniformes escolares. Maria Adelina, superintendente da ABNT, cita alguns detalhamentos da norma: os uniformes não devem apresentar cordões para fechar capuz ou ajustar cintura, elementos que podem prender em brinquedos do parquinho, na porta do carro, ônibus ou van e arrastar a criança, ou ainda ser usados inadvertidamente por amiguinhos em brincadeiras. “Há também o risco de engolir botões e outras partes do uniforme. A escola deve exigir que o fabricante siga a norma ABNT NBR 15778, para receber um uniforme de qualidade, durável e seguro”, aponta Adelina.

Já a NBR 15800 trata dos referenciais de medida do corpo humano caracterizando o tamanho dos usuários. São medidas orientativas para os fabricantes, minimizando as trocas e facilitando as possibilidades de comércio de uniformes pela internet.

Diversos materiais

Além da segurança, oferecer conforto é essencial em peças que carregam o nome e o emblema do colégio. “Em relação a conforto, o moletom é insuperável. Produzidos em uma composição de algodão com poliéster, o tecido fica mais macio. O uso de amaciante na etapa final do tingimento dá um toque mais próximo do natural ao moletom”, explica Roberto Yokomizo.

A helanca, que reinou absoluta por muito tempo no segmento de uniformes, atualmente encontra concorrentes mais modernos e que oferecem maior conforto térmico, caso do elastano e do moletinho. Segundo Zuleica Ferreira, da área de mercados e produtos da Rhodia Fibras, a helanca é um termo utilizado no mercado brasileiro  para designar um tipo de fio ou de malha. “Nos dois casos, o fio em questão é um filamento de poliamida texturizada pelo processo de texturização chamado ‘falsa torção’ e em seguida tecido em máquinas circulares. A texturização é a etapa final do processo de produção de fios têxteis sintéticos. A poliamida, nome técnico do nylon, criada na década de 30 nos Estados Unidos, é um polímero sintético derivado do petróleo. A Rhodia foi a primeira empresa a introduzir a poliamida no Brasil, com uma fábrica em Santo André (SP)”, explica.

Zuleica completa que dadas as suas propriedades mecânicas e térmicas, as poliamidas são muito utilizadas em todo o mundo em diversas aplicações, inclusive como tecidos para uniformes escolares, pois permitem conforto, alta capacidade de absorção de umidade, durabilidade, resistência e facilidade de manutenção (não precisa passar a ferro e seca mais rápido), é mais leve e mantém a boa aparência mesmo após várias lavagens. “Rhodianyl Helanca é a marca da Rhodia que identifica produtos com a garantia de durabilidade e elasticidade, que só a Poliamida 6.6 da Rhodia assegura à helanca. Ter esta etiqueta  nos uniformes escolares é a garantia de que o produto foi confeccionado com o fio Rhodia  dentro do mais alto padrão de qualidade”, afirma.

Roberto Yokomizo comenta que, para reduzir custos, algumas empresas utilizam a helanca 100% poliéster, “que tem um toque mais áspero”. “Mas, atualmente, as crianças que consomem moda pedem produtos mais confortáveis. Elas decidem o que vestir”, atesta.

Variedade

Para as escolas, manter seus uniformes atualizados é acompanhar a evolução da moda e das preferências dos alunos. Com 650 alunos do Maternal ao Ensino Médio, em duas unidades no Alto da Lapa e na Vila Leopoldina, bairros da zona oeste de São Paulo, o Colégio Santo Ivo está há 46 anos em atividade. “Em nossa história, alteramos os uniformes cinco vezes. No início, utilizávamos tecido de tergal xadrez azul marinho e branco com camisas abotoadas. O primeiro uniforme em helanca surgiu em 1977. Padronizamos o uso do azul marinho e do vermelho e branco em detalhes das peças”, explica Hidely Lopes dos Santos, coordenadora do Santo Ivo.

Depois da helanca o colégio aderiu a novidades como o moletom e o moletinho e, mais recentemente, o tactel. As meninas gostam de novidades, conta a coordenadora. Para elas há as opções de calças bailarina, fusô ou bermuda, e para os garotos bermudas de tactel. Além da camiseta básica, há o modelo polo e com decote V. Por outro lado, o colégio não deixa de lado símbolos da tradição, como a sainha pregueada, usada com shorts por baixo pelas meninas até o quinto ano.

Em relação ao Ensino Médio, a escola passou por uma experiência interessante: há cerca de sete anos chegou a abolir o uniforme. “Propomos um teste, usando apenas a camiseta branca com o logotipo da escola. Mas os próprios alunos concluíram que o resultado era um enorme Carnaval”, surpreende-se Hidely. “Demos liberdade e eles responderam pedindo mais alternativas de uniformes.” As próprias alunas desenharam um modelo de bata em malha fria, com tarja embaixo do busto, nas cores vermelha ou marinho. Há moletons de cores diversas, no estilo canguru ou com zíper. As bermudas não podem ser mais curtas do que três dedos acima do joelho. “O uniforme é obrigatório. O aluno não entra na escola sem estar uniformizado, todos sabem.”

Saiba Mais

Roberto Yokomizo: [email protected]

Maria Adelina Pereira

Rhodia Fibras

Hidely Lopes dos Santos: [email protected]

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